Chapitre 7

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As Olimpíadas de 2024 estavam a pleno vapor. A arena estava lotada, com os espectadores vibrando a cada salto, cada giro e cada aterrissagem perfeita. Para Rebeca, esse era o momento pelo qual ela havia esperado nos últimos dois anos — desde o acidente que a afastara da competição. E agora, finalmente, ela estava de volta.

Rebeca tinha recuperado sua forma física de maneira impressionante. A luta havia sido dura, mas o foco e a determinação de estar ali, naquele exato momento, superaram qualquer obstáculo. Contudo, o reencontro com Simone Biles era inevitável. As duas estavam prestes a competir na final do individual geral.

Simone, sempre serena e focada, caminhou até Rebeca antes da competição começar. Havia um silêncio estranho entre elas, um desconforto evidente que Simone tentava quebrar com um sorriso cordial.

— Rebeca, que bom ver você aqui — Simone disse, com sinceridade. — Depois de tudo o que passou, você está de volta. Parabéns por não desistir.

Rebeca cruzou os braços, seu olhar frio e desdenhoso pousando sobre Simone.

— Ah, você acha? — respondeu ela, a voz pingando sarcasmo. — Pois é, quem diria que eu conseguiria, não é?

Simone franziu a testa, surpresa com o tom afiado de Rebeca. Mesmo sabendo que as coisas haviam sido difíceis, ela não esperava uma recepção tão fria.

— Rebeca, eu só queria dizer que estou feliz por você ter superado tudo. Sei que foi um caminho difícil, e estou realmente orgulhosa de ver o quanto você evoluiu.

Rebeca soltou uma risada seca, balançando a cabeça.

— Orgulhosa? Simone, vamos ser honestas. Você acha que eu não percebo como você age como se fosse superior? Como se todo mundo estivesse abaixo de você? — Ela inclinou-se levemente, olhando Simone diretamente nos olhos. — E agora que estou de volta, você está preocupada, não está?

Simone recuou, surpresa com a dureza das palavras de Rebeca.

— Não, Rebeca, você está entendendo errado. Eu não estou aqui para competir contra você dessa forma. O esporte não se trata disso pra mim.

Rebeca revirou os olhos, claramente irritada.

— Ah, claro, o discurso da atleta perfeita. Todo mundo adora a Simone Biles, não é? Mas sabe o que eu acho? — Rebeca deu um passo à frente, o rosto sério. — Eu acho que você está com medo de que eu te tire o pódio. Que eu finalmente mostre que não preciso da sua ajuda, da sua compaixão barata. Eu cheguei até aqui sozinha, Simone. E vou mostrar para o mundo que você não é invencível.

Simone respirou fundo, tentando manter a calma, mas era evidente que as palavras de Rebeca haviam atingido um ponto sensível. Ela sabia que Rebeca estava magoada, mas não esperava tanto rancor.

— Rebeca, você é uma grande atleta. Sempre foi. Eu só queria te apoiar, porque sei o quanto essa jornada pode ser solitária.

Rebeca deu uma risada sarcástica, virando-se de costas para Simone.

— Solitária? Eu prefiro assim. A última coisa que eu preciso é da sua piedade. — Ela olhou por cima do ombro, com um sorriso frio. — Boa sorte hoje, Simone. Vai precisar.

Simone ficou ali, parada por um momento, tentando processar a frieza de Rebeca. Ela sabia que a competição seria difícil, mas agora sentia que não era apenas uma batalha pela medalha. Era uma batalha de egos, de mágoas que ainda não haviam cicatrizado.

Após uma competição intensa e cheia de tensão, o resultado finalmente foi anunciado. O pódio estava montado, com a arena em um silêncio ansioso enquanto os juízes revelavam os vencedores. Rebeca não conseguia esconder o sorriso de triunfo quando seu nome foi chamado como a nova campeã olímpica no individual geral. Ela havia feito o impossível — derrotado Simone Biles e conquistado o ouro.

Rebeca subiu ao pódio, erguendo a cabeça com orgulho, sentindo o peso da medalha de ouro enquanto ela era colocada em seu pescoço. O público aplaudia com entusiasmo, mas havia uma mistura de surpresa e choque nas arquibancadas. Simone, ao lado, havia terminado com a prata, mantendo um sorriso profissional no rosto, mas seu olhar traía uma emoção mais profunda — decepção, talvez? Não com Rebeca, mas com a situação.

Quando as câmeras se voltaram para capturar o momento de celebração, Rebeca olhou de relance para Simone, que permanecia calma, controlada, sem demonstrar amargura. Isso irritou Rebeca ainda mais. Ela queria ver Simone abatida, frustrada. No fundo, Rebeca não queria apenas vencer — queria provar que não precisava de ninguém, muito menos da ajuda de Simone.

Após a cerimônia, as duas atletas desceram do pódio, cada uma cercada por repórteres. Rebeca, ainda cheia de adrenalina e orgulho, foi abordada primeiro.

— Rebeca, como você se sente sendo a nova campeã olímpica, especialmente depois de tudo o que passou? — perguntou um dos jornalistas.

Ela sorriu, mas havia um brilho afiado em seus olhos.

— Sinto que finalmente provei do que sou capaz. Passei por muita coisa, e isso só me fez mais forte. Estar aqui hoje e vencer... é a prova de que eu não preciso de caridade ou simpatia de ninguém. Eu consegui isso por mim mesma.

Os repórteres perceberam o tom e a provocação implícita, sabendo que era uma clara referência à relação tensa com Simone. Outra pergunta veio rapidamente.

— Houve momentos de tensão durante a competição. Você acha que sua rivalidade com Simone Biles teve um impacto no resultado?

Rebeca riu de maneira desdenhosa.

— Rivalidade? Eu não chamaria assim. Não existe rivalidade quando só uma pessoa está no topo. — Ela deu uma olhada em direção a Simone, que estava à distância, cercada por sua própria equipe de jornalistas. — Ela teve seu momento, mas agora é minha vez.

Nesse instante, Simone, que até então evitava se envolver no drama, decidiu se aproximar. As duas atletas se encontraram no centro do corredor, cercadas por câmeras e flashes. O público assistia com atenção, esperando uma interação pública após a vitória de Rebeca.

— Parabéns, Rebeca — disse Simone, com um sorriso calmo, estendendo a mão. — Você competiu muito bem.

Rebeca olhou para a mão estendida, hesitando por um momento antes de apertá-la com firmeza, mas sua expressão continuava fria.

— Obrigada — respondeu ela, sua voz carregada de tensão. — Espero que isso sirva como uma lição de que não preciso da sua ajuda.

Simone manteve o sorriso, mas havia algo nos olhos dela — uma mistura de cansaço e compreensão. Ela já tinha passado por isso antes, lidado com pressões, críticas e, acima de tudo, com atletas que, como Rebeca, sentiam que precisavam provar algo.

— Eu nunca disse que precisava — Simone respondeu calmamente. — Sempre soube que você era capaz por si só. Só queria estar aqui se precisasse de apoio.

Rebeca estreitou os olhos, a raiva e o orgulho ainda a dominando.

— Eu nunca precisei de você — Rebeca disse, o tom definitivo.

Simone apenas assentiu, percebendo que não havia mais o que dizer. Ela se virou para sair, deixando Rebeca sozinha, cercada pelo burburinho dos jornalistas e fãs. Mas, enquanto observava Simone se afastar, um estranho vazio começou a se instalar em seu peito. Ela havia vencido, sim, mas por que ainda sentia como se algo estivesse faltando?

Enquanto a arena começava a se esvaziar e a adrenalina diminuía, Rebeca percebeu que, apesar de todo o ouro e glória, a vitória não tinha trazido a satisfação que ela esperava. Talvez fosse o preço de afastar aqueles que estavam ao seu lado. E agora, mesmo com a medalha pendurada em seu pescoço, ela sentia o peso de algo muito maior — o peso da solidão.

Mas Rebeca, teimosa como era, afastou qualquer vestígio de dúvida. Ela havia escolhido esse caminho, e agora teria que lidar com suas consequências, para o bem ou para o mal.

A simplicity on the podium (Primeira Temporada Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora