Capítulo 16

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Já estava no fim da tarde quando Faye estacionou na garagem do prédio de Yoko.
Não era necessário perguntar se ela queria subir, pois ambos já sabiam a resposta. E ela a queria por perto o máximo de tempo que tinha livre.
Era estranho como passara a vida inteira detestando-a profundamente, e querendo sempre ficar longe dela... e agora era tão ao contrário.
A presença dela a alegrava, a deixava com sensação de proteção... e era estranhamente bom sentir o coração bater forte daquela maneira somente com um olhar de Faye.

-Eu queria te levar numa boate de dança de salão que eu conheço. –Ela comentou, abraçando-a quando entraram no apartamento. –É muito bom, ano passado eu ia muito com uns amigos. Nunca mais fui.

-Dança de Salão? –Ela franziu a testa, dando um sorriso. –Eu não sabia que você dançava. O que você dança?

-Eu arrisco uns passos de salsa e tango, mas me dou melhor com zouk.

-Você dança zouk? –Ela arregalou os olhos. –Eu vi uma apresentação de zouk uma vez e sempre quis aprender, mas acho que não tenho muita coordenação para isso. O jeito como os homens conduzem as mulheres, e elas deixam o corpo tão maleável, é incrível.

-Se quiser eu ensino você, e sexta-feira vamos na boate. –Ela respondeu, maliciosa.

-Eu não sei se sou boa aluna nisso. –Ela mordeu o lábio, ansiosa. Faye achou-a tão adorável que lhe roubou um beijo.

-Está com medo, Apasra?

-Não é medo. –Ela franziu o cenho. -É que eu realmente não sei... queria aprender, mas... –Hesitou.

-Eu te ensino, paixão. –Ela levou-a pela mão até o meio da sala. Ela não estava mais escutando... a "paixão" que ela acabara de dizer martelava alegremente em seu peito. –Não precisa ficar com medo de errar na minha frente. –Ela advertiu, quando a virou de frente para ela.

Começou a dar instruções dos passos, de forma paciente, explicando calmamente quando ela errava. Ela não sabia o que a encantava mais naquela momento... os passos da dança, ou a forma como Faye a estava tratando.

-Você não começa, Yoko. –Ela explicou. –Você dança no meu ritmo. É o cavalheiro quem comanda os passos... você só precisa ficar atenta aos meus comandos, e deixar o corpo bem leve nos meus braços.

-Dança machista. –Ela comentou, fazendo-a rir levemente.

Ela começou a fazer o primeiro passo que tinha ensinado a ela, e ela fez direitinho, ganhando um sorriso de aprovação de Faye. Passaram ao segundo passo.

-Relaxa. –Ela disse em voz baixa. Yoko se movia extremamente bem para uma primeira aula. Tinha ritmo e mexia os quadris de forma genuinamente provocante. –Você é boa. Ia ser perfeita dançando zouk.

-Anos de prática para os shows, linda. –Ela respondeu, e ela sorriu. –Se eu não tivesse aprendido tantas danças para as apresentações, e ficado com o corpo mais maleável, você agora estaria tendo mais trabalho.

Faye a fez girar, e trouxe ela para junto do corpo dela. Estavam dançando em silêncio, mas ela sabia exatamente as batidas e o ritmo da dança, de forma que elas não estavam sentindo falta de uma música.
Num movimento ágil, ela entrelaçou as pernas fortes nas dela para o próximo movimento.

O joelho dela se mexeu entre as pernas dela, e pelo que ela havia explicado, era o movimento para que ela seguisse seu joelho com os quadris, rebolando. Ela o fez.
Quando ela apertou ainda mais a perna entre as dela, Yoko sentiu que sua intimidade roçava na coxa firme dela. Era um movimento muito sensual, que fazia parte da dança, mas ela não conseguiu evitar o embaraço.

-É uma dança bem sensual. –Ela murmurou, ao ver o rosto vermelho dela.

-Eu sei. Notei isso na primeira vez que vi o casal dançando.

Ela encostou o nariz na camisa dela, aspirando o aroma do perfume caro e feminino. A pela dela estava quente. Quando ergueu os olhos para encará-la, ela não se demorou e baixou a cabeça para beijá-la ardentemente.
As línguas se tocaram, e Faye apertou a cintura dela com mãos de ferro.
Ela não notou que ela tinha caminhado empurrando-a para trás, até que sua perna tocou no sofá e ela caiu sentada.

Ela sentou também e a puxou para seu colo. Ela começou a apertar as curvas dela com ânsia, quase brutalidade. Passou a mão pelo quadril, e a abraçou com força, deixando-a sem fôlego nenhum.

-Faye. –Ela separou-se dela, temerosa. Arrumou rapidamente os cabelos que ela tinha despenteado enredando os dedos e puxando. Ela foi para o pescoço dela, dando leves mordidas. Ela arfou e tentou sair do colo dela, mas os braços a seguravam firmemente. –Faye! Para.

-Yoko...

Ela continuou chupando seu pescoço, e ela preferiu não imaginar nos roxos que iriam aparecer ali. Ela encheu a mão com um dos seios dela, e apertou.
Ela deixou por alguns momentos, mas ela estava sendo tão bruta que estava começando a machucá-la.

-Faye! –Disse, empurrando a mão dela e afastando-se.

-Maldição, Yoko, porque tem tanto medo? –Faye gritou, irritada pelo rechaço, e afastando-se dela também.

-Eu não...

-Eu não ia te machucar. Não vou agir como um animal. Pelo menos vou tentar. –Ela ameaçou, sombriamente, e ela se encolheu no sofá. –Você usa esse ar ingênuo para provocar todos os homens e mulheres que conhece, mas quanto mais você me rechaça, mais vontade eu sinto... no dia que eu te pegar de jeito, você vai se arrepender. Já estou farta de te ver assustada sempre que eu me aproximo para te tocar.

Meu TormentoOnde histórias criam vida. Descubra agora