Capítulo 32 | Vazias de significado

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O barulho metálico da porta ecoou pelo corredor enquanto eu saía da sala, os passos eram rápidos. Não estava com paciência para rodeios, muito menos para joguinhos de alguém como Lysandra. Cada pedaço dessa cidade estava podre, e eu precisava manter Calliope longe desse lixo que rondava ao redor dela.

Mas, antes que pudesse chegar ao final do corredor, senti a presença dela atrás de mim. Lysandra me seguiu, os saltos batendo com precisão sobre o piso de concreto. O perfume caro dela se misturava com o cheiro de cigarro que ainda impregnava o ambiente.

- Ah, Noah... . Não vai nem se despedir?. A voz dela era melódica, provocativa, como se estivéssemos em um jogo que só ela compreendia.

Virei-me lentamente. Ela estava parada a alguns metros de mim, aquele sorriso cínico estampado no rosto, os olhos brilhando com uma intensidade que denunciava suas intenções. Ela se aproximou, deslizando os dedos pela lapela do meu moletom, o toque leve, quase imperceptível.

- Sabe... . Lysandra começou, a voz suave, quase sussurrada. - Você não precisa fazer tudo isso sozinho. Tem... maneiras mais fáceis de conseguir o que quer. Ela passou a língua pelos lábios, o olhar preso ao meu.

A paciência que eu tinha evaporou. Num movimento, agarrei seu braço e a empurrei contra a parede com força. O choque fez o sorriso dela desaparecer por um segundo, os olhos arregalados de surpresa. Minha mão estava em seu pescoço, apertando o suficiente para que ela soubesse que eu não estava brincando.

- Escuta aqui, sua vadia imunda. Rosnei, o rosto próximo ao dela. - Eu não quero mais ver a sua cara no caminho da Calliope. Se eu te encontrar perto da floricultura de novo, nem que seja de passagem, você vai conhecer um lado meu muito interessante.

Ela me olhou com uma mistura de medo e excitação, mas logo recuperou o controle, forçando um sorriso sarcástico.

- Isso foi uma ameaça?. O sarcasmo pingava da voz dela, enquanto tentava suavemente puxar os braços. - Porque, sinceramente, eu esperava mais de você. É só isso que tem para me oferecer?.

Apertei mais a mão no pescoço dela, o sorriso sumindo do rosto dela conforme a respiração ficava mais difícil.

- Você deveria ser uma amante melhor, Lysandra. Nem isso você está sabendo fazer direito.

Ela arregalou os olhos por um momento, o rosto ficando levemente vermelho pela falta de ar, mas mesmo assim conseguiu manter o sarcasmo.

- Oh, Noah... . Ela riu, ofegante. - Talvez você esteja certo. Talvez eu devesse me aprimorar... ou talvez você seja quem precisa de lições, já que você é o único que não está recebendo nada em troca.

Me inclinei um pouco mais, os olhos fixos nos dela, sem desviar.

- As únicas lições que você vai receber, Lysandra, vão ser quando eu abrir o seu precioso Caius e você não ter mais ninguém para te proteger. Agora, some da minha vista. E se tentar se aproximar da Calliope de novo, nem o Caius vai conseguir te salvar.

Soltei-a bruscamente, e ela se inclinou contra a parede, recuperando o fôlego, a mão no pescoço, massageando onde meus dedos haviam deixado marcas avermelhadas. Lysandra tentou manter o semblante altivo, mas eu via o medo crescendo nos olhos dela, por mais que ela tentasse disfarçar com aquele sorriso cínico.

Ela olhou para mim de baixo, ainda arquejando, e soltou uma risada baixa.

- Você pode me ameaçar o quanto quiser, Noah... Mas eu não sou a única com segredos aqui.

Ignorei as provocações dela, saindo do corredor sem olhar para trás. Deixei-a ali, no seu teatro patético, cheia de provocações vazias. Lysandra era só mais uma peça no tabuleiro, uma que eu faria questão de eliminar quando a hora certa chegasse.

Entre flores e segredosOnde histórias criam vida. Descubra agora