51 - Paranóias e Filme de Terror

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~Pov Richard~

Saí da padaria com a cabeça a mil. 

O jeito como eles estavam abraçados, a forma como Piquerez sorriu pra Livia... Não era ciúmes, eu confio nela, confio de verdade. Mas ainda assim, algo ali não parecia certo. Parecia... íntimo demais.

- Para com isso, Richard. - murmurei para mim mesmo enquanto dirigia. Era ridículo pensar assim. Ela havia escolhido ficar comigo, estava ao meu lado. E mesmo assim, não conseguia ignorar a sombra da insegurança que se instalava no meu peito.

O problema não era ela. Era eu. 

A verdade é que, no fundo, eu sabia que tinha muito a perder. Livia era diferente de qualquer outra mulher que já tinha me relacionado. Ela era minha âncora, a única coisa que fazia tudo isso — os jogos, a pressão, as viagens — valer a pena. 

E agora, com essa mudança se aproximando, a ideia de abandoná-la aqui durante três meses, sozinha, cercada de caras que claramente são tão interessantes quanto eu, me deixava um pouco desconfortável.

Estacionei o carro e subi rapidamente para o apartamento da morena. 

No banho, esses pensamentos indesejados continuavam me atormentando. O que eu estava esperando? Que nesse período de tempo ela fosse apenas sentar e esperar por mim enquanto eu voava pra outro continente? Que ela ficasse fiel, mesmo sabendo que eu estaria a milhares de quilômetros de distância?

Deus, o pior é que eu sabia que Campos não é esse tipo de pessoa. Ela não é do tipo que trai ou que mente. Mas o Piquerez já havia deixado claro que tinha interesse nela no passado. O que me garantia que, uma vez que eu estivesse fora do país, ele não tentaria algo? E se ela desistisse de ir para França comigo porquê se apaixonou por ele?

- Você tá sendo idiota, Richard. - murmurei mais uma vez, desligando o chuveiro e indo me vestir.

O problema é que eu me via em Paris, meses depois, abrindo as redes sociais e vendo uma foto dela com ele, sorrindo daquele jeito que só ela sabia sorrir. O mesmo sorriso que dava pra mim.

E foi aí que a insegurança me atingiu em cheio, porque parte de mim acreditava que seria fácil pra ela seguir em frente. Que, em menos de uma semana, ela poderia estar nos braços de Piquerez, rindo das piadas dele, ouvindo ele dizer as coisas que eu diria pra ela.

Passei a mão pelo rosto, irritado com o rumo dos meus próprios pensamentos. 

Livia não é assim, eu sabia. Ela já tinha me provado inúmeras vezes que estava comigo de verdade. Mas o medo... o medo de perdê-la era uma merda.

Sentado no sofá, peguei meu celular, quase instintivamente, e abri o WhatsApp. A última mensagem dela ainda estava lá, um coração que ela havia enviado mais cedo, antes de sair de manhã. Fiquei encarando a tela, sem saber exatamente o que fazer, até que ouvi o barulho da porta se abrindo.

Minha namorada entrou no apartamento com um sorriso gigante no rosto, carregando algumas sacolas da padaria. 

- Comprei seus favoritos! - ela anunciou, como se estivesse fazendo a coisa mais casual do mundo.

- Ah, é? - respondi, tentando não deixar transparecer o furacão de inseguranças dentro de mim - E o que seria?

Ela se aproximou, me dando um selinho rápido antes de enfiar a mão na sacola e puxar uma caixinha de mini churros de doce de leite. 

- Seu preferido, claro.

Não consegui evitar o sorriso. Era como se ela soubesse exatamente como me acalmar, como se tivesse um mapa do meu coração que só ela entendia. 

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora