Rosé

107 15 0
                                    

Eu sempre achei que minha personalidade impulsiva, por vezes me colocava em situações imprevisíveis, mas dessa vez se superou

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu sempre achei que minha personalidade impulsiva, por vezes me colocava em situações imprevisíveis, mas dessa vez se superou.

Consigo o emprego almejado, na cidade dos sonhos, até aí tudo bem. Agora, meu chefe, ser coincidentemente o cara que me abandonou num quarto de hotel chique, há dois anos, é sacanagem.

Confesso que menti para minha amiga no passado, fiquei chateada por muito tempo, pensando o que aconteceu para que Jimin tivesse ido embora sem se despedir? Eu fiz algo errado? Todas as transas daquela noite
foram ruins e ele tava fingindo? Homens podem fingir?

Não sei, foram tantas perguntas e no final cheguei a conclusão que ele era só um babaca, conseguiu o sexo e foi embora. Porém, agora o idiota é meu chefe. Como vou olhar para ele sabendo que já esteve entre minhas pernas? Meu Deus quero morrer!

Com uma atitude madura, corro desesperada para o banheiro e mando mensagem para minha loirinha, ela vai saber o que dizer nessa situação. Não demora para que simplesmente responda: FODEU. O destino
te ODEIA! E mais figurinhas de risada. Sério? Vou matar essa garota quando chegar em casa.

Já que não posso contar com palavras de apoio da minha melhor amiga, a atitude mais sensata, é agir naturalmente. Como adultos que somos, sei que não deixaremos que algo casual atrapalhe a empresa ou o andamento dos projetos. Vou adotar uma postura profissional diante dessa situação.

Eu não consegui. Duas semanas na empresa, corro do meu chefe como o diabo corre da cruz. Nas reuniões coletivas, escolho a cadeira mais longe possível da sua visão.

Todas minhas contribuições são passadas para Lisa e raramente ele me questiona algo.

Pelos corredores, sempre que vejo ele se aproximar, escolho uma rota que não cruze seu caminho. Raramente desce para o oitavo andar, graças ao meu bom pai. Não sou religiosa, porém venho cogitando adotar
uma religião.

Pedir que me afastem da tentação de ternos caros e chiques. Infelizmente, o desgraçado é bonito, tipo bonito mesmo. Os cabelos sempre perfeitamente alinhados, as gravatas de cores diversas combinando com os acessórios que usa. Os sapatos de grifes e a postura rígida.

É perceptível que Jimin mudou nos últimos anos. Quando o conheci, seu semblante era mais descontraído, sua voz divertida. Todavia, nas reuniões não esboça um sorriso, está sempre sério e compenetrado. Não
se mistura com os funcionários, chega muito cedo e sai tardiamente. Não que eu esteja vigiando, nada disso, mas escutei alguns burburinhos.

Entre eles, que Penélope, sua secretária, nutre sentimentos pelo presidente. E que nunca saiu com ninguém do trabalho, nos eventos da alta sociedade vai acompanhado por supermodelos, contudo no outro dia as
dispensa.

Meu chefe parece ter um modus operandi, não que eu seja uma modelo, longe disso, com minha altura não conseguiria um trabalho.

Apesar das fofocas que edificam, hoje foi um dia exaustivo, debrucei-me sobre um projeto difícil que estamos fazendo. Todos já foram
embora, porém permaneço aqui. O setor possui um laboratório analógico que estava desativado. Consegui que fosse reaberto para que eu o usasse e aqui estou.

Sou uma fotógrafa à moda antiga, alguns registros preciso revelar nesse espaço. Isso colabora no meu processo criativo e elaboro colagens, entre outros. Tudo artesanalmente, depois disso, crio os conceitos digitais.

Após terminar tudo que planejei, fecho a sala e busco minhas coisas no setor. Vejo no meu celular que já são nove e meia da noite.

Realmente perdi noção do tempo. Saio com minha mochila e ecobag cheia de recortes que pretendo fazer.

Estou digitando no celular, quando o elevador abre. Entro no espaço conversando com Jennie, para avisar que irei me atrasar. Distraída, não me dou conta de que há mais alguém no espaço, até que fale comigo.

– Dessa vez não fugiu de mim, senhorita Park. – A voz grave e inconfundível de Jimin, faz eu erguer a cabeça lentamente.

Seu semblante é de pura diversão com os braços cruzados. Puta que pariu, ele sabia que eu estava evitando-o?

– Boa noite, senhor. Como está?

Finjo que nem ouvi sua pergunta, por dentro quero bater a cabeça na parede.

– Muito bem. Por que ficou até essa hora? Seu horário encerra às cinco. – Pontua com o cenho franzido. Ele faz muito isso.

– Ah, pois é, eu tenho um processo criativo demorado, sabe. Uso material analógico, recorto, colo, faço cartazes, enfim. Como não quero atrapalhar a equipe faço isso após o horário, aí durante o dia uso a técnica digital, nem me dei conta da hora, não peguei celular hoje, mas tenho que chegar no metrô e …. – Paro, pois desandei a falar nervosa e gesticulando com as mãos.

Jimin arqueia a sobrancelha e sorri. Cara ele sorriu, alguém me traga um prêmio por isso.

– Percebo que quando nervosa, você tagarela. – Mordo a bochecha, para controlar minha língua solta. 

Ele se vira para frente e nada digo. O som do elevador acaba com o silêncio desconfortável. Apresso-me a sair do
espaço sufocante.

– Boa noite, senhor, até amanhã! - Digo caminhando apressada. Me despeço do vigilante noturno e do recepcionista. Quando coloco o pé na calçada, alguém agarra meu braço. Sobressalto, já me preparo para gritar e lançar minha ecobag em que ousa, quando sinto o cheiro dele.

– Calma, mulher! Vem comigo. – Jimin diz me arrastando para uma SUV preta.

– Quê? Para onde?

Questiono, atordoada. O maldito tem esse efeito em mim.

– Para sua casa, iremos levar você! – Ordena e abre a porta de trás do carro. Encaro-o e a minha vez de franzir a testa. – Entre no carro, senhorita Park! – Quero responder com atrevimento, mas também não quero confusão.

Resignada, adentro o espaço, logo a outra porta se abre e ele senta ao meu lado.

– Podemos ir Namjoon, primeiro levaremos a moça para casa. – No banco da frente há um homem, possivelmente seu motorista. Ele é forte, com cabelos pretos, olhos escuros, tatuagens no pescoço. Usa um conjunto
social preto e posso afirmar que ele já foi militar por sua postura. O homem é bem alto e bonito. – Pare de encará-lo e diga seu endereço para podermos ir logo! – Aceno para meu chefe envergonhada. Jimin me observava e seu jeito é de quem está entediado com minha presença.

– Boa noite, Namjoon! Eu sou a Roseane. – Ele cumprimenta-me com acenar de cabeça. – Esse é meu endereço. – Mostro para ele a tela do meu telefone, ele agradece e se vira nos conduzindo para o lugar.

Toda a viagem é extremamente desconfortável. Meu chefe não sai do celular, eu cutuco minhas unhas à medida que observo a cidade pela janela. Nova York é linda a noite, os prédios, as ruas, a passagem. Um suspiro escapa pelos meus lábios, apesar da situação constrangedora que me encontro, realizei meu sonho, eu consegui chegar até aqui.

O trajeto não é tão longo, porém acordei cedo e minhas pálpebras não estão obedecendo ao comando de ficarem abertas. Minha cabeça tomba no banco e já não luto mais contra a exaustão. Adormeço.

Almas Gêmeas - JIROSEOnde histórias criam vida. Descubra agora