Capítulo 26 - Sunoo

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— Este capítulo foi escrito no pretérito mais-que-perfeito. Aproveite! —

Segredos ao Luar

A noite estivera mais silenciosa do que de costume. Apenas o som suave do vento que dançava entre as árvores se fizera presente, trazendo consigo o frescor de uma brisa leve que arrepiava minha pele. Eu estivera sentada no balanço do jardim, observando o céu, onde as estrelas brilhavam como pequenos segredos contidos no vasto manto negro. As luzes da cidade ao longe mal conseguiam ofuscar a imensidão do céu noturno. Fora o tipo de noite perfeita, aquela que carregava a sensação de que algo estivera prestes a acontecer.

De longe, vi Sunoo se aproximando devagar, as mãos nos bolsos, como sempre fazia quando se encontrara imerso em seus pensamentos. Seu andar fora leve, quase silencioso, como se ele fosse parte da própria escuridão ao nosso redor. Havia algo em seu olhar que sempre me intrigara — algo que ele nunca deixara transparecer completamente. Aqueles olhos grandes e expressivos, que pareciam guardar mais segredos do que palavras poderiam revelar.

— Pensei que não tivesses vindo — comentei, tentando esconder a pequena agitação no meu peito. Ele sempre tivera esse efeito sobre mim, e eu odiava que fosse tão óbvio.

— Eu nunca te teria deixado esperando, S/n — ele respondeu, parando em frente a mim e me olhando profundamente.

O peso da sua presença sempre me afetara de um jeito que eu não conseguia controlar. Havia uma tensão entre nós, como se algo estivesse prestes a romper, algo que ambos sentíamos, mas nunca discutíramos. Por muito tempo, escondêramos nossos verdadeiros sentimentos embaixo de uma amizade sólida, mas, naquela noite, havia algo diferente no ar. Era como se o brilho da lua e o silêncio ao nosso redor tivessem aberto um espaço para o que sempre estivera lá, mas nunca fora dito.

Ele se abaixara, tocando minha mão levemente enquanto se sentava ao meu lado no balanço. A sensação do seu toque era familiar, mas havia um calor novo ali, uma faísca que fizera meu coração bater mais rápido.

— Você sempre ficava tão pensativa quando olhava para o céu. Em que estava pensando hoje? — Sunoo perguntou, com a voz suave, mas cheia de curiosidade.

— Eu pensava... no quanto eu guardava coisas dentro de mim, e no quanto isso me pesava às vezes — respondi, sem conseguir desviar o olhar do brilho das estrelas. Era mais fácil falar enquanto não olhava diretamente para ele.

Ele ficara em silêncio por um momento, apenas observando, como se soubesse que eu estava à beira de dizer algo importante. E, de fato, eu estava.

— Eu também guardara coisas, S/n. Coisas que nem sempre pude dizer. — Ele falara tão baixinho que, por um segundo, achei que poderia ter imaginado.

Virei-me para ele, e nossos olhares se encontraram. Havia algo em seus olhos naquela noite que eu nunca havia visto antes. Um desejo contido, uma vulnerabilidade que ele sempre mantivera escondida. Foi então que percebi — nós dois estávamos fartos de esconder o que sentíamos.

Ele levantara lentamente a mão e tocara meu rosto, seus dedos desenhando um caminho suave pela minha pele. Meu corpo todo reagira ao toque, e senti o calor subindo pelo meu rosto. Era impossível não corresponder àquele gesto, era como se todo o universo estivesse conspirando para nos empurrar um para o outro.

— Sunoo... — murmurei, sem saber exatamente o que estava prestes a dizer, mas ele não me deixara terminar.

Com uma lentidão quase agonizante, ele se inclinara em minha direção, os olhos presos nos meus, como se estivesse pedindo permissão silenciosa para cruzar aquela linha que separava a amizade do desconhecido. Quando seus lábios finalmente encontraram os meus, senti como se o mundo ao nosso redor tivesse parado. O beijo fora suave, mas carregado de uma intensidade que eu nunca experimentara antes.

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