Capítulo 28

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Mel sentia como se estivesse assistindo a um filme repetido.

Três anos atrás, ocorreu um assalto a banco realizado por um grupo extremista que estava se preparando para se tornar uma organização que ameaçava a segurança nacional. Para ser mais precisa, era uma organização terrorista. No entanto, essa mudança não era algo fácil de realizar. Requeria um grupo que compartilhasse das mesmas crenças radicais, além de tempo e financiamento. Tudo era igualmente importante. Mas o mais importante, exigia um líder inteligente.

Na maioria dos casos, o financiamento vinha de fontes ilegais difíceis de rastrear. Às vezes, era o resultado de transferências de dinheiro entre países, movimentado em contas temporárias. Outras vezes, o dinheiro passava por processos de lavagem para ser "limpo", ou vinha diretamente de atividades ilícitas, como o tráfico de drogas ou cassinos clandestinos.

Assaltos a bancos eram conhecidos, mas raros, mesmo entre esses grupos. Ainda assim, o líder por trás deste evento, naquela ocasião, foi preso e colocado atrás das grades por mérito dela. Mas, de qualquer forma, nunca era prudente subestimá-lo.

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Dra. Melada estava de pé em frente a um edifício de sete andares, que era a filial de um banco. A área ao redor estava isolada com fitas de segurança pretas e amarelas, e cartazes indicavam claramente que a passagem era proibida.

Havia cerca de vinte policiais locais no local, com apoio de unidades das áreas próximas, espalhados para controlar a zona em um raio de quase oitenta metros do prédio. Parte da equipe estava bloqueando a entrada de jornalistas e pessoas não autorizadas.

As ambulâncias e veículos da fundação de resgate chegaram cinco minutos depois. A operação de evacuação já tinha começado, removendo funcionários da agência e qualquer outra pessoa não relacionada ao caso da área de perigo.

Melada, que havia chegado ao local do crime há menos de dez minutos, examinava tudo ao seu redor. Ela ordenou que Thos, com seu rifle de precisão, subisse ao terceiro andar de um prédio a cerca de dez metros de distância para servir como olhos e observador. Prae e Som estavam conversando com o major da polícia, responsável por supervisionar a situação. Enquanto isso, Kan estava, como de costume, sentado em frente ao laptop que havia colocado sobre uma mesa dobrável na parte traseira do SUV de Prae.

— Os policiais disseram que ele quer falar com você — Prae disse a ela, com uma voz carregada de preocupação.

Como Melada já havia previsto, ele não deixaria o trabalho inacabado. Desta vez, embora fosse mais um assalto a banco, havia algo mais envolvido: uma ordem para eliminá-la e a vingança pessoal por ter sido preso três anos antes. A oficial não tinha certeza de qual das duas motivações pesava mais para ele.

— Ele deu a você quinze minutos para decidir. Se não, vai começar a atirar

— Ok — respondeu Melada com uma voz calma — Você assume o comando

— Mas, P'Mel... — começou Prae, hesitante.

— Esse problema é meu. Eu resolvo

— Mas... — Prae tentou argumentar, embora soubesse muito bem que, quando Melada usava aquele tom, não havia como convencê-la do contrário.

— Isso é uma ordem. Espera... se eu chamar, entra — disse Melada. Com a mão direita, ela sacou a arma do coldre na lateral do corpo, retirou o pente de balas para verificar a quantidade de munição, e então o recolocou no lugar. Com os dedos, pegou o fone de ouvido do rádio de comunicação, que estava cruzado nas costas, e o encaixou na orelha direita.

Jogo de amor e negociaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora