sixty four

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ANA FLÁVIA CASTELA

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ANA FLÁVIA CASTELA

Respiro fundo mais uma vez ao sentir uma contração, mais uma depois de sei lá quantas.

Não vou parir agora.

Não posso parir agora.

Não quero nem pensar em parir agora.

Sem chances.

Estou de oito meses e tem algumas coisinhas sem fazer ainda.

Falta arrumar a minha mala de maternidade e arrumar algumas coisas do quartinho da bebê.

Roupas eu já comprei e ganhei tantas que minha nossa, não sei nem aonde guardar todas elas.

Eu não posso ver um vestidinho ou blusinha que já quero comprar pra ela, ainda mais aquelas roupas de mãe e filha, eu babo!

São roupas tão pequenininhas que dá vontade apertar.

Dobro minhas roupas e coloco elas dentro da mala.

Sábado iriamos pra fazenda, e queria aproveitar um pouco com os meus meninos antes de ganhar a bebê e estamos dobrando a nossa atenção á Benício nesses últimos dias. 

Estou morrendo de medo dele ficar com ciúmes quando a bebê chegar, apesar de que ele é um grude com a minha barriga, adora conversar com a irmã e fica mais doido ainda quando ela chuta.

Eu enchi muito a cabeça do Gustavo para fazermos essa viagem, não é uma contraçãozinha que vai me privar disso.

Ele está com medo de ganharmos a bebê antes do tempo ou de acontecer alguma coisa. Então ele está insistindo para que ficarmos aqui, que está perto do hospital e da médica e tals.

Só que eu não aguento mais ficar em casa.

Já estou de licença maternidade, pois semana passada eu tive uma crise de nervoso com a Suzana, o que me resultou num pequeno sangramento. Todo mundo pirou e me levaram pro hospital, levei uma bronca da médica e do Gustavo. Pois ele mesmo que estava falando pra mim não ir trabalhar e ficar longe daquela mulher.

Mas foi impossível! 

Ela estava querendo mandar em mim de novo e eu dei uma na lata dela. Respondi mesmo e responderia novamente se fosse preciso. 

Mulher chata que não tem o que fazer. Vou arrumar uma cama pra ela dormir, por que ela está falando demais!

 Coloco a mão na barriga após sentir mais uma pontada.

-- Nem pense em vir antes da hora, neném... - sussurro e fecho os olhos ao sentir a contração se intensificar.

-- Como isso doí, puta que pariu... - xingo baixinho e me apoio na cama.

Faltam duas semanas pra mim completar nove meses, então eu não posso parir agora.

Fico uns longos minutos apoiada na cama e esperando a dor passar, quando ela passa eu exclamo de alivio e me levanto com cuidado.

Deixa eu pousar em você (miotela)Onde histórias criam vida. Descubra agora