CAPÍTULO 37

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11/07/2019PINNACLECITY, EUA

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11/07/2019
PINNACLECITY, EUA

Lembro-me de quando a vi pela primeira vez. Seu rosto era tão sereno que eu poderia ter ficado horas a observando, sentindo uma paz inexplicável. Foi no primeiro dia de aula, quando a encontrei sentada no gramado do campus. Fiquei sabendo que ela havia sido alvo de provocações desde o momento em que pisou ali. Tudo por conta das suas roupas, que eram diferentes dos padrões.

Naquela universidade de alto nível, as garotas se vestiam como se estivessem indo para um desfile de moda, algo como um Met Gala. Mas ela era diferente, e talvez tenha sido isso que chamou tanto a minha atenção. Não, na verdade, não foi só isso. Ela era incrivelmente linda.

Seu rosto era pontuado por sardas que se destacavam entre os cabelos ruivos. Seus óculos, com armação fina e dourada, combinavam perfeitamente com ela. Estava tão concentrada em seu tablet que parecia alheia a tudo ao seu redor, até que seus olhos se encontraram com os meus. Castanhos, lembravam mel ou caramelo. Eles me observavam com uma atenção que me fez esquecer por um momento de tudo ao redor.

Lembro-me de ouvir os comentários maldosos que a incomodavam.

“Fiquei sabendo que ela é filha do pastor!” — disse uma garota com uma voz irritante que a deixou tão desconfortável. Foi a primeira e última vez que dirigiram aquele tipo de olhar ou palavras para ela.

“Olha as roupas que ela usa, deve estar tentando esconder que é gorda!” — continuaram, gargalhando com suas amigas. Meu sangue fervia com a falta de noção delas. Olhei de relance para a ruivinha e a vi murchar, como se aquilo realmente a afetasse.

“Algum problema aqui?” — perguntei, colocando meu braço em volta da loira arrogante. — “De quem vocês estavam rindo?”

“Daquela estranha ali” — apontaram sem nenhum pudor.

“Ficou sabendo que ela é filha do pastor novo? Ela está cursando Letras, provavelmente a única coisa que o pai dela deixou fazer. Deve ser mais burra que uma porta.”

Elas riam alto, mas algo em mim não permitiu que eu ficasse calado. “Sabe...” — comecei, chamando a atenção de todas, — “essa garota burra, estranha e gorda, como vocês estão insinuando... Ela é minha, entenderam?”

O silêncio delas foi imediato.

“Se alguém mexer com ela, é comigo que terá de resolver” — finalizei, deixando claro que aquilo não era uma ameaça vazia. E assim, a história se espalhou pelo campus, e nunca mais ouvi alguém falar dela daquele jeito.

Pelo menos não na minha frente. Todos me conhecem bem o suficiente para saberem que eu não faço ameaças infundadas.

“Precisamos conversar, Lucas.”

Eu sabia que mais cedo ou mais tarde essa mensagem chegaria.

Emily, uma hora ou outra, descobriria tudo. É óbvio e eu sabia que iria me culpar por isso pelo resto da minha vida.

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