Capítulo 36

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Desde o casamento eu troquei apenas algumas mensagens com a minha mãe e ainda não contei que terminei meu "namoro". Na verdade, eu não sei mais o que dizer para ela, mesmo que seja muito mais fácil mentir por mensagem. Ela anda me enchendo porque eu não mudei meu status no facebook para "relacionamento sério". Não consigo nem descrever o quanto isso é ridículo.

Quanto o meu irmão, a última vez em que nos
falamos foi durante a sua lua-de-mel. Eu também não contei nenhum dos meus conflitos amorosos para ele. Prefiro guardar para mim até resolver o que vou fazer, ou até que ele venha me visitar.

Algo muito bom aconteceu ontem. Eu estava
saindo do elevador e encontrei com o Changbin
levando algumas caixas para o carro, ele estava mesmo se mudando. É um grande alívio saber que não o verei mais. Todos os dias eu saia do meu apartamento com receio de trombar com ele pelo prédio.

Eu queria poder contar essa notícia para o
Minho, mas tenho o evitado a semana toda,
não o vejo desde a festa. Sinto falta de conversar com ele, de ser seu amigo. Toda essa história de declaração nos afastou e eu não sei o que fazer.

Agora eu estava saindo da monitora e pensei em passar na cafeteria. Ela já deve estar fechando mas eu estou morrendo de fome, minha maçã no almoço não foi suficiente.

Parada em frente a cafeteria, olho pela janela e vejo que Minho está ali, acompanhado. Hesito
em entrar. Será que era uma boa ideia? Talvez eu simplesmente devesse dar meia volta e ir embora.

Quando estou pronta para dar as costas, Yeji
se levanta e ele também. Eles ficam parados se
encarando como se tivessem algo a mais para
falar. Eu observo tudo intrigado, algo me diz que eu não vou querer assistir o que vem em seguida mas eu não me movo. Ele segura a mão dela, que se aproxima e o beija.

Atordoado, eu dou um passo para trás e desvio o olhar. Preciso ir embora. Preciso ir embora. Minha consciência repete mas eu estava muito perplexa para me mexer. A culpa é minha, eu o deixei ir. Minho me deu todos os sinais e eu fui burro o suficiente para ignora-los. Eu mereço isso.

Meus olhos estão ardendo e lágrimas começam a escorrer quando eles se separaram e eu percebo que ainda estou parado assistindo a esse show de horrores. Porém, antes que eu saia, o olhar de Minho me encontra e eu me desespero e saio correndo. Muito maduro, eu sei.

Corro o mais rápido que posso e só descanso
quando entro no ônibus. Não acredito em que
acabei de ver, eu sabia que eles ainda tinham
sentimentos um pelo outro, era só uma questão de tempo para Minho me esquecer e voltar para ela.

Meu sinto péssimo. Nunca achei que pudesse me sentir tão mal quanto estou me sentindo agora.

Nesse momento, estou grato por nunca ter me
apaixonado e ter tido a oportunidade de partir meu coração antes.

Algumas pessoas no ônibus começam a me
encarar pois ainda estou chorando, de uma forma nada discreta. Mas estou triste demais para me importar com o que esses desconhecidos devem estar pensando sobre mim.

Eu finalmente chego no meu apartamento e,
depois de chorar o suficiente no caminho, já estou relativamente melhor.

- Ji! Que bom que chegou, por que não atendeu o celular? - Seung diz assim que eu entro. Ele e Chan estavam sentados no sofá como se estivessem me aguardando.

- Minha bateria acabou. O que aconteceu? -
Pergunto preocupado. Eles se entreolham e Seung se levanta.

- Primeiro eu preciso que fique calmo, senta
aqui. - Seung aponta para o sofá e eu me sento
apreensivo. O que era tão importante para eu
precisar me acalmar?

- Você está me deixando nervoso, Min. Diga
logo. - Eu peço.

- Sua mãe me ligou, disse que você não estava
atendendo o celular. - Ele suspira e eu balanço a cabeça para que continue falando. - Ela me disse que seu pai entrou em coma alcoólico hoje de manhã e foi internado...

Meu coração acelera. Coma alcoólico?

- Meu Deus! Como ele está? Eu tenho que ir
visitá-lo log....

- Não, Ji. - Seung me interrompe. - Ele faleceu.

Eu não sei se é porque eu já chorei muito hoje, ou talvez seja o choque da notícia, mas não derramei nenhuma lágrima. A única coisa que senti foi uma dor enorme no peito e culpa. Como ele pode ter morrido sem que eu o tenho perdoado? Eu não posso ter deixado meu pai ir embora com esse sentimento de ódio ainda em mim. Não era para ser assim.

- Vai ficar tudo bem, Ji. Estamos aqui com você. - Min me abraça e Chan se junta a ele.

"Felix", minha consciência me lembra. Ele deve estar muito mal, precisa do meu apoio.

- Ela te disse quando seria o velório? - Murmuro.

- Amanhã, oito horas. - Eu suspiro.

- Eu preciso pegar um ônibus hoje. - Digo.

- Eu posso te levar, Ji. - Chan oferece.

- Sim, e eu te acompanho. Vou ligar para o trabalho e dizer que não vou à palestra amanhã. - Seungmin diz já pegando o celular e eu nego.

- Não quero que perca essa palestra, Seung. Você estava tão empolgado. - Eu digo.

- Eu não vou te deixar sozinho. - Ela diz.

- Eu vou ficar bem, preciso de um tempo sozinho. - Eu digo.

- Eu não sei... - Ele diz.

- Não se preocupe, Min. É sério.

- Tudo bem, mas qualquer coisa me liga e eu vou correndo, ok? - Ela diz.

- Ok. - Respondo e a abraço.

Rapidamente coloco algumas coisas que vou
precisar em uma mochila e tomo um banho. Esse dia parace não ter fim.

Chan me leva até a rodoviária e, por sorte, consigo uma passagem de última hora.

- Nós dê notícias quando chegar lá. - Seung diz.

- Eu prometo. - Abraço os dois.

Entro no ônibus e encontro meu assento. Tomei um remédio para me dar sono, preciso dormir algumas horas para não parecer tão acabado quando chegar na minha cidade.
 

The Proposal | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora