Capítulo 40

198 67 33
                                    

Letícia

Meses depois...

Foram longos dias de recuperação, alguns bons, outros nem tanto, mas depois de dois meses eu estava bem, me assustei quando Jeferson me mostrou o estado que a moto ficou era um verdadeiro milagre eu ter saído viva.

Se minha avó estivesse aqui falaria que não chegou minha hora, que eu ainda tenho muito para viver e aprender.

Suspiro virando na enorme cama de Matheus.

Desde que eu saí do hospital vim para cá, ele não permitiu que eu fosse para outro lugar, no início estava maravilhoso, mas de uma semana para cá Matheus está estranho, mais ausente, sempre trabalhando. Fechei meus olhos tentando espantar aquela maldita insegurança, mas se torna impossível quando levanto para ir ao banheiro e encaro meu reflexo no espelho.

Por mais que eu esteja bem, às vezes eu sinto fortes dores de cabeça, o médico disse que elas vão me acompanhar por um tempo, não voltei a trabalhar e isso fez com que meu peso aumentasse, sequei o rosto impedindo a lágrima escorrer.

Às vezes me pergunto o que Matheus viu em mim?

- Não vou deixar isso voltar, não vou deixar isso voltar. - Repeti olhando meu reflexo no espelho.

Meu celular tocou, sai rápido pois pelo toque eu sabia que era Jeferson.

- Te acordei? - Perguntou assim que atendi.

Meu amigo segue morando com Igor, conseguiu metade dos seus alunos de volta e alguns novos, saber que ele não se prejudicou com que Fernanda fez me deixa feliz.

- Não, acordei cedo.

- Que voz é essa diva?

- Dor de cabeça. - Minto.

- Letícia? - Sorrio triste pois ele me conhece.

- Está tudo tão estranho. - Sussurrei. - Eu não queria deixar essa sensação voltar.

- Aconteceu algo entre você e Matheus?

- A questão é que não aconteceu bi. - Suspirei. - E isso está me deixando totalmente insegura, pode brigar me chamar de louca e paranóica, mas eu tô gorda, feia, volta e meia esse inferno de dor, quero voltar a trabalhar e não sei como, Matheus fica do lado de uma mulher gostosa pra caralho o dia todo, cheio de aluna, e tô eu chorando mais uma vez. - Resmunguei ouvindo a respiração do meu amigo.

- Você confia nele?

- Sim.

- Então?

- Tô te falando, eu tô ficando maluca.

- Letícia você está grávida? - Me assustei.

- Não. Seria impossível, não fizemos nada desde o acidente.

- Tem certeza?

- Absoluta. Diz que eu tô doida?

- Sim, está. Estou atendendo meus alunos no mesmo lugar que Matheus e nunca vi nada de anormal. E quanto a Meirele.

- A dona gostosa. - Pela respiração sei que Jeferson revirou os olhos.

Ouço a porta do quarto abrir, levanto o olhar e encontro Helena me observando com um sorriso.

- Te ligo depois. - Desliguei antes que Jeferson consiga falar algo.

- Bom dia filha.

- Bom dia. - Respondi vendo ela caminhar na minha direção.

Ligados pelo acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora