Enquanto o sol começava a baixar no horizonte, eu me espreguicei e levantei devagar, ainda me sentindo confortável no calor do peito de Caius. Ele seguiu meu movimento, recolhendo a toalha com aquele cuidado que era tão próprio dele. De pé, senti o vento mais frio bater contra meu rosto, trazendo de volta a sensação de realidade. O tempo que passamos ali, naquela montanha, foi quase surreal, mas agora precisávamos descer.
- Hora de voltar ao mundo real e descer a montanha mágica. Disse Caius, dobrando a toalha com uma precisão exagerada.
Eu ri, esfregando minha barriga, que parecia cheia demais depois de tudo o que comemos.
- Eu não sei se consigo voltar ao 'mundo real' depois desse piquenique. Honestamente, acho que vou descer a montanha rolando. Comi tanto que mal posso andar.
Caius riu com aquela risada suave que eu adorava ouvir.
- Se você começar a rolar, vai acabar levando a montanha inteira com você. Isso seria bem épico, mas vamos evitar o desastre, tá?.
- Você diz isso porque ainda tem energia. Retruquei, esticando meus braços como se estivesse me preparando para uma grande maratona. - Eu estou prestes a explodir.
Ele se aproximou e passou um braço ao redor da minha cintura, me puxando de leve.
- Eu te carrego se precisar.
Aquela proximidade, o toque dele, fez meu coração dar um pequeno salto, mas eu mantive o tom leve. Mas no fundo eu estava como uma adolescente quando tem seu primeiro contato com o crush.
- Só se você quiser quebrar as costas, porque eu não sou tão leve assim, especialmente depois de todo aquele queijo.
Caius soltou um suspiro fingido, o que me fez rir ainda mais.
- Acho que você subestima meus poderes de carregador de piquenique.
- Eu não subestimo, não. Eu só conheço as limitações do ser humano. Eu dei uma leve cotovelada nele e comecei a descer o primeiro trecho da trilha, sentindo o solo irregular sob meus pés.
A descida da montanha era menos cansativa que a subida, claro, mas a gravidade fazia seu trabalho, e eu tinha que me concentrar para não tropeçar em uma pedra ou escorregar em alguma parte do terreno mais solto.
- Você já fez isso antes?. Perguntei, quebrando o silêncio, tentando manter a conversa leve enquanto caminhávamos juntos pela trilha.
- Piqueniques?. Ou descer montanhas com mulheres que comeram demais?. Ele respondeu com um sorriso de canto, sem olhar diretamente para mim.
- Ambos. Brinquei.
Caius balançou a cabeça.
- Piqueniques, talvez. Mas esse é um cenário novo para mim. Ele olhou de relance para mim, o olhar de quem estava refletindo sobre algo. - Acho que nunca tirei um dia só pra relaxar, pra não pensar em nada.
Eu o olhei de lado, observando sua expressão. Ele sempre parecia carregar uma espécie de peso invisível, e, às vezes, eu queria saber o que passava realmente em sua mente. Mas agora não era o momento de perguntas profundas.
- Sabe, a gente devia fazer isso mais vezes. Eu disse. - Subir uma montanha, comer até não aguentar mais e depois fingir que estamos em um daqueles filmes de sobrevivência.
- Ah, sim. Vamos adicionar umas cenas dramáticas de queda de penhasco, tempestades repentinas, e quem sabe até uma luta com um urso gigante no meio do caminho.
Ri de novo, sentindo o leve frio da tarde em contraste com o calor do nosso piquenique.
- Você assistiu muitos filmes de ação ultimamente, hein?. Mas sério, eu gosto da ideia de termos mais dias assim. Dias sem compromisso, sem o caos de sempre, e sem ter que lutar com ursos.
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Entre flores e segredos
De TodoA vida pacífica de Calliope Lewis na floricultura da família é virada de cabeça para baixo quando ela recebe uma fita cassete e uma carta misteriosa. Envolvida em um jogo psicológico de gato e rato, ela enfrenta uma perigosa batalha de sobrevivência...