41 - "Só o Começo, Mi Amor"

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~Pov Livia~

O segundo dia em Fernando de Noronha começou com o sol invadindo o quarto pelas cortinas entreabertas, e o som das ondas lá fora servindo como o despertador mais relaxante possível.

Eu me espreguicei preguiçosamente, com os olhos ainda meio fechados, enquanto Richard já estava de pé, na varanda, absorvendo a paisagem com aquele jeito contemplativo que eu já conhecia bem.

- Bom dia, dorminhoca. - ele disse, sem se virar, mas com o tom provocador de sempre.

- Bom dia, guia turístico profissional. - retruquei, me espreguiçando mais uma vez antes de me levantar.

Eu me aproximei da varanda, sentindo o cheiro de maresia e deixando o sol aquecer meu rosto.

O dia prometia ser incrível, e eu não estava errada. Nosso plano? Bem, não havia um, claro, seguindo o espírito "espontâneo" de Richard. O que, na prática, significava que ele provavelmente já tinha algo na manga e estava só esperando a hora certa para me contar.

- Então, quais os planos de hoje? - perguntei, encostando no parapeito e o observando.

Ele sorriu de canto, aquele sorriso enigmático que dizia "você vai ver", sem entregar nada.

- Primeiro, café da manhã. Depois... uma trilha.

- Ah, uma trilha... - murmurei, já imaginando que "trilha" com Richard não seria algo tão simples. - E essa trilha leva a...?

- Um lugar especial. Confia.

Eu rolei os olhos, mas sabia que ele estava falando sério. O cara tinha uma habilidade incrível para achar lugares que pareciam saídos de filmes, então eu só tinha que confiar, como ele disse.

Depois de um café da manhã delicioso no hotel, partimos. Richard parecia ter um mapa na cabeça, porque não pegamos nem um folheto, nem perguntamos a ninguém.

A trilha começou suave, com paisagens exuberantes e os sons da natureza ao nosso redor. Mas logo ficou mais desafiadora, com subidas íngremes e pedras escorregadias. Eu já estava começando a suar e, claro, a me perguntar o que tinha feito para merecer aquilo.

- Você quer me matar? - perguntei, meio ofegante, enquanto ele subia à minha frente com uma facilidade irritante.

- Eu avisei que ia ser uma aventura.

- Você e suas aventuras... - resmunguei, mas estava sorrindo, mesmo que cansada.

A paisagem ao redor era de tirar o fôlego. Estávamos cercados por árvores altas, o cheiro da mata misturado com a brisa do mar que às vezes surgia como um presente. Depois de mais alguns minutos de caminhada, Richard parou abruptamente.

- Estamos quase lá.

- Finalmente, meu Deus! - brinquei, ofegante, passando a mão na testa suada.

Ele deu um passo para o lado e abriu espaço entre as árvores. E então, eu vi.

Uma cachoeira escondida, desaguando em uma pequena lagoa de águas cristalinas. O lugar era absolutamente surreal, como se tivéssemos descoberto um pedacinho de paraíso. O som da água caindo era tranquilizador, e o sol fazia a água brilhar em reflexos prateados.

- Uau... - foi tudo o que consegui dizer.

Richard observava minha reação com um sorriso satisfeito.

- Valeu a pena? - ele perguntou.

- Se a trilha não me matou, acho que a beleza desse lugar vai acabar comigo.

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora