Ligados pelo acaso

Capítulo 15

Letícia

Tentei controlar minha respiração o máximo que pude enquanto caminhava rápido, preciso de ar, estou me sentindo sufocada.

- Lê? Está tudo bem? - Pati perguntou quando atravessei a porta de saída que já estava aberta por conta do horário.

- Sim, só estou cansada. - Tentei sorrir, mas por dentro eu tremia com a possibilidade de Matheus aparecer outra vez. - Boa noite Pati.

- Até segunda Lê, bom descanso. - Ela sorriu e eu segui procurando a chave da minha moto.

Desde que comecei a trabalhar senti Matheus me observando, procurei ignorar e estava conseguindo por mais difícil que seja, há algo nele que chama minha atenção, não consigo explicar.

Milena e Michele são encantadoras como o pai, se fosse em outras circunstâncias poderíamos ser amigas. Subi na moto e coloquei o capacete, minhas mãos estavam tremendo e me pergunto se eu vou conseguir chegar em casa.

Controlei minha respiração enquanto lembro das crianças que eu dou aula, estar com eles na piscina é maravilhoso, o sorriso, o jeitinho de me olhar, meu coração acalma as batidas e finalmente consigo seguir para casa.

Me assustei quando entrei e vi Igor deitado no sofá assistindo filme, Jeferson estava dando aula, sai tão nervosa que nem falei com ele, e tenho certeza que ele não me viu.

- O que aconteceu? - Igor sentou rapidamente, joguei minha mochila no chão e corri até ele chorando.

Enquanto meu amigo ajeitou seu corpo, eu deitei com a cabeça sobre suas pernas enquanto encolhia meu corpo no sofá.

- Lê, quer conversar? - Neguei e ele suspirou mexendo em meus cabelos.

Igor abaixou e beijou meus cabelos, fechei meus olhos e fiquei ouvindo o barulho da televisão, quando Jeferson nos apresentou, ele sugeriu que eu fizesse algum tipo de terapia, mas eu não aceitei, me sinto mais a vontade para conversar com eles dois do que com um estranho. Lembro de quando questionei Igor o fato de não me sentir atraída por nenhum homem, esse medo surgiu quando Maurício tentou se aproximar por mais gentil que fosse, eu não senti nada então meu amigo me explicou e me acalmou, como seus carinhos estão me acalmando nesse exato momento.

- Matheus tentou se aproximar.

- Você conversou com ele? - Neguei enquanto sentava.

- Eu não posso fazer isso. - Sussurro e ele coloca sua mão sobre a minha.

- Algo aconteceu porque você entrou aqui branca. - Contei e ele como foi meu pequeno encontro.

- Ao mesmo tempo que o medo me dominava algo me dizia que ele não iria me fazer mal. - Sussurrei chorando. - Mas eu não posso, não posso sujar a vida dele com o meu passado, Matheus tem duas filhas lindas, um nome a zelar.

Igor seca minhas lágrimas devagar.

- Lê, hoje você está livre. - Suspirei.

- Livre, mas eu o matei. - Um nó se forma em minha garganta.

- Você mandou um mostro para o inferno, tenho certeza que você ajudou mais mulheres com esse ato. - Igor segurou minhas mãos.

- Um dia essa sensação vai passar? - Ele concorda com um sorriso.

- Claro que vai, você não está sozinha. - Sorri. - Mas precisa ter consciência que Matheus hoje faz parte do seu dia a dia, e como vai ser? Eu duvido que ele vá se afastar.

- Eu vou me manter afastada. Para o bem de todo mundo. - Abracei meu amigo. - Obrigada por me ouvir.

- Estarei sempre aqui. - Me afastei e ele ajeitou alguns fios do meu cabelo que estavam soltos. - Só quero ver o que você vai fazer para fugir do aniversário de Michele, tenho certeza que ela te convidou.