Capítulo 8

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Minho me trouxe para o seu apartamento. Ele queria me levar para o meu mas eu disse que não queria voltar tão rápido. Ele não contestou, fez o que eu pedi em silêncio e eu agradeci mentalmente porque estava exausto.

Estou em silêncio desde que chegamos. Ainda em choque. Minho também não diz nada mas me encara. Sei que ele quer saber o que aconteceu.

- Você... se sente melhor? - me olha com preocupação.

- Sim, obrigado por me me tirar de lá - digo tentando sorrir.

- Você pode me contar o que aconteceu? Quando eu te encontrei você parecia tão assustado - pede com cuidado.

- Tudo bem, acho que consigo contar agora. - Ele me encara, esperando que eu comece a falar.
- Eu estava em um encontro. Não foi muito legal, quero dizer, ele não era muito legal. Changbin bebeu muito e quando estávamos no estacionamento ele me agarrou e... - faço uma pausa porque lembrar daquele momento me fazia estremecer - eu tentei gritar mas não tinha ninguém. - Eu ia continuar mas ele me interrompeu.

- Ele te fez alguma coisa? - Minho pergunta horrorizado.

- Ele me beijou, eu tentei escapar mas ele segurou os meus braços.
- Seu olhar vai para os meus braços descobertos, que agora apresentavam marcas vermelhas dos dedos daquele nojento. Aquilo com certeza ficaria roxo mais tarde.

- Ele te machucou - ele engole seco, parecia indignado.

- Não está doendo - digo tentando tranquiliza-lo.

Não eram os meus braços que estavam me incomodando, mas sim todo o meu corpo que
parecia sujo e usado. Se eu fechasse os olhos ainda conseguia sentir o cheiro de perfume e álcool que exalava do Changbin. E pensar em seu
toque pelo meu pelo corpo me fazia querer tomar um banho agora mesmo.

- Eu deveria ter imaginado - digo chamando sua atenção. - Eu mal conhecia ele, o que eu tinha na cabeça quando aceitei o convite? - questiono.

- O que? Você não pode mesmo estar achando que a culpa é sua - Minho se aproxima com cautela e me encara sério.

- Eu poderia ter previsto se tivesse sido mais
esperto - respondo e ele nega com a cabeça. - Sempre vi casos como esse acontecendo mas
nunca achei que seria uma vítima um dia - engulo seco e desvio o olhar dele.

- Eu quero socar a cara desse idiota! - Minho exclama irritado e se levanta, andando em círculos pela sua sala.

- Eu meio que fiz isso - digo lembrando.

Ele para de andar e me olha atento.

- Você socou ele? - pergunta.

- Sim, foi como consegui fugir. Esperei ele baixar a guarda e soquei o pescoço dele com uma força que nem sei de onde saiu. Ele se afastou e eu aproveitei para correr. Foi quando você me encontrou - conto a ele que parece satisfeito com a minha história.

- Muito esperto - ele sorri fraco e eu retribuo. Ponto para Seung. - Você pensou se vai denunciar ele? Eu posso te acompanhar até a delegacia.

Isso nem tinha passado pela minha cabeça. Eu posso ter conseguido fugir mas outros garotos podem não ter a mesma sorte. Caras como o Changbin precisam pagar pelo o que fazem.

- Eu não sei ainda. Se ele vier me procurar de novo eu denuncio, mas por enquanto vou deixar esse assunto quieto. Não sei se conseguiria lidar com isso agora - respondo sincero levo a mão na testa. Estava tão cansado.

- O que for que decidir, saiba que eu estou aqui para te apoiar - ele toca minha mão de leve e eu sorrio.

Me lembro que já deve estar tarde e Seung vai ficar preocupado se eu não der notícias.

- Você poderia me levar para casa? Já está ficando tarde e o Seungmin está me esperando chegar - peço e ele assente, se levantando.

- Claro.

No caminho para casa fico apreensivo. O que eu faria quando encontrasse Changbin? Afinal, não era impossível, morávamos no mesmo prédio.

- Chegamos - Minho diz assim que estaciona em frente ao meu prédio.

Mudo o olhar da janela para olhar para ele.

- Obrigado por hoje, eu não sei o que faria se você não tivesse aparecido lá - agradeço e ele sorri.

- Não seja bobo. Você se salvou sozinha, eu só dei uma ajudinha no final. Tenho que admitir que dessa vez eu não fui o herói - ele brinca e eu rio pela primeira vez naquela noite.

- De qualquer forma, obrigado. Só espero não ter que ver Changbin tão cedo.

Encaro a entrada do prédio. Eu estou com medo. Muito medo. E se ele estivesse me esperando?

- Por que você o veria? -pergunta curioso.

- Ele mora nesse prédio também - suspiro. - Foi assim que nos conhecemos.

- Por isso não queria voltar para cá, não é? - ele liga os pontos e eu assinto. - Vou te deixar na porta do seu apartamento, pode ficar tranquilo.

- Você já fez demais por mim hoje, Minho. Não quero mais te incomodar - nego sua gentileza porque já me sentia um aproveitador.

- Eu já estou aqui. O que custa subir com você? Vamos logo - ele segura minha mão e me guia até o elevador.

Olho para os lados procurando Changbun, mas nem sinal dele. Ainda bem.

Entramos no elevador e eu aperto o botão do meu andar. Só então percebo que Mjnho continua segurando minha mão. Me solto, tentando ser sútil. Acho que ele nem percebe.

- Tem certeza que seu amigo está em casa? - pergunta e eu o encaro. - Não é bom que você
fique sozinho.

- Está tudo bem. Acho que Changbin não teria coragem de vir até o meu apartamento, Seung faria um escândalo e bateria a porta na cara dele.

O elevador para no meu andar. Caminho até o apartamento e Minho me segue.

- Bom, está entregue - ele diz parado na porta.

- Obrigado por tudo - agradeço novamente e ele sorri.

- Você me agradeceu muito hoje, acho que compensou todas as vezes que me insultou.

- Acho que é você que está tentando compensar as vezes que foi um babaca convencido. E eu nem te insultei tanto assim - me defendo e ele ri.

- Boa noite, Hanji - diz se afastando.

- Boa noite, Minho - vejo ele caminhar até o elevador. - E é Han Jisung, Hanji só para os íntimos.

Ele solta uma risada e eu entro em casa, fechando a porta. Quando me viro, Seung está sentado no sofá, me encarando curioso.

- Você sai com um e volta com outro? O que eu
perdi? - pergunta com os braços cruzados.

Tenho vontade de chorar de novo ao lembrar.

- O encontro não foi bem como eu esperava.

The Proposal | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora