Meu Tormento

Capítulo 3

Assim que saiu do avião particular, Yoko respirou fundo o ar de sua terra. Como era bom estar de volta.

A viagem demorara, e já anoitecia em Bangkok. Ela tinha tomado banho e se vestido no avião, pois passara toda a viagem adormecida e não queria chegar em casa toda desarrumada.

-Deseja passar em algum lugar antes de ir para casa, senhorita? –Um gorducho de sua equipe perguntou, oferecendo-lhe um casaco.

-Não, vou direto pra casa. Estou louca para ver meus pais e ver que surpresa é essa que meu pai comentou. Tchau pessoal, até semana que vem! – Ela acenou para Susi e os outros.

-Tchau Yoko... se cuide esses dias. –Susi gritou. –Te ligo amanhã, diva.

Ela assentiu para ela e entrou na Limusine. Sua bagagem já estava no porta-malas, e sempre que ela voltava para casa ia com o mínimo de pessoas possíveis dentro do carro. Somente o motorista, e um segurança na frente... atrás ela ia sozinha, desfrutando o champanhe e as frutas que haviam a sua disposição.

Como não estava com muita fome, e certamente jantaria em casa assim que chegasse, ela somente tomou uns goles de champanhe, apreciando a vista através do vidro fumê.

-Senhorita. –O motorista abriu-lhe a porta quando estacionaram na frente da casa. A casa dos pais de Yoko era um tanto isolada, perto de uma praia mais deserta da cidade, para que nunca houvessem incômodos quando ela estivesse ali.

-Obrigada, Ismail. Pode trazer minha mala?

Ismail voltou com as duas malas de Yoko, depositando-as na porta da casa.

-Obrigada, façam um bom caminho de volta. –Ela desejou, quando o motorista e o segurança acenaram com a cabeça e entraram no carro.

Ela tocou a campainha. Ouvia algumas vozes vindas de dentro da casa... será que estavam recebendo alguma visita?

Segundos depois a porta foi aberta, e Chet recebeu a filha com um sorriso.

-Pai !! –Yoko riu e foi abraçá-lo.

-Oi filhota. Que saudades! –Ela apertou-a num abraço paternal. –Fez boa viagem? Parece tão cansada!

-Fiz sim.. Eu dormi no avião, mas ainda me sinto esgotada da turnê. –Ela confessou, enquanto Chet colocava as malas dela para dentro e fechava a porta. –E onde estão mamãe e Atom?

-Estão logo ali. –Chet sorriu, misterioso. –Deixe as malas aqui, depois as levamos para seu quarto... quero que venha comigo ver uma pessoa.

-Pessoa? –Ela franziu o cenho. Será que a surpresa era aquela? –Que pessoa, pai?

Chet puxou-a na direção da sala de jantar. Estava iluminada, e a mesa estava toda colorida, com comidas exóticas, como se fosse para uma festa.

Phiangfa, a mãe de Yoko, estava sentada na cabeceira da mesa, observando uma mulher na frente dela. A mulher estava de costas, falando sobre algo.

Atom, irmã mais velha de Yoko, se encontrava ao lado da indivídua, os olhos brilhantes e um sorriso no rosto enquanto a ouvia.

Chet pigarreou, chamando a atenção dos outros, e disse sorrindo:

-Yoko chegou!

Mas os olhos da morena estavam pregados na estranha sentada à mesa. Lentamente, a viu virar-se para trás.

Ela ofegou ao reconhecê-la, com os olhos apertados. Não podia ser ela.

-Olá, Yoko. – Disse Faye Peraya Malisorn olhando-a com um sorriso divertido, os olhos faiscando perigosamente.

Yoko estava quase em choque. Sentiu os olhos de Faye passando por seu rosto e corpo, como se a inspecionasse.

Deus, pensava que jamais fosse voltar a vê-la novamente! E agora ali estava ela, mais velha, mais mulher, sentada na mesa de jantar da casa de seus pais como se fosse de casa.

Tinha conhecido Faye na adolescência, quando tinha apenas 16 anos. Atom tinha dezoito... e ela vinte.

Os pais de Yoko moravam num subúrbio de classe média na época, e a casa vizinha estivera isolada por anos. Até que foi ocupada por ela.
Faye não demorou muito para fazer amizades. Virou popular entre as mulheres da rua, e as que freqüentavam sua mesma faculdade. As moças se derretiam por ela, pois com vinte anos Faye já era madura e independente. E excepcionalmente bonita.

Yoko tinha visto os diversos caminhões de mudança na rua aquela dia, e estava curiosa para ver quem seria o ocupante da casa ao lado.

Até que, saindo para a escola com Atom, deu de cara com aquelas olhos misteriosos e dourados...

Faye havia emanado toda sua feminilidade e poder, apenas com um olhar. Por um breve segundo, os olhos de tigre dela encontraram com os excepcionais olhos de Yoko... então ela continuou seguindo seu caminho, sem mais uma palavra.

Atom havia ficado absolutamente encantada com a nova vizinha. Entrou no ônibus escolar com Yoko, tagarelando e mostrando seu visível interesse.