One Shots Marina (PT-BR)

32. Retorno

P.O.V. MAYA BISHOP

A manhã ainda estava começando, mas a nossa casa já pulsava com a energia de uma rotina nova, uma em que todos os passos precisavam se encaixar, quase como uma coreografia ensaiada. Eu estava na cozinha, ajudando Liam a segurar sua mamadeira. 

Ele estava animado, mexendo as perninhas com aquele sorriso lindo que era meu combustível diário. Estava vestindo uma camiseta com um desenho de foguete, que combinava perfeitamente com seu entusiasmo.

Do outro lado da casa, Carina estava no quarto com Nina. Ouvi o som suave de sua voz enquanto ela murmurava palavras doces para a pequena. 

Eu adorava aquele som; tinha algo de mágico e tranquilizador. Sabia que para Carina, esse momento era agridoce. 

Hoje era o primeiro dia que ela voltaria ao hospital, e, pela primeira vez em meses, nossa rotina ia seguir caminhos diferentes. Olhei para Liam, que agora estava entretido com um pedaço de biscoito, e, de alguma forma, o pensamento de ele também estar crescendo e começando a frequentar a creche me acertou. 

Era um momento grande para todos nós.

Minha esposa surgiu na cozinha, carregando minha filha com cuidado e um sorriso sereno que eu sabia que escondia um pouco de ansiedade. Ela estava linda em seus trajes sempre sofisticados, e sua postura estava impecável, mas era impossível ignorar a expressão suave e saudosa com que olhava para Nina, aninhada em seus braços.

— Como está nossa princesa hoje? — perguntei, observando-as enquanto Carina ajeitava o macacãozinho cor-de-rosa da pequena.

— Mais esperta do que nunca — respondeu minha esposa com uma risada suave, olhando para mim.

Me aproximei e acariciei a cabeça de Nina, que soltou um som leve, quase como um pequeno riso. 

— Você vai ficar bem, né? — sussurrei para ela, sentindo o calor do olhar de Carina sobre mim.

Liam, percebendo que estávamos todos juntos, olhou para a irmã com um brilho curioso e estendeu a mãozinha, como se quisesse participar da conversa. Eu o ergui, segurando-o ao meu lado.

— Vem cá, probie. Hoje você vai para a sua primeira aventura na creche do hospital! — disse, sorrindo.

Ele soltou uma risadinha animada, claramente sem entender muito, mas contagiado pelo tom animado da nossa conversa.

Carina olhou para nós, e seus olhos estavam cheios de amor e de uma nostalgia antecipada.

— Parece que ontem mesmo eu estava trazendo esse rapaz para casa pela primeira vez... E agora aqui está ele, grande e pronto para a creche — ela murmurou, acariciando o rostinho de Liam.

Eu a envolvi em um abraço rápido, Nina entre nós, como um lembrete constante do que construímos juntas.

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Eu sabia que hoje era um dia especial para Carina, então quis fazer algo para deixar sua manhã um pouco mais leve. Depois de tanto tempo fora, ela finalmente estava de volta ao hospital, e eu sabia o quanto esse momento significava para ela. 

Entre cuidar da Nina e organizar a papelada na estação, tudo que eu conseguia pensar era em como fazê-la se sentir acolhida. Minha mãe passou pela estação antes e deixou um lanche que havia preparado para nós, algo que só ela consegue fazer, e eu achei a oportunidade perfeita para aparecer de surpresa no hospital com café e um carinho de casa.

Nina estava comigo, adormecida em um bercinho improvisado no meu dormitório, cercada por sorrisos e olhares dos meus colegas. Eles estavam claramente encantados, especialmente depois de uma manhã cheia de trabalho, e eu não podia negar a felicidade de tê-la por perto, tão serena e inocente, enquanto lidava com relatórios e papelada.

Depois de ajeitar o lanche e os cafés, passei pelo berçário do hospital. Através do vidro, pude ver Liam, que estava ocupado com alguns brinquedos coloridos, jogando e rindo. 

Sorri automaticamente, sabendo que ele estava em boas mãos enquanto Carina e eu estávamos fora. Com Nina ainda dormindo em meus braços, aproximei-me da janela para dar uma olhada mais de perto no nosso menino. 

Ele me viu e soltou um gritinho animado, jogando os braços para cima como se aquela fosse a melhor parte de seu dia. Meu coração se encheu de alegria. Me aproximei do vidro e soprei um beijo para ele.

— Ei, Lilo! Está se divertindo? — murmurei baixinho, sabendo que ele não podia me ouvir, mas que, de alguma forma, meu carinho chegava até ele.

Ele continuou a brincar, rindo de algo que só ele parecia entender. Eu me virei para continuar minha missão: encontrar Carina em seu intervalo. 

Atravessei os corredores e cheguei ao andar dela, equilibrando as bebidas e o lanche com uma habilidade que só uma bombeira e mãe adquiririam. Quando bati levemente na porta do descanso dos médicos, eu a vi, sentada na mesa com uma expressão de cansaço leve, mas o sorriso era inegável assim que nossos olhos se encontraram.

— Olha só quem veio me visitar — Carina murmurou, levantando-se enquanto o sorriso tomava conta de seu rosto.

— Pensei que merecia um reforço, agora que voltou à ação — sorri, entregando o copo de café ainda quente e o lanche que Katherine havia preparado — Minha mãe mandou isso aqui especialmente para nós.

Ela aceitou o café e deu um gole profundo, fechando os olhos como se o mundo tivesse parado por um momento.

— É incrível, não é? — comentou, erguendo o copo com um brilho no olhar — Esse café estava nos meus sonhos durante todo o mês passado.

Me aproximei, colocando Nina ao lado dela. Ela suspirou ao ver nossa filha, ainda com o rostinho relaxado de quem dorme profundamente.

— Ela dormiu bem hoje, mesmo com toda a correria? — minha esposa perguntou, acariciando suavemente a mãozinha dela.

— Dormiu como um anjo. A estação já elegeu a Nina como a melhor integrante temporária que já tivemos.

Carina soltou uma risada suave, os olhos brilhando com o orgulho de ver nossa filha tão querida.