50 - Um Muro Invisível

320 14 25
                                    

~Pov Richard~

A noite tinha sido longa e sem descanso.

O arrependimento pesava como uma âncora, me prendendo na cama enquanto a memória da discussão repetia na minha cabeça. Por várias vezes, tentei ligar para Livia. A cada tentativa, o som do toque do telefone seguido pela caixa postal aumentava o nó no meu estômago. Sabia que ela estava chateada e, a cada chamada ignorada, a sensação de que a distância entre nós estava se tornando irreparável só crescia.

Quando o relógio finalmente anunciou a manhã, eu já estava de pé, cansado e inquieto. Tomei um banho rápido, mas a água não conseguiu lavar a culpa que me consumia.

Passei pela cozinha, peguei um café que nem provei direito, e segui para o centro de treinamento, ainda com o celular na mão, na esperança de que Livia retornasse alguma das minhas ligações.

Enquanto dirigia, pensei em todas as formas de me desculpar. As palavras ensaiadas na minha cabeça pareciam vazias e insuficientes, mas eu sabia que precisava falar com ela, precisava consertar as coisas. 

Cheguei ao CT mais cedo do que o habitual, tentando afastar a tensão que crescia dentro de mim. A rotina de sempre era uma distração bem-vinda, mas tudo o que eu conseguia pensar era nela.

Estava no meio de um exercício de alongamento, tentando me concentrar nos movimentos, quando vi Livia chegando. Ela estava logo ali, do outro lado do campo, mas algo no jeito como andava, no olhar distante, deixou claro que as coisas não estavam bem.

Respirei fundo, decidindo que precisava ir até ela. Aproveitei que o Abel ainda não tinha chegado, e comecei a caminhar em direção a Livia, mas a cada passo, a incerteza só crescia. Eu não sabia o que esperar dessa conversa.

Quando finalmente cheguei perto, a morena levantou os olhos para me encarar. A expressão dela era séria, quase fria, o que só fez meu estômago revirar.

- Livia, eu... - comecei, mas a maneira como ela desviou o olhar me deixou ainda mais inseguro.

- O que foi? - ela perguntou, a voz sem a usual energia. Ela voltou a atenção para a câmera, ajustando algo que, pela expressão dela, não estava certo.

Sentei ao lado dela, tentando captar algum sinal. Algo claramente não estava bem.

- Eu tentei te ligar ontem, várias vezes. - falei, buscando um ponto de partida.

- Eu imagino. - disse de forma seca, ainda olhando para o objeto em suas mãos, como se não quisesse continuar a conversa.

A frieza dela me deixou desconcertado. Respirei fundo, tentando manter a calma.

- Você não atendeu porque... porque estava chateada? - perguntei, embora já soubesse a resposta.

Ela suspirou, mas não de forma aliviada; foi um suspiro de cansaço, como se aquela conversa estivesse drenando o pouco de energia que ela tinha. Ela não respondeu de imediato, e a tensão no ar só aumentou.

- Richard, eu não quero falar sobre isso. - as palavras saíram com um tom que me cortou fundo.

Ela estava claramente fugindo da conversa, evitando qualquer aprofundamento. Meu instinto me dizia que algo mais tinha acontecido, mas o jeito como ela me afastava era um claro sinal de que eu não tinha o direito de insistir. Mas eu não conseguia simplesmente deixar passar.

- Livia, eu sei que te magoei ontem. Eu fui um idiota. Só queria que... que você soubesse que eu não quis te machucar. - as palavras saíram meio atropeladas, mas eu precisava dizer algo, qualquer coisa, para diminuir a distância entre nós.

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora