Beijo Rosé com toda intensidade do que sinto por ela. Há dias que venho afirmando para mim mesmo que sua presença é mera
coincidência, que seu cheiro não me abala, que sua personalidade não me surpreende. Porém, após sua revelação e esse beijo que enlaça nossas línguas em uma promessa silenciosa, não sei se poderei me afastar.Puxo-a para meu colo e ao segurar sua nuca, trago-a para mais perto de mim. Ela não me afasta, não pede para que eu pare. Desço minha mão até sua coxa exposta, ela geme na minha boca. Sei que deveríamos cessar o beijo e conversar sobre as revelações desta noite, mas não consigo.
A loira no meu colo, suspira e recua brevemente, ao encostar sua testa na minha. Minha mão acaricia suas costas e permanecemos alguns instantes assim, parados. Na tentativa de tentar compreender a intensidade que nos arrebata toda vez.
- Jimin! - Sua voz doce me chama. - Me conta o que aconteceu aquele dia. - Pede e eu respiro. A noite que passamos juntos, foi uma das melhores da minha vida, contudo na manhã seguinte se tornou um tormento.
- Eu quero que você escute com calma tudo que irei te contar, está bem? - Ela acena em concordância. - Nossa noite foi... foi sublime. Nunca havia me sentido tão bem ao lado de uma mulher. Eu deixei meu celular no modo silencioso, não queria que ninguém nos atrapalhasse. Sempre que saía para alguma festa ou passava à noite fora, meu pai me
ligava. Ele tem essa mania de controle. - Comento e ela permanece atenta em cada palavra que sai da minha boca. - Naquela madrugada, enquanto estamos nus abraçados na cama, recebi várias ligações e mensagens. Pela manhã, olhei para o lado e la estava você. - Coloco uma mecha do seu cabelo, atrás da orelha e acaricio sua face. - Você estava tão linda, com seus cabelos esparramados pelos lençóis. Eu estava pronto para te acordar. Então, quando peguei meu celular para ver a hora, vi as notificações, uma delas me chamou a atenção. Era minha mãe. - Meu coração acelera, não é fácil contar algo que me culpo há dois anos. - Estranhei, mamãe nunca fez isso. Sempre dizia que tinha que viver minha juventude. Quando liguei de volta, ela não atendeu. Me
levantei, vesti minha roupa e liguei para meu pai. - Desvio o olhar, sua íris escura me deixa nervoso. - Ele pediu que eu fosse correndo para o hospital, minha mãe teve uma parada cardíaca. - Rosé leva a mão à boca,
incrédula pelo que conto.- Meu Deus! Sinto muito por isso. - Ela fala, ao me abraçar forte.
- Minha mãe morreu, Rosé. Ela morreu e não tive tempo de me despedir dela. - A pequena me encara novamente, seu peito sobe e desce. - Não tinha o que ser feito, ela tinha uma deficiência cardíaca, que nunca
havia descoberto nos exames anuais. Estava dormindo quando aconteceu. Antes de sair do hotel, eu deixei um bilhete pedindo que você me ligasse. Contei que estava indo até o hospital, que queria me despedir de você, antes que voltasse para sua cidade. Você nunca me procurou e eu nutri raiva por
você, por ignorar meu pedido. Eu me culpo por não chegar a tempo - Concluo com uma sensação esmagadora no peito.- Jimin, eu juro! Nunca recebi nenhum bilhete, a recepcionista disse que você tinha ido e não tinha falado nada. Eu me senti descartável, jamais teria voltado para Portland se soubesse. Eu estaria lá com você. Por favor, me perdoe. - Sua voz soa desesperada, ao me abraçar.
Com o nariz no seu pescoço, inalo seu cheiro que me acalma. O coração da pequena
encrenca está batendo muito forte.- Rosé, me olhe por favor! - Peço e ela me atende. - Não é sua culpa! Eu desejei apagar aquela noite e não ter conhecido você, não posso mentir. Mas, agora eu sei que tudo teve um motivo. - Pego seu rosto com as minhas mãos, seus olhos brilham com lágrimas não derramadas, todavia se contém para não deixar suas emoções transbordarem. - Eu tinha que ter ficado com você, você tinha que trabalhar na minha empresa. A recepcionista armou para nós e não sei o motivo, porém eu irei descobrir. Por hora, vamos deixar o passado para trás e viver o presente. Minha mãe sempre me disse para viver a vida intensamente e sem arrependimentos. Confesso que esqueci de suas palavras, você me fez lembrar do quanto tenho sido um idiota. - Ela ri com que digo.
- Eu queria bater em você, sabia? Agora eu entendo sua indiferença. Vamos parar de fugir um do outro, pode ser? - Aceno em
concordância. E beijo seu nariz. - Já chegamos no meu prédio. - Ela diz quando o carro desliga.- Tudo bem. Tenha um bom descanso, pequena. Não me evite mais na empresa, ok? - Peço, roçando meus lábios no seu.
- Não vou fugir, mas lá temos que nos comportar, está bem? Seus braços estão enlaçados no meu pescoço e seu sorriso me deixa quase sem falas.
- Ok. Aceito isso, somente se beijar antes de sair. - Peço e ela se curva para me responder.
- Claro, tudo que meu chefinho pedir. - Provoca e eu a beijo novamente. Seu sabor é doce, seu corpo sob o meu é quente.
Sei que estamos num caminho perigoso, sei que há chances de nos magoarmos. No entanto, não posso e não quero me afastar. Agora que resolvemos nossos desentendimentos, Rosé será minha e se assim ela quiser, eu serei dela também.