A volta ao prédio

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Leocádia e Theobaldo finalmente desembarcam no Prédio Azul após a viagem para a "ilha dos bruxos" nas Maldivas Transilvânia. Ao chegar, Leocádia, em seu clássico estilo confiante e às vezes impaciente, não esconde a satisfação de estar de volta ao seu lar

Leocádia (com um sorriso satisfeito): 
— Ah, Theobaldo, finalmente de volta. Nada como o meu querido prédio... Não é que foi bom sair um pouco? Mas esses lugares exóticos me cansam.

Theobaldo (sempre carinhoso e admirado com ela, tentando segurá-la pela cintura): 
— Eu concordo, Leocádinha. Mas... nossa lua de mel foi mágica, não acha? Aquele chalé... as praias que brilhavam à noite...

Leocádia (dando de ombros e fazendo charme): 
— As praias eram bonitas, mas nada que eu já não tenha visto em alguma poção mágica. Agora, deixe-me voltar ao trabalho, Theobaldo!

Enquanto Theobaldo ainda está suspirando, com um sorriso bobo no rosto, o casal entra no prédio. O som da vassoura de Severino varrendo ecoa pela entrada. Ele olha para eles com os olhos arregalados, como se estivesse esperando por esse retorno.

Severino (com a vassoura nas mãos, um sorriso nervoso): 
— Dona Leocádia! Theobaldo! Já voltaram? Como foi a viagem?

Severino, ainda com a vassoura nas mãos, pisca para Theobaldo com um sorriso conspiratório.

Severino: 
— Parece que a lua de mel deixou a Dona Leocádia um pouco mais... doce, não é, chefe?

Leocádia (cruzando os braços e franzindo a testa): 
— O que você disse, Severino? Quer perder o emprego?

Severino, sempre submisso e um pouco nervoso, volta rapidamente ao trabalho, mas não sem antes sussurrar para si mesmo: 
— Não mudou tanto assim, pelo visto...

Enquanto isso, Leocádia começa a andar em direção ao elevador, pronta para retomar sua rotina, mas Theobaldo, sempre apaixonado, a segue com um sorriso no rosto, sussurrando suavemente:

Theobaldo: 
— Ah, Leocádinha... não precisa se esconder. Sei que está feliz por estar de volta comigo.

Leocádia, sem olhar para ele, tenta segurar o riso, mas seus olhos brilham. Ela sabe que, apesar de sua teimosia e jeito durão, tem sorte de ter Theobaldo.

Eles voltam para o apartamento de Leocádia.

Vó Berta (com um sorriso maroto): 
— Ora, ora, Leocádia, que brilho novo é esse no olhar? Algo me diz que essa viagem não foi só para relaxar, hein?

Leocádia, corando levemente e sem perder a compostura, lança um olhar fulminante para o quadro.

Leocádia (de forma seca): 
— Não é da sua conta, Vó Berta. Por acaso, esqueceu que tem coisas mais importantes para se preocupar além da minha vida pessoal?

Vó Berta (rindo): 
— Ah, minha querida, parece que você voltou ainda mais temperamental. Theobaldo, querido, o que você fez para ela?

Theobaldo (coçando a cabeça, sem graça): 
— Bem... nós tivemos uma lua de mel, Berta. Talvez isso tenha... mexido um pouco com os ânimos dela.

Leocádia rapidamente interrompe, empinando o nariz de forma decidida.

Leocádia: 
— Chega de bobagem, Theobaldo! Agora, temos muito a fazer.

Vó Berta observa os dois, sorrindo de forma enigmática, antes de tirar sua soneca da tarde.

A tarde Leocádia, com a cabeça repousada no peito de Theobaldo, acariciava suavemente sua barriga. Seus pensamentos estavam divididos entre a felicidade pelo casamento e a ansiedade pela gravidez. Desde que soubera da notícia, algo dentro dela mudara — ela se sentia mais sensível, mais vulnerável, mas também mais decidida a proteger sua nova família.

Theobaldo, percebendo a mudança de humor da esposa, que agora parecia mais pensativa, beijou-lhe o topo da cabeça, perguntando suavemente:

— O que se passa nessa cabecinha, Leocádinha? Está preocupada com alguma coisa?

Leocádia suspirou, demorando um pouco antes de responder. Ela levantou a cabeça para encará-lo, os olhos cheios de algo que Theobaldo não conseguia identificar de imediato. Havia uma mistura de carinho, preocupação e... talvez, uma pitada de medo.

— Estava pensando na gravidez — disse ela, a voz um pouco hesitante. — Nunca imaginei que passaria por isso... e agora que estou, fico imaginando como vai ser. Como vai ser ser mãe, como vamos lidar com tudo isso.

Theobaldo sorriu, tentando acalmá-la. Ele passou a mão pelos cabelos dela, afastando uma mecha que caíra em seu rosto.

— Vai ser incrível. Eu mal posso esperar para ver nosso filho ou filha correndo pela casa, enchendo a vida de magia e risos. Você vai ser uma mãe maravilhosa, Leocádia. Tenho certeza.

Ela sorriu levemente, mas logo o sorriso se transformou em uma expressão de dúvida.

— Mas e se forem dois? — perguntou ela, de repente. — Sinto que podem ser gêmeos. Não sei explicar, mas... é como se eu já soubesse.

Theobaldo ficou surpreso por um momento, mas logo riu baixinho.

— Gêmeos? — perguntou ele, ainda com um sorriso divertido no rosto. — Não seria impossível, considerando nossa vida cheia de surpresas. Mas não importa quantos forem, vou estar ao seu lado. Sempre.

Leocádia deu um leve sorriso, mas logo virou o rosto, desviando o olhar. Ela sempre tivera dificuldade em demonstrar fraqueza, e a ideia de estar grávida e de toda a responsabilidade que viria com isso a deixava um tanto vulnerável.

— E você, Theobaldo... o que você quer? Menino ou menina?

Theobaldo riu suavemente, refletindo por um momento.

— Eu... acho que gostaria de uma menina — disse ele, sonhador. — Uma pequena bruxinha, com seus olhinhos curiosos e cabelo bagunçado, correndo pelo prédio e nos dando trabalho. Mas, se for um menino, vou ficar igualmente feliz. Só quero que seja saudável e tão incrível quanto você.

Leocádia riu dessa vez, genuinamente, e deu um leve tapa no braço de Theobaldo.

— Não exagere — disse ela, com uma expressão de leve irritação, mas no fundo, ela adorava o jeito carinhoso dele. — Ainda temos muito o que preparar. E agora que estamos casados, tem mais uma coisa...

— O quê? — perguntou ele, curioso.

— Precisamos levar algumas das suas coisas para a minha casa. Afinal, somos casados agora. Ou você vai continuar indo para seu armazém sempre que quiser pegar uma roupa?

Theobaldo soltou uma gargalhada.

— Acho que você tem razão. — Ele se levantou da cama, começando a vestir suas roupas. — Mas não se preocupe, vou fazer isso rapidinho com o meu anel. Quer ver como sou eficiente?

Ele usou o anel, com um movimento rápido, fez com que algumas roupas, seus pertences mais importantes, e até o ferrocato, se materializassem na casa de Leocádia. As roupas estavam perfeitamente dobradas, e o ferrocatos pousou em cima do balcão, ao lado do livro de feitiços dela.

— Pronto! — disse ele, orgulhoso. — Agora, oficialmente, sou o marido mais rápido do mundo bruxo.

Leocádia observou tudo com um sorriso satisfeito, apesar de estar fingindo  estar impressionada. Ela se levantou e passou a mão levemente pelo ferrocatos, ao lado de seu livro, como se estivesse testando a ideia de dividir seu espaço com Theobaldo.

— É, até que ficou bom — Ela se aproximou dele, o abraçando suavemente. — Vamos ver se consegue manter tudo organizado agora, porque, se fizer bagunça, não vou hesitar em te mandar de volta para o armazém.

Theobaldo riu e beijou-lhe a testa.

— Vou ser um marido muito obediente, prometo.

Theocadia- Tentando Quebrar o Feitiço do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora