A noite passou devagar, e o sono foi interrompido por pensamentos que não me deixavam descansar completamente. Virei-me várias vezes na cama, tentando encontrar uma posição confortável, mas a inquietação não me permitia relaxar. Podia sentir o corpo quente de Caius ao meu lado, o ritmo constante de sua respiração indicando que ele também estava acordado.
Não consegui evitar o turbilhão de emoções dentro de mim. O que havia acontecido com nós dois?. Como chegamos a esse ponto, onde palavras e toques simples eram cheios de inseguranças e medos?.
Senti o peso de todas as escolhas que fizemos, de todas as palavras não ditas, e das mágoas acumuladas ao longo do tempo.Em algum momento, senti Caius se mover ao meu lado. O leve ranger do colchão foi seguido pelo toque suave de sua mão em meu braço. Ele não disse nada, mas o gesto foi o suficiente para me fazer sentir um pouco mais segura, como se ele estivesse tentando me dizer que, apesar de tudo, ainda estava aqui comigo.
Fechei os olhos, tentando focar apenas na sensação de sua mão em minha pele, no calor que emanava dele. Era o tipo de conforto que eu precisava, uma lembrança de que, mesmo em meio à escuridão, havia algo de bom entre nós, afinal, todos os casais passam por um momento difícil na vida.
Aos poucos, a tensão em meus músculos começou a diminuir, e meu corpo cedeu ao cansaço.
Quando finalmente adormeci, meus sonhos foram cheios de sombras, refletindo o caos que eu sentia por dentroAcordei com os primeiros raios de sol entrando pelas frestas das cortinas. O calor da luz suave do início da manhã tocou meu rosto, trazendo-me lentamente de volta à realidade. A noite, embora conturbada, havia passado, e com o novo dia vinha a oportunidade de tentar de novo.
Pisquei, tentando afastar o sono, e percebi que Caius ainda estava ao meu lado, deitado de costas com o braço jogado sobre a testa. Sua respirando estava, calma, lenta e ritmada. Olhei para ele, e por um momento, apenas observei.
Ele parecia tão sereno enquanto dormia. O rosto dele estava tranquilo, e por um momento, parecia tão pacífico que quase me esqueci de todas as preocupações. Quase.Levantei-me da cama, tentando fazer o mínimo de barulho possível para não acordá-lo. Fui até o banheiro e me olhei no espelho. Meus olhos estavam levemente inchados, e meu cabelo estava uma bagunça, mas havia algo diferente no meu reflexo. Talvez fosse a determinação renovada de fazer o que fosse necessário para recuperar o que perdemos.
Tomei um banho rápido, somente para me ajudar a acordar direito.
Enquanto me vestia, optei por uma roupa confortável, uma calça de moletom preta e uma camiseta cinza, simples e prática para um dia que prometia ser longo.Quando saí do banheiro, Caius já estava acordado, sentado na beira da cama com a cabeça baixa e as mãos entrelaçadas. Ele parecia perdido em pensamentos, e por um momento, hesitei em me aproximar. Mas então, decidi que era melhor falar do que deixar o silêncio se prolongar.
- Bom dia. Disse suavemente, cruzando o quarto até ele.
Ele levantou os olhos, e um pequeno sorriso se formou em seus lábios. Sua carinha de sono era tão linda.
- Bom dia, Calliope.
Aproximei-me mais, parando na frente dele.
- Caius, sobre ontem... . Eu sei que estamos passando por muita coisa, mas eu realmente acredito que podemos superar isso. Só precisamos ser mais honestos um com o outro.
Ele suspirou, os ombros caindo ligeiramente.
- Eu sei, e estou disposto a tentar. Só quero que a gente volte a ser o que éramos.
Toquei seu rosto com a ponta dos dedos, sentindo a aspereza de sua barba por fazer.
- E vamos. Mas vai exigir esforço de ambos os lados. Não podemos continuar assim. Não podemos nos afastar mais.
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Entre flores e segredos
RandomA vida pacífica de Calliope Lewis na floricultura da família é virada de cabeça para baixo quando ela recebe uma fita cassete e uma carta misteriosa. Envolvida em um jogo psicológico de gato e rato, ela enfrenta uma perigosa batalha de sobrevivência...