Capítulo 35

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O julgamento de Yoko e Atom havia finalmente chegado. Depois de semanas esperando.
Faye passou cada minuto ao lado de Yoko. Assim como Lux e Déa. Yoko percebeu que durante todo o processo, Lux e Faye trocavam encaradas fixas. Lux parecia um pouco incomodada em ver como Faye abraçava Yoko de forma tão possessiva. Mas ambas se falavam educadamente.
Phiangfa estava pálida. Apoiando Yoko. Mas claramente sofrendo por Atom, e ainda afetada pela falta de Chet.

-E a senhorita Yoko Apasra é liberada de qualquer pena, por ser a vítima de Atom Apasra e ter usado nova identidade e outros meios de esconderijo como defesa. –O juiz decretou.

Yoko soltou um suspiro de alívio e encostou a testa no ombro de Faye. Ela a apertou contra ela, satisfeita.

-Eu sabia que não poderiam usar isto contra você. –Lux disse, quase com a mesma expressão satisfeita no rosto. –Não nesta situação.

-E a senhorita Atom Apasra é declarada culpada. Pena máxima de sete anos, com direito à assistência psicológica.

Atom estava do lado oposto, sentada numa cadeira ladeada do advogado que Phiangfa lhe conseguira. Estava pálida e com olheiras. Não pareceu nada surpresa com seu decreto. Parecia sem vida.
O advogado murmurou algo em seu ouvido e ela assentiu distraidamente. Yoko sentiu um peso no peito ao ver a irmã mais velha desse jeito.

-Ela vai ter todo o tratamento necessário, Yoko. Sua mãe conseguiu isso. –Faye sussurrou em seu ouvido.

-Adeus, Atom. –Yoko disse quase sem voz, levantando-se e sendo subitamente retirada nos braços protetores de Faye, enquanto todos a abraçavam de forma animada, lhe dando os parabéns.

Um mês se passou rapidamente. E assim como de um dia ao outro Yoko tinha saído do paraíso e descido ao inferno... agora sua vida estava retomando todos os rumos passados. De forma ainda melhor.
Sua carreira havia, de alguma forma, alcançado ainda mais sucesso. Yoko agora era conhecida em países que antigamente não tinha tanta fama.
Havia ganhado prêmios consecutivos como Melhor Atriz, Melhor Cantora e atual Princesa da Música.
E não era só sua carreira que estava melhor que antes.
A relação com a mãe também estava melhor do que jamais estivera. Com a morte de Chet, e o óbvio afastamento de Atom, as duas haviam se aproximado e andavam compartilhando momentos que Yoko não achou que ainda poderia compartilhar algum dia com Phiangfa.
O relacionamento com Faye... agora estava livre de impedimentos e sofrimentos passados. Era como se tivesse recomeçado tudo do zero, e agora sem mais erros.

Yoko estava posando para um Photoshoot naquela final de tarde, vestida apenas com uma calcinha de renda preta, meias que iam até o meio das coxas, e um corpete negro que lhe apertava a cintura e fazia os quadris parecerem maiores e mais redondos. Os cabelos castanhos iam até a cintura, soltos e voando com a ventilação que jogavam em seus fios.

-Eu juro que nunca vi ninguém mais diva! –Susi aplaudiu, dando pulinhos empolgados enquanto observava as fotos finais no computador.

Yoko suspirou e tirou as mexas do rosto quando lhe avisaram que o trabalho por hoje estava encerrado. Estava exausta.

-Você foi maravilhosa, minha Diva. –Susi elogiou, indo lhe abraçar. –Uma deusa. Posso até ouvir a respiração dos seus fãns parar quando as fotos saírem na revista... principalmente os homens.

-Espero que não muitos. –Disse uma voz potente atrás de Susi.

Ela se virou e deu espaço para Yoko ver Faye. O rosto da morena iluminou.

-Você veio! –Yoko sorriu, radiante. –Achei que você fosse ficar trabalhando...

Faye a observava fixamente, com a expressão inalterável – mas os olhos estavam famintos e possessivos.
Daquela mesma forma que ela a olhava quando a estava desejando. Yoko não podia evitar, até hoje, que cada pêlo se eriçasse diante daquele olhar. E uma pontada de satisfação também, ao ver que ela a queria naquele momento. Depois de meses juntos, já sabia decifrar quando Faye a estava desejando.

-A reunião terminou mais cedo, e como eu prometi que se desse, passaria aqui para te buscar... aqui estou. –Ela deu de ombros.

Os cabelos cor de bronze dela estavam mais compridos, indo até na cintura, penteados para trás. Todas as mulheres que trabalhavam no Photoshoot, incluindo as fotógrafas e as mocinhas que serviam café, observavam ela com certa fascinação, algumas sendo pouco discretas.
Yoko não as culpava completamente. Era algo difícil de se ignorar. Nunca a desejara mais do que agora.
Ela era divina. Era dela.

-Não vou interromper as pombinhas. –Susi se pronunciou, vendo que Yoko e Faye se olhavam indiscretamente, e o clima flutuava no ar. –Nos vemos amanhã, diva!

-Bye, Susi. –Yoko lhe sorriu, e ela se afastou com um sorriso malicioso.

Faye deu dois passos à frente. Yoko sentiu cada célula ser tomada pelo cheiro delicioso que ela exalava.

-Oi. –Ela sussurrou.

-Oi. –Yoko ficou na ponta do pé para aproximar a boca da dela. Encostou as bocas, mas não o beijou.

-Não vai querer me provocar agora, no meio de toda essa gente, vai? –Ela perguntou com os olhos semi-cerrados, sem se afastar.

-Talvez. –Yoko respondeu de forma maldosa, mordiscando o lábio inferior de Faye.

-Você não quer ser castigada mais tarde, não é? Não-me-provoque.

Yoko afastou-se ligeiramente. Faye a olhava nos olhos.

-Não lido muito bem com ameaças.

-Você iria gostar de ser castigada, acredite. –Os olhos dela incendiaram. Yoko ficou sem fôlego.

Depois sorriu, para disfarçar, e finalmente plantou um beijo suave e molhado nos lábios feminino.
Sentiu que ela curvava os lábios e fazia uma pressão maior nos dela, como se tentasse mostrar que comandava ali.

-Tenho que me trocar para ir para casa. –Ela disse ao se afastar. –Vamos comigo?

Faye assentiu e a seguiu. Yoko viu que todas as mulheres dali evitavam encará-la – provavelmente já sabiam de seu namoro com Faye, mas agora depois de terem visto a cena íntima das duas, talvez estivessem um pouco embaraçadas.
A morena parecia alheia aos olhares de cobiça que lhe lançavam. Abraçou Yoko pela cintura e ela chegou a corar ao ver como ela só tinha olhos para ela e mais nada.

Entraram no camarim da morena e ela passou a chave na porta. Foi falar alguma coisa para Faye, mas quando se virou para olhá-la viu que ela tinha a boca separada. Os olhos presos em seu corpo.

-O que foi?

-Você certamente não tem idéia... –Ela murmurou, numa certeza que fez Yoko se perguntar se ela a achava sempre ingênua assim. –Mas o modo como está vestida... –Sua língua acariciou o lábio inferior involuntariamente. –É o tipo de fantasia de qualquer homem e mulher. Seus fotógrafos sabem realmente como conseguir vender revistas.

Yoko baixou os olhos e deu um sorriso provocante. Quando ergueu os olhos e deu um passo à frente, viu que a respiração dela falhava.

-Então... é uma fantasia sua também? –Ela levantou uma sobrancelha. –Gosta do modo como estou vestida? –Passou dois dedos pela renda da meia que ficava em sua coxa, e viu Faye descendo os olhos lentamente até seus dedos.

-Porra. Eu gosto. Você está de calcinha, corpete e meias... acho que não poderia estar mais deliciosa que isso. Só não gosto da idéia de que semana que vem homens de todo o mundo vão se masturbar tendo a imagem que eu estou tendo agora.

Yoko franziu a testa e riu.

-Isso foi rude. –Levou a mão ao peito dela e o empurrou delicadamente. Faye caiu sentada no sofá trás de si.

-Ah. Agora pegou gosto pela coisa? –Ela resmungou, mas sua voz falhava. –Me torturar?

-Eu gosto de saber que tenho esse poder... estranho... sobre você. –Ela sorriu de lado e puxou a renda de uma das meias, segurando-a por um segundo, antes de soltar e fazer o tecido se chocar contra a coxa, com um som alto de chicote.

Faye passou a mão pelo rosto. Yoko sorriu, reconhecendo que aquele gesto era de nervosismo.

-Vem cá. –Ela chamou. Yoko foi até ela e sentou-se em seu colo.

Faye puxou seu rosto e lhe deu um beijo violento, enrolando os dedos noscabelos castanhos. Quando o beijo estava se tornando quente demais, elasuspirou e encostou a testa na dela, respirando com dificuldade. Os olhosfechados.

-Não precisamos parar. –Yoko disse, hesitante, com a mão na bochecha dela.

Faye balançou a cabeça, ainda sem abrir os olhos.

-Precisamos. Confie em mim, amor, você não vai querer perder sua virgindade nocamarim de uma sessão de fotos. Provavelmente seríamos interrompidos em cercade dez minutos.

Ela suspirou impacientemente.

-É verdade. Foi por água a baixo todo meu plano de tortura com você... isso levariamais do que dez minutos.

Faye sorriu de lado.

-Não se preocupe. Ver você vestida assim já é uma tortura mais do que oimaginável, acredite.

Yoko ergueu-se do colo dela, sapeca.

-Que bom. Então o que diria se me visse só com a calcinha e com as meias?–Desafiou-a.

Faye calou-se. Yoko levou as mãos para a frente do corpete e o desabotoou antesque ela pudesse falar qualquer coisa.
Já ficava mais à vontade trocando de roupa na frente dela. Não ficava maisembaraçada como antes. Com um riso sapeca, ela jogou o corpete em cima dacadeira e virou-se para procurar suas roupas. Viu pelo reflexo do espelho que Fayerespirava fundo e não disfarçava o olhar para ela.

-Quer me ajudar a tirar a meia? –Ela perguntou sobre o ombro, num tom de vozinocente. Fingidamente inocente.

-Pequeno demônio. –Ela acusou, com a mão na nuca.

Yoko teve que prender o riso. Foi andando até ela de forma sensual e ergueu aperna quando estava à sua frente, apoiando o pé na almofada do sofá.

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