Rosé

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Desde que Jimin se despediu e deitei na minha cama, estou observando o teto do quarto

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Desde que Jimin se despediu e deitei na minha cama, estou observando o teto do quarto. Com sorte, Jennie e Austin não me viram chegar. Me tranquei no cômodo e não paro de pensar na dor que ele sentiu.

Eu sei o que é perder a mãe. Eu reconheço a dor da culpa, me sinto culpada por sobreviver. Jimin por não estar com ela, por não poder se despedir. Tudo isso, abriu um buraco no meu coração que estava enterrado.

Há anos que enchi de mentiras. Nunca aceitei a morte da minha família. Nunca aceitei ter deixado meu lar. Nunca aceitei não ter morrido com eles. Tentei me enganar, dizendo para mim mesma que eu estava bem. No entanto, não estou.

Não consigo manter relacionamentos. Afastei todas as pessoas da minha vida, exceto Jennie. Eu tentei me livrar da loirinha, porém ela sempre foi insistente. Não tenho coragem de gastar o dinheiro que eles deixaram
para mim, nem mesmo vender a casa que tínhamos. Sou uma covarde e sei disso. No entanto, se me desfazer de suas coisas, confirmarei que nunca mais os verei na minha vida.

Eles partiram quando eu era pequena. A lembrança do velório e do enterro são nubladas para mim. Nunca mais voltei para minha casa, nunca mais os visitei em seus túmulos. Finjo que eles permanecem em
Miami, nas suas belas férias. Finjo que a estádia no orfanato era como se fosse esses internatos lindos que vemos nas séries de televisão. Finjo que quando cheguei na Faculdade, eles estavam orgulhosos de mim e que em breve nos encontraríamos.

Fingimentos, mais fingimentos. Tudo para não acreditar que sim, eu estou sozinha.
Entretanto, ouvir o que Jimin passou, trouxe todos os sentimentos enclausurados de volta e não sei como agir. Não sei mais como fingir.

Viro e reviro na cama, olho para a porta e estou tentada a chamar minha amiga para conversar. Estou sentindo uma angústia inexplicável, como se estivesse me afogando na própria dor. A última vez que isso aconteceu, o abraço de Jimin me salvou. Porém, nada faço, desisto da ideia. Chega de atrapalhar a vida da Jennie.

Resignada, decido tentar dormir, pois amanhã será um novo recomeço. Vou morar sozinha pela primeira vez na vida. Sozinha no sentido de não dividir a moradia com ninguém. E isso me entristece.

Por anos eu me sentia apenas uma pequena partícula no mundo, Jennie trouxe alegria para minha vida. Foram anos dividindo espaço no dormitório e mais esses meses aqui. A loira persistiu na nossa amizade sou grata por isso, sem ela eu não saberia que o amor verdadeiro ainda existe. Agora ela seguirá sua vida e eu preciso encontrar um sentido para a minha.

A noite anterior foi uma avalanche emocional, dormi por duas horas e acordei cedo para minha mudança. Todas as caixas e malas estão no meu quarto, prontas para serem transportadas. Entrei em contato com o Senhorio do novo apartamento e ele me recomendou um rapaz para transportar essas coisas. Em breve ele irá chegar.

Estou terminando de me vestir, quando escuto a campainha tocar. Pelo jeito Jennie é quem atende, pois escuto seu grito. Coloco meus tênis e prendo meus longos e pesados cabelos. São nesses momentos que sinto
vontade de cortá-los.

Almas Gêmeas - JIROSEOnde histórias criam vida. Descubra agora