O campo ao nosso redor era vasto, um oceano de flores silvestres que se estendia até onde os olhos podiam alcançar. Pétalas delicadas nas cores do arco-íris se misturavam em um tapete vivo, dançando suavemente com a brisa. Margaridas brancas, papoulas vermelhas e pequenas flores amarelas formavam padrões aleatórios, criando um espetáculo natural. O som distante de abelhas zumbindo entre as flores se fundia com o canto dos pássaros, completando a sinfonia tranquila da natureza.
Eu estava sentada sobre uma toalha de piquenique de listras suaves, em tons de pastel, que contrastavam delicadamente com o colorido vibrante das flores ao nosso redor. Usava um vestido leve, de tecido esvoaçante, na cor creme, que acariciava minha pele a cada sopro do vento. Os cabelos soltos, movendo-se suavemente com a brisa, pareciam se misturar com a paisagem serena. Nos pés, sandálias simples, que me permitiam sentir o toque suave da grama e o calor da terra.
Caius, sentado ao meu lado, usava uma camisa de linho branca, casualmente desabotoada no colarinho, revelando um ar despreocupado que combinava perfeitamente com a atmosfera. Suas calças de algodão em um tom claro de bege completavam o visual, relaxado, porém elegante. Ele tinha os cabelos despenteados pelo vento, e o brilho do sol refletia em seus olhos, dando a ele um ar de tranquilidade que me fazia esquecer do resto do mundo.
A sensação de paz ali era enorme, como se o campo de flores tivesse o poder de isolar tudo o que era incerto. O mundo além daquele campo parecia distante, irrelevante.
Ele levantou a mão e apontou para o céu, onde uma nuvem em forma de borboleta flutuava preguiçosamente.
- Olha só. Disse ele, a voz suave como o murmúrio do vento. - Parece que o céu decidiu nos presentear hoje. Aquela nuvem parece uma borboleta, não parece?.
Sorri, seguindo seu olhar, deixando-me levar pela paz daquele instante. Era tudo tão... perfeito. Tão sereno. Eu queria que o tempo congelasse ali, naquela tranquilidade que nos envolvia como um cobertor macio, mantendo todas as preocupações à distância. Caius e eu, isolados do mundo, apenas existindo. O resto parecia insignificante, como se nenhum problema, nenhuma dor pudesse nos alcançar. Ali, no meio do nada, era como se tivéssemos encontrado um refúgio onde o tempo não tinha pressa e nada pudesse quebrar aquela harmonia.
Mas, então, algo estranho aconteceu. A atmosfera, antes leve e cheia de vida, começou a mudar. O azul cristalino do céu rapidamente deu lugar a um tom acinzentado. Nuvens pesadas e densas apareceram como fantasmas vindos do nada, cobrindo o campo de flores em questão de segundos. O vento, que antes carregava o perfume doce das flores, tornou-se frio.
Franzi a testa, o desconforto crescendo dentro de mim como uma pedra no estômago. O calor do sol foi substituído por uma sensação gélida que arrepiava a pele, enquanto as flores ao nosso redor começavam a perder o brilho, como se algo estivesse drenando a vida delas. O campo, que antes parecia um refúgio de paz, agora parecia estranhamente desolado, com as cores vibrantes se apagando pouco a pouco.
Procurei desesperadamente o olhar de Caius, esperando que ele também percebesse aquela mudança repentina, que compartilhasse do meu alarme. No entanto, ele permanecia imóvel, os olhos fixos no horizonte, e aquele mesmo sorriso calmo ainda estampado em seu rosto. Era como se ele estivesse alheio a tudo, como se o mundo ao seu redor não tivesse mudado.
Senti uma pressão crescente no peito, algo profundo e desconhecido, como se o próprio ar estivesse ficando mais denso e difícil de respirar. O que antes era um cenário perfeito agora se transformava em algo perturbador, e uma sensação de urgência começou a crescer em mim, como se eu precisasse sair dali, mas meus pés estavam presos no chão, incapazes de se mover.
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Entre flores e segredos
AléatoireA vida pacífica de Calliope Lewis na floricultura da família é virada de cabeça para baixo quando ela recebe uma fita cassete e uma carta misteriosa. Envolvida em um jogo psicológico de gato e rato, ela enfrenta uma perigosa batalha de sobrevivência...