Capítulo 26

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O arquivo que Mel entregou para Kan, e que ele deveria buscar, estava mais uma vez diante dela no fim do expediente. Ela finalmente conseguiu uma pausa após passar o dia organizando os documentos do caso, que seriam devolvidos para a delegacia local. O fato de ter que lidar com tantos casos de diferentes regiões quase não lhe dava tempo para respirar. Felizmente, os tipos de casos em que ela era especialista não ocorriam com tanta frequência quanto em outros países. No entanto, ao observar a última década, ela percebeu que o número de incidentes desse tipo tinha aumentado consideravelmente.

As informações contidas no arquivo à sua frente ainda estavam frescas em sua mente desde a última leitura, especialmente no que se referia ao grupo radical, que parecia estar aparecendo em suas investigações com uma frequência incomum. Tudo apontava para esse grupo, a ponto de ser suspeito. Além disso, este caso era o último que ela havia trabalhado antes de se afastar da carreira, três anos atrás.

Mel ainda se lembrava do último caso envolvendo esse grupo radical antes dela retornar ao trabalho. Até mesmo Prae mostrou uma reação estranha ao ler o arquivo do caso, tudo parecia fora do lugar na mente de Mel, e ela sabia muito bem que Prae também estava desconfiada.

O que ela está escondendo? Isso com certeza não deve ser algo bom. Mel abriu o arquivo em suas mãos e o releu mais uma vez, começou a suspeitar que poderia ter deixado passar algum detalhe importante.

Essa mulher está me deixando louca!

Ela leu e releu os documentos várias vezes, até que quase não aguentava mais esperar para falar com Prae. Não sabia se a curiosidade era uma característica comum de psicólogos ou se era algo peculiar dela mesma, levantou o pulso e olhou para o relógio, já estava perto do fim do expediente. Ela rapidamente pegou o telefone para ligar para Mintara, esperando que a danada ainda estivesse em seu escritório. No entanto, ninguém atendeu. Tentou ligar para o celular, mas novamente, sem resposta.

Para que ela carrega esse celular, afinal?

Sem perder tempo, Mel começou a guardar suas coisas, pensando que talvez ainda conseguisse a alcançar no estacionamento. Ela seguiu rapidamente para o pátio em frente ao prédio do escritório, determinada a encontrar Prae antes que ela saísse. Ao olhar em volta, a avistou se dirigindo para o carro. Sem hesitar, começou a segui-la, a uma distância de não mais que quinze metros. Justo quando estava prestes a chamá-la, notou que Prae parou de repente. Ela percebeu que os ombros dela caíram e sua cabeça se inclinou ligeiramente para frente. Mesmo de longe, Mel sentiu algo estranho.

Mel conseguiu ver Prae suspirando profundamente, visivelmente exausta e levantar a mão para esfregar o rosto, como se tentasse recuperar o foco, ela se abaixou para olhar algo embaixo de seu SUV, o que fez Mel franzir a testa de preocupação. Logo em seguida se levantou e pegou o controle remoto do carro. Ela olhou em volta, de maneira cautelosa, antes de acionar o motor remotamente do lado de fora do veículo. Depois, verificou o relógio, como se estivesse esperando algo.

— Prae — chamou Melada, vindo por trás — Está tudo bem?

— Phi Mel — respondeu Prae, balançando a cabeça — Só estou cansada... e com sono

— Você está bem para dirigir? Eu posso te levar

— Não precisa. Achei que você tinha uma consulta hoje, não é?

— Está tudo bem, é só às 18h. Agora são 17h, e se for algo mais importante, posso adiar — Mel segurou o pulso de Prae — Vamos, eu te levo

Prae abriu a boca para falar, mas, cansada demais para discutir, acabou aceitando. No fundo, estava exausta demais para resistir, e ter alguém para levá-la talvez fosse uma boa ideia naquele dia.

Jogo de amor e negociaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora