44 - Desmoronando

316 26 49
                                    

~Pov Richard~

Enquanto o carro deslizava pelas ruas de São Paulo, minha mente girava como um furacão.

Era uma mistura de raiva, frustração e tristeza que fazia meu peito apertar a cada quilômetro percorrido. A imagem do olhar de Livia, os olhos marejados enquanto eu ia embora, não saía da minha cabeça.

Talvez ela nunca tivesse se sentido tão magoada com algo que eu disse. Talvez eu nunca tivesse sido tão cruel com alguém que amo.

Veiga era minha última esperança. Não só porque ele sempre teve um jeito de enxergar as coisas com mais clareza, mas também porque era a única pessoa que poderia entender o que estava acontecendo comigo agora. Ele conhecia a pressão de ser um atleta, de ter um sonho que parecia ao alcance, mas que exigia sacrifícios que muitas vezes pareciam impossíveis de suportar.

Estacionei o carro na frente da casa e fiquei ali por um momento, com as mãos apertando o volante e o olhar perdido no vazio.

Minha cabeça estava a mil, mas havia uma parte de mim que já sabia qual seria o conselho de dele, o que ele diria sobre toda aquela situação. Mesmo assim, eu precisava ouvir de outra pessoa. Precisava que alguém dissesse, em voz alta, o que eu não queria admitir para mim mesmo.

Finalmente, tomei coragem e saí do carro.

Caminhei até a porta e toquei a campainha, esperando o que pareceram horas até a mesma ser aberta. Meu amigo me olhou de cima a baixo, franzindo a testa ao ver meu estado.

- Richard? - ele perguntou, claramente surpreso - O que você tá fazendo aqui?

Eu soltei um riso nervoso, mas sem nenhum humor.

- Eu preciso conversar... Tem tempo?

- Claro que tenho. Entra aí, cara. - ele abriu mais a porta e deu espaço para eu passar. Entrei na casa e fui direto para a sala de estar, onde me joguei no sofá. Rapha me observou por um momento antes de se sentar na poltrona à minha frente - Tá bom, o que houve?

- A gente brigou... - comecei, a voz saindo baixa - Eu e a Livia.

Veiga não respondeu imediatamente. Ele apenas assentiu, como se estivesse esperando por mais, o que só me deixou ainda mais ansioso.

- Vocês brigaram... sobre o quê exatamente?

- Sobre a proposta do PSG. Ela quer que eu aceite. Acha que é uma oportunidade única, que eu estaria desperdiçando se recusasse. Mas eu... eu não consigo nem pensar em ir para a França e deixá-la aqui. - eu esfreguei o rosto com as mãos, tentando segurar a raiva e a frustração - E... eu a acusei de querer se livrar de mim...

O jogador piscou algumas vezes, como se não acreditasse no que estava ouvindo.

- Você disse isso para ela?!

- Sim.- murmurei, sentindo a culpa pesar sobre mim como um tijolo - Eu disse que parecia que ela queria que eu fosse embora, que queria se livrar de mim e do nosso relacionamento.

- Porra, Richard. - o mais velho soltou um suspiro, balançando a cabeça - Por que você disse isso?

- Eu não sei! - exclamei, a frustração transbordando - Eu estava com raiva, cara. Eu senti como se ela estivesse me empurrando para longe, como se ela não quisesse que eu ficasse.

Veiga ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse ponderando o que dizer em seguida. Finalmente, ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

- E se, em vez de te empurrar para longe, ela estiver tentando te apoiar? Tentando fazer com que você veja o que é melhor para você?

Eu o encarei, a ideia me acertando como um soco.

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora