15 - Tempestade em Copo D'água

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~Pov Livia~

Acordei com o corpo pesado, como se o mundo tivesse decidido pousar todo o seu peso em mim durante a noite. 

A briga com Gaby ainda estava fresca na minha mente. Eu estava exausta, mas não podia me dar ao luxo de parar, tinha trabalho para fazer.

Me arrastei para fora da cama, tentando ignorar o eco das dúvidas que latejavam na minha cabeça. Eu precisava focar no que importava agora. Me arrumei rapidamente, com a mente em outro lugar. Coloquei minha câmera na bolsa e fui para o CT, torcendo para que a rotina me ajudasse a esquecer.

Quando cheguei lá, tudo parecia seguir o curso normal. 

Os jogadores já estavam em campo, a equipe técnica discutia estratégias, e eu, como sempre, procurava os melhores ângulos para capturar a essência daquele momento.

Conforme o treino avançava, eu me perdia no som dos cliques da câmera. O barulho familiar era quase terapêutico. Tentei me concentrar nos rostos, nos detalhes, nas expressões dos jogadores que mostravam a paixão pelo jogo. Era o que eu precisava.

A voz de Fellipe me tirou dos devaneios.

- Livia, preciso falar com você.

Olhei para ele, surpresa por ele estar se aproximando.

- Tem um rapaz lá na entrada. Disse que não vai embora até falar com você. - ele parecia irritado, e eu soube imediatamente de quem se tratava - Dá um jeito nisso rápido. Aqui não é lugar para resolver problemas pessoais.

Senti meu coração afundar no peito. Gabriel realmente tinha vindo até o CT? Não é possível. Ele sabia o quanto isso poderia me prejudicar. Balancei a cabeça, tentando manter a calma.

- Eu vou resolver isso agora, Fellipe. Desculpa. - respondi, tentando não demonstrar o incômodo.

Caminhei em direção à entrada com passos rápidos e tensos, sentindo a pressão do olhar de Fellipe em minhas costas. Meu sangue fervia, misturando raiva com um nó crescente de ansiedade. Ao me aproximar da entrada, vi Gabriel encostado na parede, com a mesma expressão de quem acha que pode consertar tudo com um pedido de desculpas.

Quando finalmente cheguei até ele, meu olhar era de puro ódio.

- O que você tá fazendo aqui? - perguntei, minha voz saindo áspera - Eu tô no trabalho. Não posso falar com você agora. Vai acabar me arranjando problema!

Ele deu um passo à frente, parecendo genuinamente arrependido.

- Eu sei, Livia. Me desculpa por ter aparecido assim. Eu só... eu precisava falar com você. Precisava pedir desculpa pelo que fiz com você na festa. Eu agi como um idiota, não devia ter feito aquilo. - ele disse, sua voz suave, quase hesitante - Eu... eu sei que peguei pesado, e eu sinto muito. Você não merece isso. - ele continuou, os olhos fixos nos meus.

As palavras dele, embora esperadas e genéricas, me pegaram desprevenida. 

Por mais que eu quisesse continuar irritada, algo dentro de mim começou a derreter. Ouvir ele reconhecer o erro trouxe um alívio imediato, como se parte da tensão que eu estava carregando desde a noite da festa começasse a desaparecer.

Suspirei, tentando me manter firme, mas sabia que não conseguiria.

- Tá, Gabriel... - balancei a cabeça, finalmente cedendo - Eu te perdoo. Mas, por favor, não faz mais isso. Não aparece no meu trabalho desse jeito.

Ele sorriu, aliviado, e eu senti meu corpo relaxar também, mesmo sem querer.

- Eu prometo, não vou mais fazer isso. Eu só queria te compensar de algum jeito. Que tal um jantar? - ele sugeriu, aquele sorriso familiar brincando nos lábios.

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora