Capítulo 26

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-O quê? –Yoko murmurou pálida, no telafone. –Lux.... tem certeza disso? Mas... meu deus! –Sem poder se conter, soltou um gritinho agudo e começou a pular, com lágrimas nos olhos. –Não acredito! Nós conseguimos... eu te amo, Lux! –Disse, rindo. –Sim, sim, eu sei... aham. Ok. Falamos depois, mas... Ok! –Desligou o telafone, com o coração acelarado como se corresse numa maratona.

As pernas estavam bambas, por isso caiu sentada no sofá, sem saber se ria ou se chorava de emoção.
Havia conseguido... haviam conseguido.
As provas contra Atom já estavam em suas mãos... agora sim, poderia retornar. Para o bem, ou para o mal... mas ao menos, faria justiça.
Iria rever seu pai... seus amigos... e o amor de sua vida.

Só com a perspectiva de ter Faye de novo à sua frente, nem que fosse por um segundo, Yoko sentiu a boca do estômago se contrair, e um sorriso brilhante brotar nos lábios.

O que ela faria quando soubesse que ainda estava viva? Será que ainda sentia o mesmo por ela, ou estava com outra pessoa?
A ideia dela com outra fez Yoko quase enjoar. Precisava vê-la. Precisava dela. Tinha que sentir os braços fortes rodeando-a e protegendo-a de tudo, como sempre, para sentir-se viva. Para sentir-se despertar de todo aquela pesadelo.

-Chet, eu...

Phiangfa parou na porta da cozinha, e arregalou os olhos ao ver o marido encostado na geladeira, com a mão no peito e uma careta de dor.

-Chet! –Correu até ela.

-Não se preocupe... –Ela arfou, ficando um pouco menos pálido. –Estou bem. Foi só... um mal estar.

-Como mal estar? O que está sentindo? –A mulher o ajudou a sentar.

-Nada, está passando, Phiangfa. Foi uma fisgada no peito.

Ela empalideceu.

-Temos que ir no hospital.

-Não temos nada. –Chet negou, respirando melhor. –Não aconteceu nada aqui, não tem necessidade disso. Me ajude a subir para o quarto, me traga água, e ficarei bem.

-Mas, Chet...

-Vamos, Phiangfa. –Ela levantou-se e ela o segurou pelo braço. –No dia em que eu realmente estiver doente... você me leva a um Hospital. Mas não hoje. Não estou tão velho assim.

-Você é um teimoso. Sempre foi. –Phiangfa resmungou. –Yoko sempre herdou isso de você.

A mulher parou de falar ao ver o olhar de Chet, mas ela acabou dando um sorriso.

-Sim... e eu me orgulho de cada pedaço meu que ela herdou.

Sem falarem mais nada, subiram as escadas em direção ao quarto.

Faye despertou no dia seguinte com uma terrível dor de cabeça. Sonhara a noite inteira com Yoko. Sonhara que ela... voltava.
Abrindo os olhos e apertando-os pela claridade, Faye sentou-se abruptamente na cama, sentindo o coração bater lenta e dolorosamente ao lembrar dos sonhos.

-Bom dia. –Disse uma voz ao seu lado.

Virou-se e encarou a figura deitada ao seu lado, com incredulidade. Atom espreguiçou-se.

-Atom? O que faz aqui? –Olhou para os lados, e viu que estava em seu quarto.

-Estava dormindo. E você também. –Ela respondeu, divertida.

-O que aconteceu ontem a noite? –Faye perguntou com a voz mais fria do que gelo.

-Você bebeu demais. –Foi a resposta breve.

-E...? –Faye pressionou, com impaciência. –Nós transamos?

Atom sentou-se, com a expressão levemente fechada por Faye estar tão preocupada com aquilo, e estar agindo como se a possibilidade delas terem estado juntos fosse ofensiva.

-Não. Você bebeu demais. Nós saímos da festa. Eu te trouxe para cá... você não parecia muito bem por causa das bebidas e eu fiquei. Acabamos dormindo. –Resumiu ela, levantando-se para ir ao banheiro.

Faye encostou o rosto na mão, aliviada e soltando o ar.

-Está se sentindo melhor? –Atom perguntou do banheiro.

-Mais ou menos. –Faye resmungou, desejando uma ducha gelada.

-Faye... –A morena saiu e se aproximou da cama, parando na frente dela. –Você não se lembra de muita coisa depois de ter começado a beber, pelo que vejo..., mas se lembra de antes?

Faye passou a mão pelo rosto sem muito ânimo.

-Sim.

-E... o que me diz? –Atom sentou-se ao seu lado, pousando a mão em seu braço. –Não adianta dizer que não, porque eu percebi que você gostou. Eu te beijei e você correspondeu. E não só a primeira vez... todas as vezes. Foi uma noite mágica para mim. –Sorriu. –Eu queria ficar com você, como ficamos ontem, há tempos.

-Atom, melhor falarmos disso depois. –Faye levantou-se. –Eu estou de ressaca, tudo o que eu quero é um banho bem frio e uma xícara de café forte.

-Ok, Faye, mas...

-Yoko, depois. –Ela olhou-a com o jeito mandão de sempre, passando no olhar algo que encerrava discussões.

Mas o rosto de Atom repentinamente vidrou, e ficou pálida.

-O que foi? –Faye perguntou de mau-jeito.

-Você... –Atom murmurou. E começou a rir, encarando o teto. –Meu Deus, Faye.

-O que é? –Ela não entendeu.

-Você acaba de me chamar de Yoko! –Atom cuspiu as palavras cheias de amargura e veneno. Respirou fundo e fechou os olhos para não perder o controle. –Eu não sou ela, por mais que você queira. –Murmurou com desprezo.

-Eu não te chamei de... –Faye riu incredulamente. Depois ficou quieta. –Bom, se chamei, me desculpe. Não estou prestando atenção nas coisas que estou dizendo, estou com sono, com dor de cabeça. Conversamos melhor depois, sim? Vá para casa.

-Claro. –Atom começou a apanhar seu casaco e a bolsa, apressadamente. –Quem sabe seria melhor conversarmos quando você saiba quem eu sou, e me chame pela pessoa certa. Seria um bom começo.

-Atom. –Ela a chamou, mas a morena passou por ela e saiu do apartamento batendo a porta. –Já estou ficando louca. –Faye passou a mão pelos cabelos claros e rebeldes. Suspirou e fechou-se no banheiro.

Meu TormentoOnde histórias criam vida. Descubra agora