Capítulo 21 | Apoio

3 2 0
                                    

Eu tinha arrastado o pequeno sofá para frente da janela e estava sentada nele, olhando para fora do hospital. O ambiente era confortável, um lugar de paredes claras e farias árvores e arbustos bem cuidados, esse hospital com toda certeza é caro. Um caro que só Caius poderia pagar.

A luz fraca da manhã começando a iluminar o horizonte do hospital. O céu ainda estava um pouco escuro, tingido com algumas cores de cinza e azul que prenunciavam o dia. Sentir o calor gradual do sol emergindo lentamente me proporcionava um alívio, um pequeno consolo de que um novo dia estava começando.

Eu passei mais uma noite em claro, a ansiedade de que o homem da noite anterior pudesse voltar não me deixava fechar os olhos, meu coração até agora não diminuiu o compasso.
E para piorar tinha o silêncio das mensagens não respondidas que tinha enviado para Caius, ele nem tinha atendido minhas ligações e aquilo me inquietavam. Eu não queria perturbar Laura com minhas preocupações, ela já tinha feito tanto por mim.

O dia já clareava e eu precisava me preparar para ir embora.
Me levantei ainda um pouco tensa, peguei minha escova e pasta na bolsa e fui ao banheiro. Escovei os dentes com movimentos lentos, observando meu reflexo com um olhar cansado. Me troquei com cuidado, evitando qualquer movimento que pudesse abrir o machucado no meu dorso, onde o soro havia sido arrancado. Ao passar a mão pelo dorso, o hematoma roxo e dolorido me fez franzir a testa. Cada toque parecia amplificar a dor, e o simples ato de vestir as roupas era um desafio.
O hematoma, uma lembrança constante do último acontecimento, pulsava com uma dor surda, e eu não conseguia deixar de pensar no quão vulnerável me sentia.

Enquanto me preparava para voltar para a cama, o som que cortou o silêncio do quarto me fez congelar. Era uma voz que eu reconheci imediatamente.

- Eu vou ver minha filha agora!. A voz soava com uma urgência que eu não podia ignorar. - Não me encontrem, se não eu irei fazer um boletim contra esse hospital.

Meu coração deu um salto. A voz era inconfundivelmente, minha mãe estava aqui. A sensação de alívio e felicidade me invadiu instantaneamente, mas a confusão rapidamente se seguiu. O hospital não era lugar para minha mãe estar. Por que ela estava aqui?. Como ela tinha conseguido chegar até aqui?.

Antes que eu pudesse processar completamente, a porta do quarto se abriu abruptamente, batendo contra a parede com um estrondo. Minha mãe entrou, sua expressão de irritação era clara, e eu quase pulei de susto ao vê-la. Atrás dela, duas enfermeiras e Dana, com expressões preocupadas e cansadas.

Minha mãe estava ofegante, suas mãos agitadas enquanto ela olhava ao redor do quarto, tentando me localizar com um olhar frenético.

- CALLIOPE!. Ela chamou, sua voz agora cheia de preocupação e alívio. - O que você está fazendo aqui, minha filha?. Ninguém nessa merda de lugar me explica nada.

Eu estava paralisada por um momento, incapaz de reagir. A surpresa e a alegria de ouvir sua voz eram ofuscadas pela preocupação de que ela não deveria estar aqui. Minha mãe se adiantou, e as enfermeiras e Dana entraram atrás dela, tentando acalmar a situação.

- Desculpe, senhora, você não pode estar aqui agora. Uma das enfermeiras disse com um tom firme, tentando guiar minha mãe para fora do quarto. - O horário de visitas ainda não começou.

Minha mãe parecia não ouvir, suas mãos ainda segurando a borda da cama enquanto olhava para mim com uma mistura de alívio e desespero.

- Calliope, eu estava tão preocupada. Eu não sabia o que tinha acontecido, e nem onde você estava.

Enquanto Dana e as enfermeiras tentavam acalmar minha mãe e explicar a situação, eu me sentia desnorteada. As palavras da minha mãe e a preocupação no rosto dela eram um lembrete doloroso do quanto eu precisava dela, mas também do quanto ela precisava de mim.

Entre flores e segredosOnde histórias criam vida. Descubra agora