Meses depois

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Os meses passaram rapidamente, e Leocádia, com sua gravidez de bruxa avançada, agora carregava uma barriga notavelmente grande. A magia acelerava tudo — desde o crescimento do bebê até os sintomas que ela experimentava, e o tempo parecia voar. As manhãs eram preenchidas com chutes constantes na barriga, o que deixava Leocádia entre encantada e incomodada.

Leocádia estava sentada em sua poltrona favorita, descansando a mão sobre a barriga enquanto sentia os movimentos do bebê. Theobaldo, ao seu lado, não conseguia esconder o sorriso de orgulho. Ele observava, fascinado, cada vez que o bebê chutava.

— Ele, ou ela, está cheio de energia, hein? — comentou Theobaldo, com um brilho nos olhos.

Leocádia sorriu levemente, sentindo mais um chute forte.

— Parece que sim... esse bebê vai ter muita personalidade — respondeu ela, apesar de estar claramente um pouco cansada.

Antes que pudessem continuar a conversa, o telefone tocou. Theobaldo se levantou rapidamente para atender, e ao ver quem era, não pôde evitar um suspiro. Era sua irmã, Theodora, sempre curiosa e, às vezes, um pouco intrometida.

— Alô, Theodora — atendeu ele, tentando soar alegre. — Como você está?

Do outro lado da linha, a voz animada de Theodora soou:

— Theobaldo! Finalmente consegui falar com você. Como está Leocádia? Soube que ela está grávida! Como estão as coisas por aí?

Theobaldo olhou para Leocádia, que permanecia com a mão na barriga, ainda sentindo os chutes do bebê, e sorriu.

— Está tudo bem por aqui, Theodora. Leocádia está lidando com os sintomas... sabe como ela é. Mesmo com essa gravidez acelerada, continua com aquele jeito duro de sempre.

Theodora riu, mas logo sua voz ficou um pouco mais séria.

— Eu realmente não entendo como você conseguiu conquistar aquela mulher. Não me leve a mal, Theobaldo, mas ela sempre foi tão difícil. Você... não usou algum feitiço nela, usou?

Theobaldo, que sempre teve paciência com a irmã, respirou fundo, tentando não se irritar. Ele sabia que Theodora não falava por mal, mas aquela insinuação tocava em um ponto sensível para ele.

— Theodora, isso é uma ofensa — disse ele, mantendo a voz calma, mas firme. — Você não sabe quantas vezes Leocádia me rejeitou, quantas noites eu passei pensando se ela algum dia me aceitaria. E, mesmo assim, eu continuei a amá-la. Eu nunca usaria um feitiço nela. O que temos agora é real, e estou muito feliz por estarmos esperando um bebê. Vamos ter uma família, e isso não foi por magia, foi por amor.

Houve um breve silêncio do outro lado da linha, e Theobaldo quase podia sentir o arrependimento de Theodora.

— Me desculpe, irmão. Eu não quis ofender você. Só estou surpresa... mas, se você está feliz, eu também estou — respondeu ela, com um tom mais suave. — Estou ansiosa para conhecer meu sobrinho... ou sobrinha!

— Obrigado, Theodora — respondeu Theobaldo, relaxando um pouco. — Nós também estamos ansiosos. Agora, preciso cuidar da Leocádia. Falo com você depois, tá bem?

— Claro, claro. Até mais, Theobaldo.

Ele desligou o telefone, voltando para junto de Leocádia, que agora estava de olhos fechados, tentando descansar.

— Tudo bem com Theodora? — perguntou ela, sem abrir os olhos.

— Ela só estava curiosa... e preocupada com você. Nada demais.

Leocádia abriu um olho, lançando um olhar questionador a Theobaldo.

— Hm... espero que ela não tenha dito nada que me irrite. Estou com pouca paciência hoje.

Theobaldo riu suavemente e beijou-lhe a testa.

— Não se preocupe, Leocádinha. Você já tem bastante para se preocupar com esse pequeno aqui — disse ele, acariciando suavemente a barriga dela.

Leocádia suspirou, fechando os olhos novamente.

— Sim... e pelo jeito, ele ou ela não vai me deixar em paz tão cedo

Theocadia- Tentando Quebrar o Feitiço do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora