Capítulo 20 - Jay

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Você tem certeza que não me ama?

Eu era uma menina excluída, nunca dei certo em trios, duplas, grupos, quartetos... Ninguém nunca quis ficar perto de mim, e eu sempre tentava me encaixar.


Nunca tive amigos, colegas e nem conhecidos, tudo porque ninguém me queria por perto. Mas por quê? O que eu tinha de errado? Esses pensamentos me atormentaram durante anos, até que, um dia, fui transferida de uma escola pública para uma particular. No dia em que iniciei meus estudos nesse colégio, pensei que nada iria mudar. Afinal, por que mudaria?

Quando cheguei ao colégio, sentei-me em um canto na sala, deixando uma cadeira vazia ao meu lado. A porta da sala se abriu, e a professora entrou, seguida por um grupo de alunos. A maioria deles parecia já se conhecer, se reunindo em pequenos grupos, rindo e conversando. Permaneci no meu canto, me sentindo deslocada, como se estivesse em um mundo à parte.

O relógio na parede parecia contar os minutos de forma mais lenta, e cada risada parecia ecoar na minha mente, me lembrando de todos os momentos em que fui ignorada. Estava tão perdida em meus pensamentos que mal percebi quando alguém se aproximou.

— Essa cadeira está livre? — Uma voz masculina me trouxe de volta à realidade. Olhei para cima e vi um garoto alto, com cabelos escuros e olhos expressivos, esperando pela minha resposta.

— Sim, está... — respondi, tentando esconder a surpresa na voz.

— Ótimo, me chamo Jay, prazer. — Ele disse, estendendo a mão com um sorriso amigável.

Hesitei por um momento antes de finalmente apertar sua mão.
— S/n. Prazer em te conhecer.

Jay sentou-se ao meu lado e, para minha surpresa, começou a puxar conversa, fazendo perguntas simples sobre de onde eu vinha e como estava me sentindo no novo colégio. Aos poucos, fui me soltando, respondendo com mais confiança e até mesmo rindo das piadas que ele fazia.

A aula seguiu seu rumo, e Jay parecia ser uma daquelas pessoas que se dava bem com todo mundo, sempre tendo algo engraçado ou interessante para dizer. Ele era popular, mas, ao contrário do que eu imaginava, não era arrogante. Ele era gentil e prestativo, e sempre que podia, me incluía nas conversas, me apresentando aos outros colegas de classe.

Os dias foram passando, e nossa relação cresceu. Jay estava sempre por perto, tornando minhas manhãs muito mais leves e menos solitárias. Aos poucos, fui conhecendo mais pessoas e fazendo amizades verdadeiras. Com o tempo, nosso grupo se consolidou: Jay, eu e mais três colegas que também eram novos na escola. Juntos, nos tornamos inseparáveis, estudando, saindo e compartilhando risadas.

Porém, comecei a perceber que meus sentimentos por Jay iam além de uma simples amizade. Eu me pegava pensando nele quando estava sozinha, sentindo uma alegria inexplicável quando ele sorria para mim ou quando me elogiava, ainda que fosse algo simples. Esses sentimentos me deixavam confusa e, ao mesmo tempo, esperançosa. Será que ele sentia o mesmo por mim?

O tempo passou, e com ele, chegaram as festas e eventos do colégio. Jay, sendo sempre o mais sociável do grupo, insistiu para que todos nós fôssemos a uma grande festa de fim de semestre na casa de um dos alunos mais populares. Apesar de inicialmente hesitante, acabei sendo convencida pelo grupo.

A festa estava cheia de pessoas, a música alta e as luzes piscando em várias cores criavam um clima animado. Eu permaneci próxima ao grupo, nervosa, mas ao mesmo tempo animada. Jay, por outro lado, parecia estar no seu elemento, cumprimentando todos e trazendo bebidas para os amigos.

Em um momento da noite, ele me puxou para fora da casa, para um jardim iluminado apenas pelas luzes suaves da lua e algumas lanternas. Ele parecia agitado, como se quisesse falar algo importante.

— Você está gostando da festa? — Jay perguntou, mas seu tom era mais sério do que o normal.

— Está tudo bem — respondi, sem entender o motivo da mudança de clima.

Jay respirou fundo e passou a mão pelos cabelos, claramente nervoso. — Eu preciso te dizer uma coisa, mas não sei como começar...

Fiquei em silêncio, meu coração acelerando. Será que era aquilo que eu tanto esperava ouvir?

— Eu... — Jay começou, mas parecia lutar para encontrar as palavras. — Eu gosto de você, S/n. Não só como amiga. Eu... eu gosto de você de verdade.

As palavras saíram tão rapidamente que ele mesmo parecia surpreso por tê-las dito. Ele me olhou, esperando por uma reação, qualquer que fosse.

Senti uma onda de calor invadir meu corpo, como se o mundo ao meu redor estivesse se desfazendo, e tudo o que restava fosse Jay e aquele momento. Eu estava prestes a responder quando ele deu um passo à frente e pegou minhas mãos.

— Eu sei que sou meio desajeitado e posso ter estragado tudo agora, mas... eu só não conseguia mais guardar isso. Eu quero estar com você, de verdade. Você aceitaria ser minha namorada?

Meu coração parecia prestes a explodir, e uma mistura de emoções tomou conta de mim. Eu nunca imaginei que aquele garoto, que se tornou meu amigo e a pessoa que mais me fez sentir aceita, iria se declarar para mim.

— Jay... eu... — Hesitei por um momento, mas então decidi que era hora de ser sincera. — Eu também gosto de você, muito. Sempre gostei.

Jay sorriu, um sorriso genuíno e cheio de alívio. Sem pensar duas vezes, ele se aproximou mais, envolvendo-me em um abraço apertado, que logo se transformou em um beijo suave e cheio de carinho. O mundo ao nosso redor parecia desaparecer, deixando apenas nós dois e a promessa de um novo começo.

Quando o beijo terminou, ambos sorrimos, ainda um pouco atordoados com o que havia acabado de acontecer.

— Então... somos oficialmente namorados agora? — Jay perguntou, ainda segurando-me pelos braços.

— Acho que sim. — Respondi com um sorriso tímido, sentindo-me mais feliz do que jamais estive.

Voltamos para a festa, agora como um casal, e a noite que parecia ser apenas mais uma entre tantas se transformou na primeira de muitas memórias inesquecíveis que construiríamos juntos.


CECILINDAAA

Enhypen Imagines - OT7Onde histórias criam vida. Descubra agora