The Proposal | Minsung

Capítulo 19

Eu ainda estava chateado porque tinha perdido meu chinelo no mar, e fiz questão de jogar na cara do Minho que a culpa era dele.

Nós voltamos para casa e eu fui direto tomar banho. Ele disse que não queria ter que me esperar tomar banho primeiro e minha mãe disse que tinha outro banheiro no fim do corredor. Fiquei grato, assim teria o quarto só para mim por um tempinho.

Tomo meu banho e, infelizmente, sou forçado a lavar o cabelo. Depois que termino, saio de toalha mesmo para fora porque Minho não tinha voltado.

Procuro uma roupa na mala. Tinha esfriado um pouco e eu não trouxe nenhum casaco. Que sorte, eu trouxe praticamente meu guarda-roupa inteiro mas uma blusa de frio não.

Escuto a porta ser aberta e Minho entra. Ainda bem que eu já estava vestido, seria péssimo ficar de toalha na frente dele de novo.

-Você poderia bater na porta, sabe? Evitaria momentos constrangedores. - Eu reclamo.

- Não seria a primeira vez, de qualquer forma. - Ele debocha e eu reviro os olhos.

O jantar foi bem vergonhoso pois meus parentes fizeram várias perguntas sobre o meu
relacionamento com Minho e eu inventei um monte de mentiras. Consigo sentir a culpa me  consumindo.

- Você é um ótimo ator. Já pensou em largar a psicologia e ir para o teatro, ou talvez tentar uma novela? Você daria um ótimo galã. - Eu digo quando voltamos para o quarto.

- Vou entender isso como um elogio. - Ele responde.

- Estou morto, mentir é muito cansativo. - Digo me jogando na cama.

- É até divertido. - Ele se deita ao meu lado e eu me levanto em um salto.

- O que pensa que está fazendo? Você não vai dormir aqui. - Exclamo.

- E onde eu vou dormir, no chão? - O encaro como se fosse exatamente isso que eu estava pensando. - Ah não! Eu sou seu convidado e namorado de mentira. - Ele responde.

- Nada disso, você vai dormir no chão. - começo a jogar alguns travesseiros e cobertores no chão, fazendo uma cama para ele.

- Obrigado pela consideração. - Ele resmunga enquanto se deita.

- Boa noite. - Eu sorrio satisfeito.

Antes de dormir, respondo algumas mensagens de Seungmin. Digo para ele que ligo amanhã para contar as novidades. Ele ainda não sabia do meu suposto namoro com o Minho. Eu tenho certeza que a minha mãe já postou alguma foto nossa no Facebook, flagrei ela bancando a fotógrafa da família quando estavamos na praia.

...

Quando acordo vou direto para o banheiro mas tropeço em algo no caminho e caio no chão.

- Ai! - Minho exclama. Me viro e vejo que foi nele que eu tropecei.

- Desculpa, tinha esquecido que você estava aí. - Respondo ainda no chão.

- Se você tivesse me deixado dormir na cama isso não teria acontecido. - Ele se vira para me olhar e se aproxima. Que droga. Ele ficava bonito até mesmo quando acordava.

- Nem tente me manipular para que eu te deixe dormir na cama. Não vai funcionar. - Digo e me
afasto. Eu estava com vergonha porque 1- ele
estava muito próximo e 2- eu estou horrível, nem escovei os dentes e devo estar descabelado.

Me levanto e vou até o banheiro, faço as minhas higienes e volto para o quarto. Minho já
arrumou a "cama" dele e estava arrumando a minha. Pelo menos ele não é um inútil.

- Pode usar o banheiro agora. Vou descer para tomar café. - Eu aviso.

Ainda estava cedo. Só minha mãe e meus tios estavam acordados.

- Bom dia, família. - Cumprimento todos.

- Bom dia, Filho. E o Minho , já acordou? - Minha mãe pergunta.

- Sim. Já está descendo. - Respondo.

- E o garoto que foi morar com vocês? Como era mesmo o nome dele... - Ela diz.

- Chan. Está dando tudo certo, ele até cozinha
para mim e o Seungmin.

- Que bom, filha. Ah, esqueci de te contar que seu pai chega hoje. - Ela solta a notícia e eu gelo.

Meu pai. Isso não iria dar certo. Depois da separação o relacionamento dos meus pais foi de mal a pior e ele também não era muito presente na minha vida e do Felix. Eu recebia uma mensagem no meu aniversário, as vezes uma ligação, quando ele se lembrava. Além disso, meu pai também não se dava bem com Vitor, meu padrasto. Sempre que eles se encontram fica um climão. Os planos era que ele só chegaria no dia do casamento, para evitar conflitos. Mas pelo jeito ele mudou de ideia.

- Como assim? - Digo ainda em choque.

- Ele mudou de ideia. Disse que quer passar mais tempo com você e seu irmão. - Ela responde.

- Ele não conversa comigo por mais de dois minutos há anos. Por que ele quer bancar o bom pai agora? - Digo começando a me alterar. Meus tios estavam distantes de onde estávamos conversando mas se eu começar a falar um pouco mais alto tenho certeza que eles irão ouvir.

- Eu sei, filho. Mas temos que dar uma chance. - Ela diz calma.

- Chance para nos magoar de novo? Eu não vou
fingir que nada aconteceu enquanto el... - Paro
assim que vejo Minho chegar. Não quero ele
mais envolvido nos meus problemas familiares.

- Estávamos esperando por você, Minho. -
Minha mãe diz e se volta para mim. - Depois
conversamos sobre isso, Hanji. Ele chegará no
almoço. - Ela diz e começa uma conversa com a minha tia.

Não sei se Felix já sabia da notícia. De nós dois, ele foi a que mais sofreu com a falta do nosso pai. Não sei que tipo de relação eles mantêm agora, mas imagino que não seja diferente da minha. Pensão na conta todo mês e mensagens de aniversário.

- O que aconteceu com você? - Minho pergunta.

Estavamos sentados na varanda da casa. Eu não falei muito durante o café da manhã. Ainda estava tentando processar a vinda repentina do meu pai.

- O que? - Pergunto sem desviar os olhos do mar na minha frente. Confesso que refletir sobre os meus problemas na praia era muito melhor que no meu apartamento. Até me sentia um pouco melhor aqui, como se nada pudesse me deixar tão triste.

- Está quieto. Nem me deu bronca hoje. - Ele brinca e eu sorrio fraco.

- Só pensando em algumas coisas. - Respondo.

- Pode me contar em que?

Eu não converso sobre os meus problemas paternais com ninguém além de Seung. Seria bom por para fora, já que ele não está aqui agora.

- Meu pai. - Eu suspiro. - Ele chega hoje.

- E por que isso te incomoda? - Ele se aproximada um pouco mais de mim.

- Ele não está sendo o melhor pai ultimamente. Talvez nunca tenha sido. Depois que a minha mãe se casou com Vitor ele se afastou ainda mais. Não tenho notícias dele há algum tempo e ele não parece se importar em saber como eu estou. Agora ele vai chegar aqui agindo como se fosse o melhor pai do mundo, vai perguntar sobre a minha vida parecendo estar muito interessado. - Suspiro e tento conter algumas lágrimas.

- Você falou com ele sobre como se sente?

- Não. Eu não sei o que dizer. Eu não sei como eu me sinto. - Cubro o rosto com as mãos. Minho aproxima e passa os braços pelos meus ombros, me puxando para um abraço.

- Não se preocupa, eu vou te ajudar. - Ele sussurra enquanto me abraça.