52 - Fora de Controle

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~Pov Livia~

Depois que Richard saiu, um silêncio pesado tomou conta do apartamento.

Me senti exausta, como se todo o peso das últimas 24 horas tivesse desabado sobre mim. A cada segundo, minha mente girava em torno do que aconteceu, do que eu disse, do que não disse.

Eu queria tanto que ele entendesse, mas ao mesmo tempo, a ideia de explicar tudo me deixava ainda mais cansada. Não queria falar sobre o meu avô, sobre a câmera, sobre como tudo isso parecia trazer à tona uma dor antiga e não curada.

Ainda encolhida no sofá, com as lágrimas secando lentamente no rosto, eu tentei organizar os pensamentos. Parte de mim queria pegar o telefone e ligar para Richard, contar para ele tudo o que estava sentindo, mas não queria que ele visse o quão quebrada eu estava, o quanto a perda daquela câmera tinha me despedaçado de uma forma que eu mal conseguia explicar.

Suspirei profundamente e me forcei a levantar. Não podia ficar ali, parada, afundando cada vez mais na tristeza. Eu precisava fazer algo, qualquer coisa, para tirar a cabeça disso tudo.

Fui até a cozinha, preparei um chá, e voltei para o sofá com a xícara quente nas mãos, tentando encontrar algum conforto naquele pequeno ritual.

Enquanto o vapor subia, meus pensamentos vagaram de volta ao meu avô. Ele sempre me dizia para seguir meu coração, para não deixar ninguém dizer o que eu deveria ou não fazer com minha vida. E, naquele momento, percebi o quanto eu sentia falta da voz dele, do apoio incondicional que ele sempre me deu. O objeto em si era apenas um símbolo, uma ligação ao homem que me inspirou a ser quem eu sou hoje. E agora, com essa conexão quebrada, me sentia mais sozinha do que nunca.

Eu sabia que precisava lidar com isso, mas não sabia por onde começar. Richard queria ajudar, eu conseguia ver isso em seus olhos, mas como ele poderia consertar algo tão enraizado? Talvez eu estivesse sendo injusta ao afastá-lo, mas no fundo, eu não sabia se estava pronta para deixar ele ver esse lado de mim.

Enquanto terminava o chá, ouvi uma batida na porta. Meu coração acelerou, pensando que poderia ser o Colombiano de novo, mas quando abri, encontrei Gaby ali, com um olhar de preocupação que já não era mais novidade.

- Oi, Liv. - ela disse suavemente, entrando antes que eu pudesse responder.

- Oi... - murmurei, fechando a porta atrás dela e voltando para o sofá. Ela me seguiu, sentando-se ao meu lado.

Gaby me olhou por um longo momento antes de falar.

- Você parece péssima. - disse, sem rodeios, mas com aquele tom de carinho que só uma amiga verdadeira consegue ter.

- Eu tô... tentando segurar as pontas. - admiti, mas dando um sorriso leve.

- Eu sei que tá, e sei o quanto tudo isso deve estar sendo difícil pra você. - ela respondeu, colocando uma mão no meu ombro - Liv, eu só queria que você soubesse que não precisa passar por isso sozinha.

Aquelas palavras, embora bem-intencionadas, só fizeram a dor aumentar. Eu sabia que ela estava ali por mim, mas a verdade era que parte de mim se sentia sozinha, mesmo cercada de pessoas que se importavam.

- Eu só... não sei o que fazer, Gaby. - confessei, olhando para minhas mãos - É como se tudo tivesse fora de controle...

Ela ficou em silêncio por um momento, e então falou com a mesma calma de sempre.

- Talvez você não precise saber o que fazer agora. Às vezes, a gente só precisa sentir. Deixar a dor vir e passar. E, quando estiver pronta, você vai encontrar uma maneira de seguir em frente.

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora