10 - Em Questão de Segundos

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~Pov Richard~

Após a conversa com Livia, que terminou de forma abrupta e fria, meu foco ficou dividido. 

No campo, eu tentava me concentrar no treinamento e nas estratégias para o próximo jogo, mas a frustração por não conseguir reverter a situação com Campos estava sempre presente. O trabalho com o time era uma distração necessária que me ajudava a manter a mente ocupada, longe das questões pessoais que me consumiam.

A maneira como Livia lutava contra suas próprias inseguranças, como parecia distante e reservada, mesmo quando estava próxima de mim, era um lembrete constante dos erros que cometi.

A sensação de impotência diante de sua dor e a incapacidade de mudar o que havia acontecido era arrebatadora. Eu sabia que precisava focar no que eu poderia controlar, que no momento era o desempenho do time.

O dia do jogo chegou e, com ele, a oportunidade de tentar deixar o que havia ocorrido de lado. A rotina do vestiário era a mesma, e eu mergulhei no processo de preparação, focado em fazer o meu melhor em campo. A vitória do Palmeiras era o objetivo principal.

Durante o aquecimento, a sensação de normalidade parecia retornar, mesmo que brevemente. Mas então, ao levantar a cabeça, vi que Gabriel estava lá.

Ele estava sentado nos assentos próximos ao gramado, com Livia em sua frente. Ver eles conversando e sorrindo juntos fez um nó se formar no meu estômago.

Tratei de ignorar o ciúme que crescia em meu peito, pois agora, o jogo era a prioridade, e eu não permitiria que minha vida pessoal interferisse em minha performance, não de novo. Respirei fundo e me concentrei na partida que estava prestes a começar.

O primeiro tempo estava sendo uma verdadeira batalha em campo. O adversário estava forte, e cada movimento exigia concentração total. Eu me esforçava para manter a calma, focando em cada jogada e tentando esquecer a imagem de Livia e Gabriel que ainda assombrava minha mente.

Durante o jogo, a torcida fazia sua parte, o Allianz era um verdadeiro caldeirão, com gritos de apoio que ecoavam no estádio. A energia era incrível, e eu me alimentava dessa vibração para continuar dando o meu melhor. As jogadas eram rápidas, e o Palmeiras tentava abrir espaço na defesa adversária, mas eles estavam bem posicionados, dificultando nossas chances de gol.

Dudu, como sempre, estava incansável, correndo pela lateral e tentando abrir a defesa com sua habilidade. Rony, na frente, fazia pressão constante, mas o goleiro adversário parecia imbatível, defendendo tudo o que conseguíamos chutar. A tensão aumentava a cada minuto, e o empate sem gols no primeiro tempo parecia injusto, considerando o esforço que estávamos fazendo.

O árbitro finalmente apitou o fim do primeiro tempo, e voltamos ao vestiário.

O suor escorria pelo meu rosto, e meus músculos estavam tensos pela intensidade do jogo. Eu me sentei no banco, respirando fundo e tentando focar no que precisávamos fazer no segundo tempo.

Enquanto os outros jogadores se refrescavam e conversavam entre si, Gomez se aproximou de mim. Ele era um dos veteranos, alguém que sempre sabia o que dizer nas horas certas. Seu olhar sério me indicava que ele percebia que algo estava me incomodando.

- Você tá bem, Richard? - ele perguntou, sentando-se ao meu lado - Notei que você tá meio distraído...

- Tô sim, só... muita coisa na cabeça. - respondi, esfregando a toalha no rosto para limpar o suor.

- Eu sei como é, cara. Às vezes a vida pessoal se mistura com o jogo, mas, olha, a gente precisa deixar isso de lado agora. O time precisa de você focado. Sabe como é, né?

Meu Eterno Camisa 27 | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora