31 - Velhos Tempos

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~Pov Richard~

O vestiário estava em alvoroço, os sons das comemorações ainda ecoavam enquanto os jogadores trocavam gritos de euforia, abraços e piadas. 

A energia era contagiante, mas minha mente estava em outro lugar.

Enquanto tirava o uniforme e me preparava para o banho, não conseguia deixar de pensar na Livia. Aquele momento no campo... Foi tudo tão intenso, tão real. Cada vez que lembro do seu olhar quando declarei o gol para ela, meu coração dispara de novo.

- Cara, você jogou muito hoje! – Estevão comentou, me dando um tapinha nas costas enquanto passava.

- Valeu. - respondi com um sorriso de canto, mas meus pensamentos ainda estavam focados nela.

O banho quente ajudou a relaxar meus músculos, mas não me tirou da cabeça a expectativa de vê-la de novo. Fui rápido, já pensando no reencontro. 

Troquei de roupa o mais rápido que pude, vesti uma camiseta preta simples e uma bermuda jeans, pegando a mochila com minhas coisas.

Quando saí do vestiário, o corredor estava mais tranquilo. A maioria dos jogadores já tinha saído ou ainda estava se arrumando. Caminhei em direção ao local onde sabia que a Livia estaria me esperando.

Ao virar o corredor, a vi de longe, parada ali sozinha, mexendo na câmera. Ela parecia concentrada, mas quando notou minha aproximação, seus olhos encontraram os meus e um sorriso suave se formou em seu rosto.

- Ei, Campos. - chamei e ela se virou rapidamente, mas havia algo nos olhos dela. Algo que não era o brilho de sempre.

- Oi, Colômbia. Foi rápido hein. - Livia forçou um sorriso, mas eu percebi de imediato que algo estava errado.

- Tá tudo bem? - perguntei, sem rodeios. Eu a conhecia o suficiente para perceber quando estava escondendo alguma coisa.

Ela hesitou por um momento, como se estivesse decidindo o que dizer.

- Tô... só cansada. - respondeu, desviando o olhar.

Eu sabia que não era só isso. O jeito como ela evitava meus olhos e a postura defensiva entregavam. Algo tinha acontecido, mas ela claramente não estava pronta para falar sobre isso. 

- Tudo bem. - murmurei, e puxei-a para um abraço.

Ela relaxou em meus braços, soltando um suspiro profundo. Era como se aquele momento de paz estivesse derretendo o que quer que fosse que a estivesse incomodando.

Ficamos assim por alguns minutos, só sentindo a presença um do outro, em silêncio. Queria tirar aquela tensão dela, fazer com que ela se sentisse segura.

- Sabe... - comecei, depois de um tempo, a voz suave enquanto brincava com algumas mechas de seu cabelo - Eu tava pensando... a gente podia ir lá pra casa hoje. Assistir um filme, ficar abraçadinhos no sofá... que nem fazíamos nos velhos tempos.

Ela levantou a cabeça, me encarando com curiosidade.

- Lá pra casa? - perguntou, como se estivesse surpresa com a sugestão.

- É. - sorri, inclinando a cabeça para o lado - Faz tempo que não fazemos isso. Sinto falta de ver filme abraçado com você no sofá, de pedir pizza... - dei de ombros, tentando não soar bobo, mas eu estava sendo sincero - Dessas coisas simples que a gente costumava fazer.

Ela ficou em silêncio por um segundo, e então um sorriso surgiu no rosto dela. Dessa vez, foi um sorriso real, que fez meu peito aquecer.

- Eu também sinto falta disso. - ela respondeu, sua voz mais suave, mais tranquila.

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora