- É melhor estacionar um pouco mais longe - sugeriu Melada, enquanto Prae girava o volante, encostando o carro ao longo de uma estrada de terra estreita. As duas estavam a caminho de um antigo depósito abandonado, localizado a cerca de cinco quilômetros do primeiro local do crime, na mesma área. Kan havia enviado as coordenadas cerca de vinte minutos antes. O dia, como de costume, estava quente, com o sol brilhando intensamente.
Após estacionarem, desceram do carro juntas. Melada olhou ao redor percebendo que estavam cercadas por uma área de vegetação alta, com ervas daninhas que quase chegavam à altura delas. Não muito longe dali, a cerca de cinquenta metros, estava um armazém abandonado, parte de um projeto de construção de edifícios comerciais que havia sido interrompido devido à crise econômica.
- Vamos dar uma olhada - sugeriu Melada, com Prae assentindo e tomando a dianteira.
- Tenha cuidado, ele pode estar escondido em qualquer lugar - advertiu Melada, o que fez Prae diminuir o ritmo de seus passos, tornando-se mais cautelosa.
- Droga! - exclamou Prae ao perceber a situação, rapidamente sacando a arma e assumindo uma postura de alerta.
A apenas cerca de vinte metros à frente, avistaram o corpo de um homem caído de bruços, com sangue escorrendo da parte de trás de sua cabeça e se espalhando pelo chão. Melada levantou a mão para impedir Prae de avançar. Em seguida, correu até o corpo do homem, ajoelhando-se ao lado dele. Com o indicador e o dedo médio da mão direita, ela pressionou suavemente a artéria carótida sob o queixo para verificar se ainda havia algum sinal de vida.
Levantando o olhar para Melada, ela balançou a cabeça negativamente. Pelo ferimento, era claro que não havia qualquer chance de sobrevivência. Um único tiro na parte de trás da cabeça, e o corpo ainda estava quente, indicando que a morte havia ocorrido há pouco tempo.
- Fique aqui - ordenou Melada - Eu vou dar uma olhada mais de perto
- Prae... - Melada a chamou de forma firme, fazendo Prae parar imediatamente - Você precisa seguir o protocolo
- Mas... - Prae tentou argumentar.
- Isso depende de você, mas as consequências serão sua responsabilidade - disse Melada, antes de pegar o telefone e chamar os outros membros da equipe para que se dirigissem ao local - Você já viu que o suspeito é extremamente perigoso, e não sabemos quantas pessoas podem estar lá dentro - continuou, apontando para o corpo caído - Se você entrar sem pensar, não trará nada de bom para ninguém
Como Melada havia alertado, entrar sem reforço era perigoso e violava os procedimentos operacionais, o que poderia resultar na suspensão de Prae por desrespeito às normas, ou, na pior das hipóteses, colocar sua vida e a dos reféns em risco.
Se fosse em outra época, Prae jamais teria hesitado em avançar, impulsionada pela teimosia e confiança excessiva que já havia confessado a Melada antes de retornar ao trabalho. Foi essa mesma confiança que contribuiu para a perda de um membro da equipe no passado.
É verdade que, em situações como essa, o tempo é um fator crucial. Um único segundo de hesitação poderia significar o inesperado ou até a morte de um refém. No entanto, entrar no local sem avaliar cuidadosamente a situação poderia ser igualmente perigoso, tanto para os oficiais quanto para os reféns, especialmente se o suspeito estivesse em um estado mental instável, paranoico, alucinando ou fosse antissocial. Invadir o que o criminoso considera seu "espaço seguro", onde está interagindo com as vítimas, poderia desencadear reações violentas e imprevisíveis. Neste caso, sem informações confirmadas, avançar sem preparação claramente violaria os procedimentos operacionais.
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Jogo de amor e negociação
Mystery / ThrillerA história da Dra. Melada, uma negociadora que tenta salvar a vida de vítimas em uma situação de refém e tem que se meter em problemas com uma agente especial que não é qualquer agente especial, é sua ex-namorada, mas diz que não quer ser mais do qu...