VENICE

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No quarto, após curtirem o momento com o bebê, Pete, ainda emocionalmente abalado, finalmente mostrou a Tay a notícia sobre o acidente de Vegas. Vegas era um ponto sensível na vida de Pete, algo que até então apenas sua amiga mais próxima sabia. Tay, com seus contatos na Tailândia, rapidamente soube de todos os detalhes do acidente.

— Pete, não é egoísmo pensar assim. Agora, vamos focar em você e no seu bebê, querido — disse Tay, tentando acalmar Pete.

O médico que havia repreendido Tay anteriormente entrou no quarto para verificar os pacientes. Parecia um pouco desconfortável ao se deparar com Tay novamente. Ao terminar a consulta, ele tentou sair discretamente, mas Tay o chamou:

— Espere, doutor, quero falar com você.

Do lado de fora do quarto, o médico ainda parecia envergonhado, mas Tay, com seu jeito direto, tentou tranquilizá-lo.

— Não fique envergonhado. Não foi por causa da sua bronca, e também não fiquei ofendido que você viu um pouco mais da minha pele quase nua.

— Não é isso... — O médico hesitou, escolhendo as palavras com cuidado. — Fiquei incomodado com o que disse antes. Achei inadequado, considerando que seu companheiro acabava de dar à luz. Eu deveria ter sido mais sensível.

Tay soltou um riso leve.

— Sério que meu companheiro deu à luz? Estranho... Não me lembro de ter um companheiro, muito menos dele estar grávido. Pete é meu amigo. Meu nome é Tay, e eu estou apenas acompanhando meu amigo. Aliás, estou solteiro. Agora é a sua vez.

O médico, ainda surpreso com a virada na conversa, sorriu.

— Meu nome é Tem. Sou médico e, assim como você, estou solteiro.

— Perfeito. Que tal você me dar seu número? Quando meu amigo não estiver precisando de tanta atenção, e se você estiver disponível, podemos marcar algo.

Tem concordou, aliviado pela descontração de Tay. Era bom conversar com alguém tão decidido.

De volta ao quarto, Tay entrou com um sorriso provocador.

— Olha só, já temos um médico para nos auxiliar. Eu só preciso dar o meu número para ele.

Pete, observando a interação, riu, mas logo ficou sério.

— Mas... você não estava comprometido com o outro? O que aconteceu?

— Venice nasceu. Isso aconteceu.

— Tay, me desculpe, eu...

Tay balançou a cabeça e sorriu.

— Pete, eu posso ter qualquer homem ou mulher, mas o nascimento de Venice é único. Se um homem não entende isso, ele não vale o estresse.

Pete, ainda tocado pelas palavras de Tay, o abraçou do jeito que pôde, considerando os pontos da cirurgia. Esse momento de amizade e apoio ficaria gravado em sua memória para sempre. Logo depois, a amiga de Pete chegou para uma breve visita. Embora sua escala de trabalho não permitisse que ficasse por muito tempo, Tay garantiu que ele não ficaria sozinho.

Com o tempo, Pete começou a sentir a real necessidade de ter alguém ao seu lado para ajudar. Decidiu, então, ir morar com sua mãe. Mas, para sua surpresa e decepção, ela não ofereceu o apoio que esperava. A mesma mãe que se orgulhara de seu sucesso na aviação agora lhe virava as costas.

Tay, sempre presente, o convidou para morar com ele, mas Pete recusou, não querendo abusar da amizade. Em um gesto inesperado, ele decidiu ligar para seu pai, alguém com quem não tinha muito contato. O pai atendeu prontamente, sem fazer perguntas, apenas disse: "Venha, meu filho. Só me diga a hora que irei buscar vocês."

Depois Daquele Carnaval - Pete E VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora