Theocadia- Tentando Quebrar o Feitiço do Coração

Gravidez ou engano?

A manhã começa com Leocádia sentindo um mal-estar estranho. Ela se levanta rapidamente da cama e corre para o banheiro, mal conseguindo segurar o vômito. Theobaldo está no armazém, mas Vó Berta escuta tudo e observa do quadro.

— Leocádia, está tudo bem? — pergunta Vó Berta, com um tom curioso.

Leocádia enxuga a boca e respira fundo, ainda tentando entender o que está acontecendo.

Não pode ser... não posso estar grávida. É cedo demais! — pensa Leocádia.

Ela se apoia na pia, olhando-se no espelho.

— Leocádia, talvez você esteja grávida. Já pensou nisso? E por que não aceita logo o pedido de casamento de Theobaldo? Está mais do que na hora — diz Vó Berta, suspeitosa.

— Grávida? Não, não pode ser! Eu não estou grávida! — responde Leocádia, nervosa, quase gritando.

— Há um jeito de saber com certeza. Vamos fazer um teste com o caldeirão. Se a varinha boiar, você está grávida. Se afundar, não está — diz Vó Berta, com um leve sorriso.

Relutante, mas curiosa, Leocádia segue as instruções de Vó Berta. Ela coloca a varinha mágica no caldeirão, o coração acelerado enquanto espera o resultado.

Por favor, afunde... não pode boiar! — pensa Leocádia, nervosa.

A varinha começa a flutuar lentamente na superfície do caldeirão, boiando como uma folha na água. Leocádia sente um nó no estômago, a respiração presa na garganta.

— E então, o que aconteceu, querida? — pergunta Vó Berta, ansiosa.

— Afundou, Vó. Não estou grávida — responde Leocádia, rapidamente tirando a varinha e mentindo.

Vó Berta fica em silêncio, mas seu olhar diz que ela suspeita da verdade. Leocádia, tentando esconder o nervosismo, sai rapidamente do porão.

Mais tarde, Leocádia desce até a portaria, ainda agitada. Ela encontra Severino sentado em sua cadeira enquanto Sisi, a esposa dele, faz uma massagem nos ombros do marido, bem no meio do expediente.

— Dona Leocádia! Eu... eu posso explicar! — diz Severino, surpreso e com medo.

— Não precisa, Severino. Quero perguntar algo... Sissi, como foi sua gravidez? — diz Leocádia, distraída, sem prestar atenção.

Severino e Sisi trocam olhares confusos. Ele está acostumado a ser repreendido por Leocádia por qualquer pequena distração, mas a chefe parece completamente alheia ao que está acontecendo.

— Foi boa, mas com muitos sintomas. Está tudo bem, Dona Leocádia? — pergunta Sisi, curiosa, mas cautelosa.

— Sim, claro... só estou curiosa sobre... sintomas, talvez — diz Leocádia, tentando manter a calma.

Ela nem parece ligar para o que estamos fazendo... isso não é normal. Algo está acontecendo — pensa Severino, observando-a nervosa.

Será que a Dona Leocádia está... grávida? — pensa Sisi, intrigada.

Leocádia sai sem dizer mais nada, deixando Severino e Sisi ainda mais intrigados.

De volta ao apartamento, Leocádia encontra Theobaldo no sofá, relaxando após um longo dia. Ele sorri ao vê-la, mas logo percebe que algo está errado.

— O que houve, prometida? Você está pálida. Aconteceu alguma coisa? — pergunta Theobaldo, preocupado.

Leocádia hesita antes de responder, seu coração batendo rápido.

Não posso deixá-lo saber... não agora. Preciso de tempo para processar isso — pensa Leocádia.

— Não é nada, Theobaldo. Só um pouco de dor de cabeça — responde Leocádia, tentando sorrir.

— Dor de cabeça, é? Ela estava passando mal desde hoje de manhã, Theobaldo. Vomitou e tudo! — intervém Vó Berta, do quadro.

Theobaldo franze a testa, tentando entender o que poderia estar acontecendo.

Ela não costuma ficar assim... Será que é algo que ela não quer me contar? Alguma coisa mais séria?— pensa Theobaldo.

— Leocádia, se não está se sentindo bem, precisa me contar. Podemos resolver isso juntos — insiste Theobaldo, gentilmente.

Leocádia, ainda nervosa, tenta desviar o foco da conversa.

— Theobaldo, eu te disse que deve ter sido só algo que eu comi. Nada com o que se preocupar — diz Leocádia, evitando o olhar dele.

Ela parece tão certa disso... Mas e se for mais sério? Preciso descobrir uma maneira de ajudá-la — pensa Theobaldo.