DOIS TEIMOSOS

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Pete parou na porta do quarto de Tay, batendo levemente antes de entrar. O som do chuveiro ainda ecoava do banheiro, então ele se encostou no batente da porta e esperou pacientemente. Quando Tay finalmente saiu, com uma toalha enrolada na cintura e os cabelos pingando, ele notou imediatamente que Pete estava ali para falar algo importante.

Pete ergueu uma sobrancelha, sem rodeios:
— Se você não ficar quieto, não vai melhorar.

Tay  soltou uma risada leve, tentando descontrair, mas a tensão estava estampada em seu rosto.
— Eu não poderia ficar quieto, você sabe disso. Não eu. — Ele suspirou e então soltou a bomba: — Aluguei meu apartamento. Vou ficar aqui... por um tempo.

Tay, sem se abalar, apenas deu de ombros
— Mas aqui é tão... caro, Tay. Se você quiser economizar...

Tay balançou a cabeça, interrompendo:
— Pete, eu me programei pra ter um bebê. Então eu tenho dinheiro, tá? O que eu não tenho mais é o alfa que iria me fecundar. — Ele fez uma pausa dramática, antes de sorrir amargamente. — Então vou torrar meu dinheiro aqui. Quem sabe eu não esbarro em um velho rico e viúvo pra me sustentar?
Tay riu, mas logo seu olhar ficou curioso. Ele sabia que tinha algo mais.
— Mas vai me contar agora o que está pegando ou eu vou ter que ficar aqui enrolando?

Pete ficou em silêncio por um segundo, como se procurasse as palavras certas.
— O pai de Venice está aqui.

Tay piscou, sem entender de imediato.
— Aqui... no Brasil?

— Sim, aqui no Brasil, nessa cidade. — Pete fez uma pausa dramática. — Nessa quadra. E eu me encontrei com ele... no supermercado.

Tay arregalou os olhos, surpreso.
— Nossa... nossa! — Ele levou a mão ao peito teatralmente. — Isso tá melhor que a novela Maria do Bairro! Continua, tô adorando!

Pete, apesar da situação tensa, não pôde evitar uma risada.
— Tay... ele percebeu. Ele percebeu tudo. Agora, às cinco, tenho que me encontrar com ele. Estou... preocupado.

Tay parou, pensando. E então deu um sorriso tranquilizador.
— Você não acha que já passou da hora de resolver isso? Tudo o que aconteceu te trouxe até aqui. — Ele fez um gesto abrangendo o quarto e o apartamento. — Nem eu estaria aqui se algumas semanas atrás as coisas tivessem sido diferentes. Quer fugir? A gente pode fugir por um tempo, se quiser.

Pete olhou para Tay com um sorriso genuíno, sentindo-se um pouco mais leve. Até nas situações mais tensas, Tay sempre conseguia fazê-lo sorrir.

— Eu nunca fui a fundo pra saber quem era esse Vegas — admitiu Pete, tirando o celular do bolso. — Eu sabia que ele tinha dinheiro, que era tailandês... mas nada me preparou pra isso. — Ele mostrou o telefone para Tay, exibindo suas últimas buscas no Google. Lá estava toda a ficha de quem era o pai do seu filho.

Tay olhou a tela e assobiou baixinho.
— Uau... é, parece que não dá pra fugir disso, amigo.

Pete suspirou, derrotado.
— Vou conversar com ele. Ver como podemos resolver. Venice está no meio disso tudo.

Tay deu um sorriso suave, colocando a mão no ombro de Pete.
— E eu tô com você, sempre. Lembra disso.

O clima pesado foi quebrado quando Tay, do nada, soltou uma lembrança:
— Ah, preciso te contar algo. Hoje, quase bati o carro de novo.

Pete fez uma cara de preocupação.
— Tay... sério?

— Calma, não foi nada demais! — Tay riu. — Só deixei um cara muito puto comigo.

— E você esperava o quê?

Tay fez uma pausa dramática, com um brilho malicioso nos olhos.
— O plot twist é que o flanelinha, pra me acalmar, me deu uma garrafa de água ... só que tinha cuspe dentro. Eu bebi cuspe de um estranho!

Depois Daquele Carnaval - Pete E VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora