Capítulo 28 | Missão

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NOAH

O cheiro de cigarro era insuportável, aquele cheiro nojento se misturava perfeitamente com o som agudo das risadas e do tilintar das fichas de aposta. Eu nunca gostei muito de cassinos, mas, quando o Magnata manda, e me oferece uma quantia grande de dinheiro, eu obedeço. A missão era simples, eliminar Sebastian, um rato gordo que estava roubando clientes do quartel de drogas. Nada pessoal, só negócios.

Me encostei no balcão do bar, pedindo uma bebida só para não levantar suspeitas, eu nem bebo, que idiotice. O barman me olhou rápido, nervoso, provavelmente me reconhecendo, mas não disse nada. Eu já tinha feito alguns servicinhos para Sebastian, quando ele era a presa, mas agora o jogo virou, tem outros tubarões que estão dispostos a pagar mais.

Enquanto balançava a bebida, meus olhos varriam o lugar, calculando, mapeando. Tinha muita gente ali, mas eu não me importava com a maioria. Meus olhos estavam focados nas portas de segurança e no que se escondia atrás delas. Sebastian devia estar lá, provavelmente cercado de seguranças. Um bando de idiotas que não sabiam nem apertar o gatilho.

Duas mulheres se aproximaram de mim, achando que poderiam me enganar com os mesmos truques baratos que usam com qualquer idiota desesperado. A loira, com um vestido ridiculamente apertado, se encostou em mim, arrastando as unhas pelo meu braço como se estivesse diante de algo que pudesse controlar.

- Oi, gato. Sozinho por aqui?. Ela murmurou, com um sorriso forçado.

Eu olhei para ela, e o sorriso desapareceu do meu rosto num instante.

- Sou casado.

A amiga dela, uma morena de cabelo liso, deu uma risadinha.

- Nossa, calma aí. Só estamos tentando ser simpáticas... .

- Simpatia?. Seja simpática com outros então, tem vários que querem sua simpatia.

As duas se entreolharam, o desconforto. Mas mesmo com meu aviso aquela mulher não desgrudava de mim.

Me virei lentamente para ela, deixando o silêncio pesar por um momento. A loira sustentou o olhar, mas percebi a hesitação no fundo dos olhos dela. Era isso que eu gostava.

- Se você não se afastar eu vou mostrar a minha simpatia, quebrando a sua mão, parte por parte. Minha voz saiu baixa, o suficiente para só ela escutar

Ela recuou, mas não falou mais nada. Inteligente. A amiga dela apenas deu um passo para trás, se afastando em silêncio.

Voltei a olhar para o bar. Os minutos se arrastavam, mas eu sabia que Sebastian logo apareceria. E quando ele saísse, eu estaria pronto.

Dez minutos depois, ele surgiu. Gordo, careca, com óculos que mais pareciam fundos de garrafa, e um terno que mal conseguia disfarçar o suor escorrendo pelo pescoço. Era patético, um alvo fácil. Dei um gole na bebida e comecei a segui-lo.

Ele entrou em uma sala privada no fundo do cassino, cercado por dois seguranças. Esperei mais um pouco, me misturando à multidão, até que o momento certo chegou.

Caminhei a passos lentos, passando pela multidão de corpos dançantes e suados, todos movendo-se como marionetes sob o comando da música ensurdecedora. O cheiro de álcool barato, suor e drogas impregnava o ar. Eu odiava essa atmosfera. Um bando de perdedores, viciados em jogos que nunca poderiam ganhar, entorpecidos por substâncias e pela ilusão de grandeza. Cada um deles achava que podia mudar a vida em uma jogada, sem perceber que o jogo sempre foi manipulado.

Meus olhos cortavam a sala, ignorando as luzes piscantes e os risos falsos que ecoavam de todos os lados. Continuei caminhando, afastando-me da massa de idiotas que achava que esse era o auge da existência. O som da música parecia diminuir conforme me distanciava, e finalmente, cheguei até a porta. Ali, as risadas e conversas do outro lado ecoavam, abafadas, mas ainda audíveis.

Entre flores e segredosOnde histórias criam vida. Descubra agora