Capítulo 11

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Dois dias depois, Yoko olhava o quinto apartamento do dia, ao lado de Susi.

Achar um apartamento não era tão fácil como ela imaginara. Sendo quem era, tinha que avaliar a total segurança do prédio, a discrição do lugar, as janelas, câmeras de segurança, e tudo isso.

Susi se encarregava de se preocupar com tudo. Ela agradecia o empenho do amigo, mas era extremamente tedioso passar o dia inteiro procurando e avaliando cada detalhe dos prédios.

-O que achou deste? –Perguntou, com um gemido cansado.

-Nem pensar! –Susi exclamou, olhando com desprezo ao redor. –Sequer têm câmeras no corredor, que espécie de prédio é este?

-Eu soube que aquela cantora, que venceu o último American Idol Latino, mora aqui. –Ela respondeu, dando de ombros. –Não deve ser tão ruim, Susi.

-Vai comparar aquelazinha à você, minha rainha? –Susi perguntou, com uma sobrancelha erguida. –Pelo amor de Deus, você é a princesa dos palcos e da TV. É Britney Spears na América, e você no resto do mundo, Yoko! Quantas vezes já foi ameaçada de sequestro?

-Não foram ameaças, foram rumores de ameaças. –Ela disse, incomodada. –E nunca me aconteceu nada, Susi.

-Não é por isso que temos que relaxar na sua segurança, meu bem, ouça o que eu digo. –Dando um giro ao redor do próprio corpo, ela disse: -Vamos ao próximo! –Saiu rebolando, e Yoko prendeu o riso, seguindo-o.

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-Então, quando vai? –Phiangfa perguntou.

Yoko havia acabado de contar à mãe sobre o apartamento que procurava para si. Atom também já sabia, e parecera indiferente.

-Ainda não sei, Susi está me ajudando a procurar o lugar ideal.

-Bom, quando tiver tudo pronto, avise para que eu contrate o caminhão de mudança. Vai querer levar os móveis de seu quarto, não? –A mãe murmurou, enxugando as mãos no pano de prato da cozinha, enquanto separava algumas frutas que acabara de comprar.

-Alguns. –Yoko assentiu. –Outros acho melhor deixar aqui.

-Seu pai já sabe disso? –Phiangfa perguntou.

-Já.

-Mmm. –Sem dizer mais nada, a mãe virou as costas. Yoko suspirou e saiu da cozinha.

Uma semana depois, Yoko observava com os olhos brilhantes sua nova casa. Era um apartamento frente ao mar, no vigésimo andar. O prédio era conhecido, de uma rede famosa de residências. Era justamente o que ela precisava, com máxima segurança.
O apartamento não era grande, era ideal para uma pessoa.

Susi havia mandado pintar como ela havia mandado: a sala na cor branca, a cozinha com azulejos azuis, o quarto de hóspedes e os banheiros num lilás claro, e seu quarto rosa com branco.

O móveis já haviam chegado, só o que faltava era ela terminar de arrumar algumas coisas e desempacotar os utensílios pessoais.

Chet fizera uma visita mais cedo, levando compras com comida e sucos, como se fizesse uma advertência à filha.

Estava anoitecendo, ela abria algumas caixas na sala quando a campainha tocou. Não havia dado seu endereço à nenhum dos amigos ainda, de forma que só podia ser Susi, ou seu pai.

Quando abriu a porta, seu rosto petrificou.

-Posso entrar? –Perguntou Faye, olhando-a.

-O que faz aqui? Como soube que...? –Yoko balbuciou.

-Tenho meus contatos. –Ela respondeu, já entrando no apartamento sem permissão.

-É claro. –Yoko disse com ironia.

-Soube que havia mudado hoje. Precisa de alguma ajuda com tudo isso? –Ela perguntou, indicando as tantas caixas com o cenho franzido.

-Não, eu me viro sozinha. Susi e meu pai já me ajudaram durante toda a mudança, acho que eu dou conta de algumas caixas. Então, o que está fazendo aqui mesmo?

Faye deu um pequeno sorriso diante do tom pouco educado dela.

-Vim dizer que eu não queria ter sido grosseira da última vez que nos encontramos. –Ela sorriu ironicamente, o que contrastava com a desculpa. –Eu sei que você se sentiu insultada. Não foi minha intenção chocar os seus sentimentos tão ternos. –Ela zombou.

-Você não me chocou. –Ela replicou, passando por ela para abrir outra caixa e não mostrar o rosto quente. –Não é surpresa para mim saber que você é uma grossa. Eu conheço você há... quanto tempo? Seis anos. Então não me surpreendo mais.

-Eu não estou acostumada a medir minhas palavras. E com você, sempre tenho que fazer isso.

-Nos últimos dias você não andou medindo muito as palavras, andou? –Ela provocou.

-Não, justamente porque cansei de fazer isso. Olha para mim, que inferno, Yoko. –Ela a puxou pelo braço com impaciência.

Meu TormentoOnde histórias criam vida. Descubra agora