AMIGOS

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Quando Pete entrou no quarto de Tay, já eram dez horas da manhã. Tay estava organizando alguns pares de sapatos espalhados pelo chão, atento a cada detalhe, como sempre. Pete encostou-se na porta, cruzando os braços com um sorriso.

— Veja só... achei que você ia viajar e nem ia se despedir, hein?—Tay falou se virando.

— Tentei lhe dizer mas  você também estava ocupado, com a boca sabe-se lá onde...

— Eu dormi com o Vegas mesmo. — ele confessou, direto.

Tay levantou uma sobrancelha, fingindo surpresa.

— Só dormiu? Vou ficar decepcionado.

— Ah, não tô maluco. Claro que transei com o pai do meu filho.

— E...? — Tay incentivou, esperando mais detalhes.

Pete deu de ombros, com um sorriso de quem já sabia o que esperar.

— Foi do jeitinho que eu lembrava.

Tay deu uma risadinha.

— Então deve ter sido ótimo, já que o Venice veio dessa relação, e ele é um menino lindo.

Pete concordou, rindo.

— Né? Mas e você, não perdeu tempo, né, Tay?

Tay suspirou dramaticamente, voltando a ajeitar os sapatos.

— Pete, Pete... Já fiquei com altos, baixos, loiros, ruivos. Transei com um, com dois... Mas vou te contar, aquele trombadinha não é de se jogar fora.

Pete riu alto, lembrando da cena.

— Sabia que você tava de olho no “trombadinha” desde que jogou aquele protetor solar na cabeça dele.

Tay se virou, sorrindo com malícia.

— Naquela época, talvez não... Mas ele me fez beber o cuspe dele e agora... — ele lançou um olhar malicioso para Pete — agora eu já bebi foi outra coisa.

— Tay! — Pete fingiu horror. — Não me faça imaginar o Macau assim! Ele é quase da idade do meu filho!

Tay soltou uma risada, dando um leve empurrão em Pete.

— Fresco! Sim, o garoto é gostoso, e eu também sou, então tudo fica ótimo. O melhor é que ainda temos dez dias juntos pra aproveitar.

Pete balançou a cabeça, rindo.

— Pela tua cara, vai ser até cansar.

Tay riu, confiante.

— Se for até cansar, então vai demorar. Mas e você e o Vegas? Futuro? Presente? Passado?

Pete deu de ombros, pensando.

— Ainda não sei. Não falamos sobre isso... Mas eu acho que, se ele quiser, eu quero saber. Pelo Venice.

Tay o olhou de lado, com um sorriso malicioso.

— Sei... “Pelo Venice”. Se você diz...

Pete sorriu também, mas havia um brilho sincero em seus olhos. Ele realmente gostava da ideia de ter Vegas ao seu lado e viver como uma família.

— Ah, e sabe os Jurandir? — ele disse, mudando de assunto e rindo. — Me procuraram, pasme, falando umas besteiras sobre eu ter aceitado “sei lá o quê”. Esses dois querem me deixar louco, mas confesso que foi bom... Tanto que olhei pro Macau e falei: “vou tirar todo o meu estresse em você”.

Tay riu, chacoalhando a cabeça.

— E você não sente falta deles? Tipo... dos dois? — perguntou, curioso.

— De dormir, transar, ou viver com os dois? Seja mais específico.

— Sim, de tudo isso.

Pete soltou um suspiro, pensativo.

— Sinto, sim. Com o Tem e o Time, achei que ia ser o fim da linha, sabe? A gente tinha um esquema que funcionava, a profissão deles exigia muito, e eu gostava daquele nosso equilíbrio. Mas, no fundo, faltava algo... Temperinho, entende?

Tay deu uma gargalhada, apontando para ele.

— Claro que faltava. O tempero era você, seu palmito branco!

Ele pegou uma caixa de sapato vazia e atirou em Pete, que se desviou, rindo.

— E falando nisso, falei com.seu pai hoje. A oficina está bem e seria bom da um reformada.

Pete,arqueou uma sobrancelha, ajeitando-se para responder, como se já soubesse a resposta.

— Já havia pensando nisso, mas tudo gira em torno de 100 mil.
— Pois é exatamente o que eu tenho.

Pete parecia confuso, franzindo a testa.

— Tá, você ganha bem e tal, mas você tem seus luxos, e praticamente me ajuda a sustentar o Venice. Como você tem cem mil reais assim?

Tay deu um sorriso descarado.

— Macau me deu em troca de alguns... serviços onde eu precisei usar a boca, digamos assim.

Pete fez uma careta, incrédulo.

— Não acredito que você fez isso!

Tay deu de ombros, rindo.

— Fiz sim! Cem mil, meu caro. Dinheiro não cai do céu, e eu não sou de recusar uma oferta lucrativa.

Pete começou a rir, balançando a cabeça.

— Tay, seu safado! Como é que você consegue essas coisas? Eu fiz a mesma coisa e não ganhei nem um centavo!

Depois Daquele Carnaval - Pete E VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora