27 - "Sem Beijo Dessa Vez"

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~Pov Richard~

Eu não conseguia dormir. 

A cabeça estava a mil, e tudo o que eu conseguia pensar era na Livia. No jeito que ela riu, na forma como me olhou, com aquele olhar que eu não via há muito tempo. Um olhar que era tão familiar e, ao mesmo tempo, tão distante. 

Aquele beijo ainda queimava na minha pele, como se tivesse deixado uma marca que não ia sumir tão cedo.

Deitei na cama, encarando o teto. O apartamento estava escuro, o silêncio só quebrado pela batida do relógio na parede. Cada detalhe da tarde passava em looping, como um filme que eu queria assistir de novo e de novo. A maneira como ela se mexia, o som da risada dela, o calor que senti quando a peguei no colo... tudo isso me deixava inquieto.

Me virei na cama, tentando achar uma posição confortável, mas era inútil. Eu estava acordado demais, agitado demais. Fechei os olhos, procurando apagar o sorriso dela da minha cabeça. Mas não adiantava, porque eu sabia, no fundo, que aquela era a coisa que eu mais queria ver de novo.

Rolei de novo na cama, soltando um suspiro pesado. A noite estava longa, e eu já podia sentir que o próximo dia seria ainda mais complicado. Não porque não estava cansado, mas porque tudo estava diferente agora. Aquela coisa entre nós dois... estava lá, viva, pulsando. 

Mas será que a gente realmente conseguiria dar um passo além? Será que depois de tudo que aconteceu, de todos os erros, ainda tinha como construir algo novo? A esperança que eu sentia naquela noite agora estava misturada com incertezas, com medo de que talvez eu não soubesse como lidar com isso.

Eu sempre fui um cara que resolve as coisas no campo, com a bola nos pés, com a cabeça focada em vencer. 

Mas com a Livia... era diferente. Ela era minha fraqueza, meu calcanhar de Aquiles. Ela me tirava da zona de conforto, me fazia querer ser melhor, me desafiava de um jeito que ninguém mais fazia.

Suspirei de novo, me forçando a ficar deitado e a tentar descansar. 

Independentemente do que acontecesse, eu sabia que Campos valia cada segundo de dúvida, cada esforço, cada erro que eu tentasse corrigir. E, talvez, a gente conseguisse encontrar um jeito de acertar dessa vez.

[...]

Quando acordei, o sol já estava entrando pela janela, mas eu não me sentia nem um pouco descansado. Mal dormi, e cada vez que cochilava, a imagem dela voltava. Não dava pra escapar. Levantei da cama, passei as mãos pelo cabelo e fui direto pra cozinha. Café. Eu precisava de café para acordar de verdade.

Enquanto a água fervia, meu celular vibrou no balcão. 

Peguei sem nem olhar quem era, esperando que fosse alguma mensagem automática ou notificação sem importância. Mas meu coração disparou quando vi o nome dela na tela.

"Acho que temos que conversar, né? Sem beijo dessa vez. ;)"

Eu sorri, sabendo que ela estava tentando manter as coisas leves. 

Claro que não ia ser simples assim. Eu sabia que a conversa que vinha pela frente ia ser complicada, mas só de ver que ela estava disposta a falar, já era algo.

Respondi rápido, tentando parecer mais tranquilo do que estava:

"Concordo. Mas sem promessas, você sabe que eu sou péssimo nisso."

Coloquei o celular de lado e tomei um gole do café recém-passado. E ali, no meio do silêncio da manhã, me senti mais pronto do que nunca pra enfrentar o que viesse.

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora