Capítulo 35

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Minha situação não poderia estar mais
deprimente. Estou sentado observando o Minho e a Yeji dançando juntos e do outro lado Chan e Seung, que esqueceram totalmente que eu existo.

Eu teria pegado um Uber e ido embora, como eu disse que faria, mas na realidade eu tenho medo de fazer isso sozinho, principalmente à noite.

- Olá, moço bonito. Posso te oferecer uma bebida? - Um garoto se aproxima e se senta do meu lado. Era bem bonito e estava segurando dois copos. Mas eu não iria aceitar bebida de um estranho, ainda mais alcoólica.

- Só se for um refrigerante ou uma água. - Digo e ele franze o cenho.

- Um universitário que não bebe? Posso saber por quê? - Ele diz e coloca um dos copos na mesinha de centro.

- Meu pai é alcoólatra, acho que fiquei com trauma. - Digo e só depois percebo que acabei de contar uma informação íntima sobre a minha vida para um estranho. - Desculpa, você não precisava saber disso.

- Tudo bem, as pessoas costumam contar seus
problemas para mim. - Ele diz e eu arqueio a
sobrancelha.

- Não vai me dizer que você também faz
psicologia.

- Acertou. E o que você faz? - Pergunta.

- Medicina. - Digo e ele não faz nenhuma
expressão de surpresa.

- Era o meu palpite. - Ele diz e eu rio.

- Não vou nem contestar o porquê de você achar isso pois aprendi que psicólogos são muito observadores. - Digo.

- Você conhece mais estudantes de psicologia? - Ele pergunta.

- Bom, duas pessoas. Meu melhor amigo, Seung, que foi quem me arrastou para essa festa e... - Olho para o outro canto da sala, onde está o Minho.

- O Minho? - Ele pergunta seguindo o meu olhar.

- Sim, vocês se conhecem? - Pergunto.

- Claro, ele está na minha turma. - Diz. Será que ele também conhece a Yeji? Eu precisava de mais informações sobre o relacionamento deles.

- E aquela garota com ele? - Pergunto.

- A Yeji? Eles namoravam. - Ele diz.

- Por quanto tempo? - Digo como quem não quer nada.

- Um ano, eu acho. Mas já terminaram há muito
tempo, quando ela foi terminar a faculdade em
Londres. - Diz e dá um gole na sua bebida.

- Entendi.

- Espera aí, você gosta dele, não gosta? - Pergunta com expressão maliciosa.

- Não! Eu só queria saber porque.... - Tento pensar em algo e desisto. Para que mentir? Eu já contei sobre o meu pai para esse desconhecido mesmo. - Eu gosto dele.

- E por que está aqui parado enquanto ele dança com a ex namorada? - Ele diz.

- Acho que eles ainda se gostam. - Eu suspiro.

- Você ouviu a parte que eu disse que eles
terminaram, certo? - Ele brinca.

- Eu vi o jeito que ele olhou para ela quando a viu, talvez ainda esteja apaixonado.

- Ou você só está sendo paranoico. - Ele diz e eu reviro os olhos.

- Não estou sendo paranóico. Olhe só para ele, está lá com ela. - Digo.

- Ele pode até estar com ela, mas não tira os olhos de você.

- E sério? - Pergunto surpresa e me viro
discretamente para conferir. Ele estava mesmo
olhando.

- Agora está vindo pra cá. - Ele diz e eu arregalo
os olhos. - Aja como se não estivéssemos falando dele esse tempo todo. - Eu rio e ajeito meu cabelo.

- E ai, gente. Vejo que vocês se conheceram. - Minho diz e se senta na poltrona em nossa
frente.

- Quase. Ainda não sei seu nome. - Ele me diz e
eu me dou conta que durante esse período que
conversamos eu não disse meu nome.

- Han Jisumg, Han. - Digo. Prefiro me chamem de Han, Han Jisung soa muito formal. - E você?

- Song Kang, Kang. - Ele diz imitando o que eu disse e me estende a mão. Eu rio da sua atuação.

- Não acredito que ficamos conversando e não nos apresentamos. - Eu digo.

- Acho que a conversa estava mesmo muito boa. - Minho comenta.

- É, estava. Agora eu tenho que ir. - Lamar diz e se levanta. - Foi um prazer te conhecer, Han. Pense em que nós conversamos. - Ele pisca e sai.

- Sobre o que vocês falaram? - Minho pergunta curioso.

- Sobre a minha vida, eu contei alguns problemas para ele. - Dou ombros.

- Compartilhou segredos com um estranho? - Ele diz com uma expressão nada feliz. Mas o que ele está dizendo? É isso que as pessoas fazem quando vão ao psicólogo.

- Kang não é um estranho, você conhece
ele. Além disso, ir ao psicólogo é compartilhar
segredos com um estranho. - Digo indignado com a sua revolta.

- Eu pensei que eu era o cara com que você
compartilhava segredos. - Ele diz e eu sinto uma pontada se ressentimento.

- Não quando os segredos são sobre você, Minho. - As palavras apenas saem antes que eu possa entender o significado delas.

- O que isso quer dizer? - Ele diz e se senta ao meu lado no sofá. E agora? Será que é finalmente o momento de contar a verdade?

- Era sobre isso que eu queria conversar com você ontem. - Digo.

- Tudo bem, pode falar. - Diz e eu suspiro. Coragem, Ji.

- Sobre o beijo... - Eu começo e ele assente para
que eu continue. - Eu sinto muito por ter demorado para te dar um explicação, eu sei que você merece uma. A verdade é que eu tive medo d...

Paro de falar assim que Yeji chega cambaleando em nossa direção e se joga no sofá em frente ao nosso. 

- Eu não estou me sentimento bem. - Ela diz com as palavras emboladas, como alguém que bebeu muito.

- Eu disse para você não beber tanto. - Minho
a repreende e ela resmunga algo que eu não
entendo.

- Talvez você devesse levar ela para casa. - Eu digo baixinho para que só ele escute.

- Mas e você? - Ele diz preocupado. Bom, eu vou
continuar aqui sozinho porque os meus amigos me abandonaram e eu não conheço ninguém.

- Eu vou ficar bem, logo também vou embora. -
Minto e forço um sorriso pois ele não parece muito convencido. - É sério, Minho.

Ele hesita e olha para Yeji. O estado dela
realmente estava deplorável e o melhor a se fazer era levá-la embora.

- Tudo bem, mas qualquer coisa me liga. - Ele toca a minha mão. - Até mais, Ji. - Beija a minha testa em um gesto muito protetor.

Ele se levanta e conduz a Yeji até a saída, que tropeçava a cada três passos. Na porta, Minho se vira e me olha pela última vez naquela noite.

- Até mais, Min. - Eu sussurro.

The Proposal | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora