Com o sol se pondo, as luzes da floricultura começaram a criar sombras nas paredes, projetando formas distorcidas das flores e das ferramentas espalhadas pelo balcão. Laura estava guardando os últimos vasos, enquanto eu fechava o caixa. O som das folhas de papel se movendo era o único ruído além do leve murmúrio do vento lá fora.
- Pronto, acho que terminamos por hoje. Disse Laura, esticando os braços para espantar o cansaço.
Eu concordei, fechando o caixa e guardando os trocados.
- Sim, está tudo em ordem. Amanhã vai ser um dia cheio, com a entrega das flores para Lisandra.
Laura suspirou, um leve sorriso nos lábios.
- Não sei como ela aguenta vê tanta morte assim. Eu conseguiria ser tão forte quanto ela. Disse Laura, com um tom de admiração em sua voz.
- Nem eu, deve ser aterrorizante. Sorri de volta, mas minha mente já estava em outro lugar.
Com o bolo debaixo do braço, meus pensamentos se voltaram para a surpresa que Caius e eu estávamos planejando para minha mãe. O dia havia sido longo, e a ideia de ver o sorriso no rosto dela me deu um renovado senso de energia.
- Bem, até amanhã, Laura. Eu disse, enquanto trancava a porta e via Laura se afastar.
- Até amanhã, Calli. Boa sorte com a surpresa. Laura respondeu, dando-me um aceno ainda caminhando.
As ruas estavam tranquilas enquanto eu fazia o caminho de volta para meu carro. O aroma do bolo, adocicado e reconfortante, misturava-se com o ar fresco da noite.
Meus passos eram rápidos, antecipando o que nos esperava. Caius havia insistido em fazer algo especial, e apesar dos sentimentos confusos que surgiram mais cedo, eu estava ansiosa para ver tudo pronto.
Assim que estacionei o carro, desci o mais rápido possível indo em direção a porta de entrada com o bolo nas mãos, mas logo parei quando percebi algo diferente. A porta estava entreaberta, o que já era incomum, mas o som distante de música baixa vindo de lá de dentro me pegaram de surpresa. Quando empurrei a porta, a visão que se revelou me deixou perplexa, a sala estava toda decorada com balões e fitas coloridas.
Eu entrei na casa errada?.Caius estava na cozinha, ajeitando o que pareciam ser os últimos detalhes de uma mesa cheia de salgadinhos e sucos. Ele estava de costas, mas virou-se quando me ouviu entrar
- Você chegou na hora certa. Caius disse, virando-se para mim com um sorriso enquanto segurava uma fita dourada. - Estava quase terminando os últimos detalhes.
Olhei ao redor, ainda absorvendo o que estava vendo.
- Caius, você não precisava fazer tudo isso. Ela iria ficar feliz somente com um simples parabéns e um bolo.
Ele colocou a fita na mesa e se aproximou de mim, tirando o bolo das minhas mãos com um cuidado que me fez sentir um calor no peito.
- Eu sei, Calli, mas eu queria compensar. Não foi só pela noite difícil. Eu realmente quero que ela saiba o quanto ela é importante.
Olhei para ele, sentindo um misto de gratidão e algo mais que não conseguia definir. Havia uma gentileza em seus olhos, uma sinceridade que, por um momento, me fez esquecer os eventos estranhos do dia.
O calor da lâmpada pendurada iluminava o espaço com um tom suave, quase acolhedor. Balancei a cabeça, sentindo uma leve pontada de alívio. Por um momento, parecia que ele estava se esforçando, que queria consertar as coisas. Caminhei até ele e dei um pequeno beijo em sua bochecha.
- Está lindo, amor. Ela vai adorar.
- Ela tá lá em cima. Ele continuou, ainda segurando o bolo. - Não sabe que cheguei. Pensei em fazer uma surpresa, a Dana está distraindo ela.
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Entre flores e segredos
De TodoA vida pacífica de Calliope Lewis na floricultura da família é virada de cabeça para baixo quando ela recebe uma fita cassete e uma carta misteriosa. Envolvida em um jogo psicológico de gato e rato, ela enfrenta uma perigosa batalha de sobrevivência...