30 - Loop de Autocrítica

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~Pov Richard~

Era véspera de jogo, e eu estava dirigindo em direção ao apartamento da Livia, mas minha mente estava a quilômetros de distância, perdida em pensamentos sobre a partida de amanhã.

A semana de treinos tinha sido uma droga. Parecia que nada do que eu fazia dava certo. Cada passe errado, cada jogada mal executada, ficava ecoando na minha cabeça, me deixando mais nervoso e inseguro.

Enquanto estacionava o carro em frente ao prédio da Livia, tentei forçar um sorriso. Olhei para ela, que estava ao meu lado no banco do passageiro, ajustando a alça da bolsa, e senti um pequeno alívio por tê-la ali comigo. Ela era como um porto seguro no meio de toda essa tempestade.

- Você tá muito quieto - ela comentou suavemente, virando-se para me encarar.

- Eu tô meio preocupado com o jogo amanhã... - soltei, tentando soar mais calmo do que realmente estava - Mas só de saber que você vai estar lá, nas laterais do campo, já me deixa um pouco mais tranquilo.

Livia deu uma risadinha, mas parecia um pouco sem graça. Ela desviou o olhar para a janela, pensativa, e eu percebi que havia algo de errado.

- O que foi? - perguntei, voltando minha atenção para ela.

- Não é nada... - ela respondeu, rápido demais, e isso só aumentou minha curiosidade.

- Livia... - insisti, tentando fazer com que ela se abrisse - Pode falar. O que tá pegando?

Ela mordeu o lábio inferior, um gesto que eu já conhecia bem, e que indicava que estava hesitando em me dizer algo.

- Amanhã... eu não vou estar lá. A fotógrafa do jogo não vai ser eu.

Eu a encarei, confuso, tentando processar o que ela havia dito.

- Como assim? Por quê? - perguntei, com uma leve frustração que eu não consegui esconder.

- Eu tenho uma consulta médica marcada há semanas. Pedi pro Fellipe arranjar uma pessoa pra me substituir... - ela explicou, os olhos fixos nos meus, claramente preocupada com a minha reação.

Eu senti meu coração afundar um pouco. Tentei disfarçar, mas sabia que ela tinha percebido. Mesmo assim, forcei um sorriso e respondi, tentando soar despreocupado.

- Tudo bem... faz parte. Sua saúde vem primeiro. Eu consigo lidar. - ela franziu a testa, claramente não convencida.

- Eu posso remarcar a consulta e ir ao jogo. Não tem problema...

- Não, Livia. - interrompi, balançando a cabeça - Eu vou ficar bem. Não vou morrer se você não estiver lá. - ela tentou argumentar, mas eu a interrompi novamente, olhando diretamente em seus olhos - Sério, tá tudo bem. Você é importante demais pra não cuidar de si mesma. Eu vou ficar tranquilo, prometo.

- Acho que tá ficando tarde... é melhor eu subir. - observou, mudando de assunto.

- Poxa, e eu querendo passar mais tempo com você - reclamei, fingindo uma cara triste, mas no fundo, sabendo que ela estava certa.

Ela riu, aquele som ameno que eu adorava, e me beijou antes de abrir a porta e sair do carro. Observei-a entrar no condomínio, sentindo um pequeno vazio no peito ao vê-la ir embora.

Ao chegar em casa, tentei de tudo para dormir, mas era impossível. Fiquei rolando na cama, pensando em todos os erros que cometi durante a semana e em como eu precisava me redimir amanhã.

O dia seguinte chegou, e eu estava um verdadeiro caco. Me arrumei, peguei minha mochila e segui para o estádio com um nó no estômago. Durante o aquecimento, tentei me concentrar ao máximo, mesmo sabendo que ficaria na reserva, ainda sentia muita pressão sobre mim.

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora