AQUELE COMISSÁRIO

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Tay cumpriu exatamente o que havia planejado. Depois de contar inúmeras histórias para Venice até ele finalmente adormecer, tomou um cafezinho com o pai de Pete e partiu em seu voo de volta. Ao chegar em casa, se higienizou com um cuidado que refletia seu perfeccionismo natural. Escolheu a farda mais elegante que tinha: um uniforme vermelho vibrante, com detalhes em branco que acentuavam suas linhas impecáveis. O tecido se ajustava perfeitamente ao corpo esbelto de Tay, destacando cada curva com uma sutileza que fazia o olhar de qualquer um se prender nele por mais tempo do que o normal.

Com tudo pronto, ele ligou o carro e seguiu em direção ao hospital. Ao chegar, deslizou com confiança pela área particular, e foi como se o ambiente inteiro parasse por um momento. Todos os olhares se voltaram para ele - desde médicos até residentes -, fascinados pelo contraste entre a seriedade do hospital e o charme irresistível de um comissário de bordo, que parecia ter saído de uma revista de moda. Tay andava como se soubesse o impacto que causava, os sapatos polidos batendo suavemente no chão, enquanto o tecido do uniforme vermelho abraçava suas pernas longas.

Tem estava de cabeça baixa no refeitório, absorto em seus pensamentos, quando a voz inconfundível de Tay o tirou daquele estado. Precisou de alguns segundos para acreditar no que via. Seu namorado tinha voltado, mais deslumbrante do que nunca, com aquele ar de confiança que sempre o fazia se sentir seguro. A combinação do uniforme com o sorriso encantador de Tay era o suficiente para fazer o coração de Tem bater mais rápido.

- Vamos? Minha roupa não vai deixar meu corpo sozinho. - Tay provocou, inclinando-se levemente, os lábios se curvando em um sorriso que exalava charme.

Tem, sem hesitar, envolveu Tay em um abraço apertado, sentindo o alívio tomar conta de si por tê-lo de volta. Ele pegou sua bolsa térmica e se despediu dos outros com um aceno rápido, ansioso para sair dali com Tay. Mas a despedida não passou despercebida.

Os outros médicos ficaram em silêncio por um momento, até que uma das residentes quebrou o clima com um comentário provocador que arrancou risos nervosos dos presentes:

- Tenho minhas dúvidas se Tem vai aguentar tudo aquilo. Diga, Time, você que já o viu pelado, ele não é demais?

Time, que desde que viu Tay nu tentava tirar a imagem do namorado do amigo da cabeça, se remexeu desconfortável, mas não pôde deixar de responder, um suspiro escapando enquanto falava:

- Eu só sei que é tudo isso que você fala. É tudo isso e muito mais.

A outra médica abanou a mão, tentando afastar os pensamentos proibidos.

- Vamos todos para o inferno por desejar o comissário do coleguinha- disse, arrancando risos dos colegas, que voltaram a seus afazeres, ainda com a imagem de Tay gravada na mente.

Antes mesmo de chegar ao carro, Tem já estava com raiva. Não tinha uma pessoa que não olhasse para Tay, e ele não podia culpá-los - o namorado parecia ter sido esculpido por mãos divinas. Até mesmo algumas crianças pediram para tirar foto com ele. Quando finalmente entrou no carro, ficou aliviado. Tay dirigiu em silêncio por um tempo, mas logo a tensão entre eles começou a se dissipar.

- Você vai viajar? - Tem perguntou, tentando disfarçar a frustração na voz.

- Vou! - Tay respondeu, sem tirar os olhos da estrada.

- Mas você acabou de chegar. Tay...

- Vou viajar, mas antes quero o meu namorado dentro de mim. - Tay disse, com a voz carregada de desejo. E também a forma de cortar o assunto. Tay trabalhava viajando então não era para haver questionamento sobre isso.

Tem sorriu, o humor mudando instantaneamente. Tay dirigiu até um motel próximo, e assim que a porta do quarto se fechou, a atmosfera mudou. Tem não conseguiu mais segurar o impulso. Beijou Tay com força, as mãos já explorando o corpo do namorado, até que restasse apenas o uniforme vermelho. Nessa hora, ele odiou ser médico.

- Preciso de banho. Micróbio demais pra pegar em você.

- Vá em frente. - Tay respondeu, o olhar preguiçoso de quem já planejava o que viria a seguir.

Quando Tem voltou, parecia outro homem. O banho tinha o revigorado, mas era Tay que o transformava. O simples fato de estar ali, tão perto de Tay, ativava algo dentro de Tem, algo que o deixava insaciável. E foi assim que o sexo começou, intenso e apaixonado. O corpo de Tay era puxado contra o dele, seu interior invadido, sua boca tomada por beijos ardentes. Tem alternava os dedos, provocando, explorando, até que estivesse todo dentro. E então fez o que sabia fazer de melhor: fez Tay gemer. Era assim desde a primeira transa, e era assim que Tay adorava.

Para quem tinha dúvidas se Tem dava conta de Tay, a resposta era um sonoro sim. Ele ficava exausto, mas dava conta de controlar o fogo do namorado, ainda que fosse necessário repetir o ato mais uma vez antes de Tay viajar. Tem voltou ao plantão, mas não sem antes gravar mais uma lembrança quente do namorado.

O carro de Tay ficou com Tem, e foi com ele que o médico adentrou no hospital. Na sala dos médicos, Time estava lá e viu o amigo chegar descabelado, claramente marcado pela noite anterior.

- Meu filho, tome umas vitaminas, viu, pra aguentar. Passe um pente nesse cabelo pra disfarçar. - Time provocou, com um sorriso.

Tem se olhou no espelho, ajeitou o cabelo como pôde, e abriu um armário minúsculo que ficava ali. Tirou de lá outra camisa, vestiu, e subiu a gola para cobrir algumas marcas.

- Se Tay tivesse terminado comigo, eu iria me matar e te matar.

- Eu? Eu não sabia que ele era ciumento assim. Sempre o achei tranquilo.

- Ele não é ciumento, mas possui um gênio forte. E você pode apagar da cabeça a imagem do meu namorado nu, por favor.

- Eu também já te vi nu, por que está preocupado agora com seu namorado?

- O problema, querido, é que Tay é o seu tipo. O seu tipo preferido.

Time encarou Tem, que estava muito bonito, com a cara de sono e o cheiro de Tay ainda impregnado em si.

- Você também é meu tipo. O que podemos fazer quanto a isso?

- Difícil, porque você também é meu tipo e o tipo de Tay. Melhor não arriscarmos.

Time sorriu.Tem saiu apressado.
- Se dê, te espero na hora do almoço

Depois Daquele Carnaval - Pete E VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora