Capítulo 5

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O celular de Yoko tocava estridentemente, despertando a morena de seu sono.

-Hum.. alô?

-Morena, finalmente! Quer me fazer ter um chilique? –Era Susi, gritando com uma voz fina. –Quer me fazer ter rugas antes da hora? Deus me livre. Como você está? Chegou em casa?

-Já, já estou em casa, Susi. Pode relaxar. –Yoko bocejou.

-Então pode ir me explicando o que foi aquilo! Mona, como você conhece Faye Peraya Malisorn e não me conta? Eu ainda tô passado!

-Essa mulher não é relavante na minha vida, e fazia anos que eu não o via. Para quê ia te contar? –Yoko murmurou rabugenta. –Ela é namorada da minha irmã, Susi.

-Whaaaaaaaaaaaaaaaat? –Susi parecia prestes a ter uma síncope. – A herdeira dos Peraya Malisorn; a dona de uma das mais famosas marcas da Perfume; aquela gata misteriosa, Deusa Grega, gostosa, com aquele ar sexy e mau-humorada, é namorada da Atom?

Suspirando com paciência, Yoko explicou resumidamente ao amigo.

-E você não se dá bem com ela? –Susi replicou no final. –Pelo amor de Deus, meu bem, eu no seu lugar já teria laçado esse tigre. Teria roubado da minha irmã, e me jogado no colo másculo dela, sem pensar duas vezes!

-Susi! –Yoko exclamou, escandalizada e com o rosto em brasa.

-É a verdade, honey. Mas enfim... amanhã nos vemos?

-Claro. –Ainda balançando a cabeça pelas palavras do amigo, Yoko desligou.

Recostou-se no espaldar da cama, pensativa. Lembrando do passado...


6 anos atrás.

-Atom está ou não está, Yoko? –Faye perguntou pela segunda vez.

A morena de dezesseis anos, atrativa e com ar maroto, encarou-a da porta.

-Ah, que peninha. Viagem perdida hoje, Faye. –Yoko sorriu, relaxada. –Sua namorada não está.

-Atom foi para onde? –Perguntou ela já entrando na casa sem ser convidada.

Yoko fechou a porta bufando.

-Tinha um trabalho de escola. Nós duas ainda não somos independentes como você. –Acrescentou com sarcasmo.

-Hum.. E você, não tinha trabalho também? –Faye repôs, voltando-se para olhá-la.

-Não, eu não costumo ficar na escola fazendo trabalhos em grupo. –Yoko sorriu com falsa amabilidade. –Isso é perda de tempo, faço em casa e ponto. –Ela admirou as unhas.

-Você é tão diferente da sua irmã. –Ela comentou, subitamente.

-Já sei. –Yoko a olhou com irritação. Sabia perfeitamente, já que a própria mãe lhe lembrava aquilo há cada minuto. –Bom, já que se certificou que Atom não está, o que ainda faz aqui? –Perguntou com rudeza.

-Por mais que você tente fazer eu não me sentir bem nesta casa, não consegue, Yoko. –Ela respondeu. – Eu sei que sou muito bem-vinda. Seu pai, sua mãe e sua irmã gostam de mim, mesmo que você não queira. Falando nos seus pais, onde estão? –Faye a olhou arrogantemente.

Yoko contou até cinco para aplacar a raiva.

-Não é da sua conta. –Diante do olhar de ameaça dela, Yoko suspirou com impaciência. -Saíram, foram fazer compras. Você se sente mesmo a dona de tudo aqui, não? Até na minha irmã você manda. Coitada, ela tem a personalidade fraca. –Yoko não estava falando mal da irmã, somente queria provocar Faye como sempre fazia.

-Agora vai falar de Atom quando ela não está? –Ela a olhou friamente. –Você devia ser menos venenosa, Yoko. Devia ser mais meiga, como Atom.

-Eu nunca vou ser como Atom. –Yoko disse com rispidez. –Ela pode ser certinha e fazer o que todos mandam, calada, mas eu não sou assim. Acostume-se, Faye.

-Sim, já vi. –Ela disse. –Você é mimada, respondona e atrevida. É o oposto da sua irmã. Agora eu entendo porquê sua mãe briga tanto com você, e sempre te compara com Atom.

Aquela mulher metida e prepotente falar da relação com a sua mãe, fez o sangue de Yoko fervilhar. Quem era ela para se meter em seus assuntos de família?!

-Não ouse se meter nisso. –Ela ameaçou, se aproximando e colocando o dedo na cara dela. Não se intimidava nem um pouco por estar ameaçando uma mulher bem mais alta e forte que ela, que certamente podia machucá-la com um empurrão se ficasse irritada. –Você pode se meter nos assuntos da minha irmã, e na vida dela, porque ela deixa. Eu jamais permitiria, no lugar dela. –Acrescentou com desdém. - Mas não venha tentar se meter na minha vida também, você não é nada meu para fazer isso, Faye.

-Primeiro, garota, tira esse dedo do meu rosto. –Ela empurrou a mão dela para longe, rude. –Segundo: você se acha a dona do universo, se acha a melhorzinha, mas não passa de uma menina! Têm só dezesseis anos, não sabe nada da vida. Por isso não se engane, com esse ar auto-suficiente...

-Eu tenho ar auto-suficiente? –Ela riu, debochada. –Olha bem quem está me dizendo isso. E não pense que vou permitir que você me insulte, só porque é alguns anos mais velha e é namorada da minha irmã!

Meu TormentoOnde histórias criam vida. Descubra agora