MEU BOLO

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Quando chegou em casa, Venice agradeceu a todos e pediu para subir correndo. Ele estava eufórico, mal podia esperar para contar tudo aos amigos.

Pete desceu para receber o filho e, ao avistar Macau e Vegas, perguntou:

— Vocês querem tomar um chá? Acabei de fazer.

Vegas aceitou na hora. Macau olhou para Tay, que resistia a beber, mas acabou concordando também.

Enquanto tomavam o chá, Vegas contava sobre como foi a noite, sem conseguir evitar de observar o pijama de Pete, suas olheiras e as covinhas que apareciam quando ele sorria, mesmo com sono. Macau, por outro lado, lutava para fazer Tay tomar o chá, mas Tay estava mais interessado em resistir do que em beber.

— Sério, Tay, só toma isso logo — Macau reclamava, enquanto Tay fingia desinteresse.

Vegas então pediu para conversar com Pete fora, deixando Tay e Macau na sala.

— Obrigado, Pete. De verdade. Obrigado por deixar o Venice participar da festa e aceitar meu presente.

Pete respirou fundo, segurando a xícara com uma leve ironia no olhar.

— Olha, Vegas, eu sou do interior, sabe? Visto meu filho com roupas de segunda mão, mas sei reconhecer uma boa oportunidade quando ela aparece.

Vegas suspirou, visivelmente desconfortável.

— Pete, me desculpa por qualquer coisa. Eu só...

— Eu sei, Vegas. Eu ainda lembro de você dizendo que o carnaval era uma alienação das massas. Mas olha só... Seu filho ama carnaval. Ama andar sem camisa no meio da multidão. Parece que você pagou com a língua.

— Eu... eu só não sei muito bem como falar as coisas sem ofender.

— Pois trate de aprender. Agora você tem um filho adolescente e eu não quero que ele siga certos exemplos.

Foi a primeira vez que Pete mencionou o filho tão abertamente. Vegas pareceu perceber o peso do comentário, mas logo retomou:

— Então... eu posso vir mesmo para a comemoração do aniversário?

— Claro, vai ser só nós. Venice está longe dos amigos, e parece que ele se deu bem com o Macau. Acho que o Macau também gostou de alguém aqui.

Vegas sorriu levemente.

— Eu também gostei de alguém daqui.

Pete ignorou o comentário com elegância.

— Como você está lidando com tudo isso? — perguntou Pete.

— Estou bem, só não sei como o Venice vai reagir.

— Nem eu.

De repente, Macau apareceu na porta, fazendo uma reverência teatral.

— Tay já está no quarto. Ele não quis tirar a roupa para dormir, mas eu consegui ao menos tirar os acessórios — disse, piscando para Pete.

Pete riu.

— Pode deixar, eu cuido dele.

Macau sorriu e entrou no carro com Vegas. No curto caminho de volta, eles ficaram em silêncio, até que, antes de entrarem em casa, Vegas deu um abraço forte no irmão.

— Obrigado por tudo, Macau.

— Obrigado você, por ser o melhor irmão. Sempre.

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Na manhã seguinte, Vegas estava no quarto, trocando de roupa pela quinta vez. Macau o observava com uma expressão de desaprovação total.

— Cara, já é a quinta roupa que você troca! É só um bolinho, no modo brasileiro! Se fosse por mim, você ia de havaianas e bermuda de tactel!

Depois Daquele Carnaval - Pete E VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora