Nessa tarde organizei tudo para que eu e Rosé fossemos para a mansão que projetei alguns anos atrás, quando ainda sonhava em ter uma família. Minha falecida mãe, ajudou com alguns detalhes que ela dizia ser essencial para crianças. A casa fica no condomínio fechado, onde vários ricos e celebridades moram. É uma região tranquila de Nova York e longe das ruas caóticas.Quando fui convidado pela revista a conceder uma matéria, ia apenas fazer fotos em estúdios e nada mais. Porém, vi essa situação como uma oportunidade de ficar um tempo com ela. Posso ser chamado de estúpido, a mulher pisou no meu coração e cá estou eu buscando motivos para ter sua atenção.
Disperso os pensamentos, estou impaciente, já no carro com Namjoon aguardando-a. Estou prestes a ligar para Lalisa, quando vejo a mulher apressada passar pelas portas principais.
A pequena encrenca carrega sua mochila, uma sacola com cartazes e a bolsa com sua câmera. O pouco que analisei, esse é o item que ela mais estima. Rosé usa um vestido azul-claro, soltinho. E como é bonita, por
vezes me vejo sem ar ao contemplá-la.- Boa tarde, chefe! - Rosé fala, adentrando o veículo, um tanto eufórica. - Desculpa a demora, mas tive algumas ideias no almoço, fui para o estúdio e perdi a noção da hora. - Como sempre, suas palavras saem atropeladas, quando está nervosa. - Tudo bem, Joon como está?
Do que ela o chamou?
- Quem é Joon? - Questiono com a sobrancelha arqueada.
- Ele. - Responde sucinta, apontando para meu motorista. Olho para ele que está se divertindo com a situação. - Eu dou apelidos para as pessoas, assim é mais fácil de gravar. Você não se importa né, Namjoon?
- Claro que não, somos amigos Roseane.
- Amigos, desde quando?
Vou ter uma conversinha com esse abusado.
- Sim e lembra que falei pode me chamar de Rosé. Ah, senhor Park, preparei um conceito bem legal. Acho que vai gostar. - Ela me fita
com seus olhos que me desnorteiam. Ofego, sem conseguir romper o contato. Namjoon pigarreia e vejo que observa a situação, achando graça na forma que fico perto dela.- Sem problemas, senhorita Park. Você pode me explicar ao longo do caminho?
- Sim. Olha esses modelos que separei. - Fico
atento nas suas palavras. Rosé é uma profissional extremamente dedicada. Quando faz algo ela mergulha de cabeça, fico admirado com sua dedicação e seduzido
por saber mais sobre ela.É tão irracional ser encantado por uma pessoa que você mal conhece. Nas poucas horas que passamos juntos naquela noite, a mulher despertou em mim um lado que nem mesmo conhecia. Seu toque, seu cheiro, seu corpo, cada detalhe vivido, ficaram registrados na minha memória.
Nunca mais usei aquele quarto, foi a primeira e última vez que levei alguém até lá. Aquele quarto era usado apenas para que eu pudesse descansar longe das cobranças que meu pai fazia na época. Me pressionava
a assumir os negócios e eu era relutante. Meu desejo era fazer algo por minha conta.Projetar casas para famílias, não queria ficar preso a prédios, eventos, relações comerciais e tudo que envolve minha vida hoje.
No entanto, fiz o que minha família precisava. Depois de Rosé, não fui mais para lá e não penso em repetir a experiência, porque apesar de ter sido um lance casual, foi algo avassalador.
Não conseguiria levar outra pessoa para o cômodo que guarda as lembranças do que vivemos. Por mais que tenha sido breve, continuo preso naquela noite.